terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A KLM não quer a redução de 500.000 para 480.000 voos no Schipol

 

https://www.publico.pt/2024/12/09/fugas/noticia/amesterdao-corta-voos-reduzir-poluicao-sonora-incompreensivel-klm-2115043

Bem, se a KLM não compreende, terá de se lhe explicar. 500.000 voos por ano são 1500 por dia, o que dá à volta de 1 minuto entre descolagens ou aterragens, coisa para 73 dB com aviões ruidosos e 70 dB com aviões silenciosos como eles dizem. Nas minhas coisas, um intervalo de 1,5 minutos entre comboios já era um limite que não devia ultrapassar-se (o mínimo dos mínimos em metros é 80 segundos). Claro que janelas duplas e obturadores para os ouvidos ajudam, mas ninguém devia ser obrigado a usá-los. A Holanda é pequenina, não há muito espaço para realojar habitantes, embora possam sempre ir comendo terreno ao mar do Norte, por mim nada a objetar, começando por ligar por terra as ilhas Terschelling ao continente.  Seria interessante saber-se qual o fundamento jurídico invocado para recusar a redução (talvez seja a velha história da concorrência que assim não há slots que cheguem para quem quer desenvolver o seu negócio) . Devemos respeitar os monstros sagrados da ciencia económica, Smith, Ricardo, Malthus, Say, que já diziam que deve haver responsabilidade social. Isto é, explorar livremente uma atividade comercial é saudável, mas só até ao limite da sobreexploração. Diriam os monstros sagrados, a liberdade da companhia aérea termina onde começa a liberdade dos habitantes. Isto para não falar na insustentabilidade devida às alterações climáticas, por mais SAF (sustainable aviation fuel) que se utilize. Quanto aos aviões silenciosos, eles são tanto mais silenciosos quanto mais pequenos, logo colidem com o limite de voos para o mesmo volume de passageiros. Além de que viagens de menos de 1000 km é para ir de comboio, a KLM até já se meteu no negócio ... o terminal principal do Schipol tem uma estação de AV no subsolo. A malta do ponto a ponto não gosta, mas é assim ...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Parecer L Vermelha RECAPE SS-Alcântara Terra

 

 https://participa.pt/pt/consulta/prolongamento-da-linha-vermelha-entre-sao-sebastiao-e-alcantara-do-metropolitano-de-lisboa



Parecer L Vermelha RECAPE SS-Alcântara Terra       

         

                                                                                                 Lisboa, 3 de dezembro de 2024

 

 

Reconhece-se o rigor, o profissionalismo e a profundidade do trabalho deste  RECAPE e aprecia-se o facto de se terem desenvolvido alterações mitigando ligeiramente os impactos no Jardim da Parada e na muralha do Livramento. O facto do presente parecer constituir uma reclamação e uma discordância não põe em causa aquela afirmação porque no estabelecido nos procedimentos de AIA não são considerados como relevantes fatores técnicos associados à operação e à manutenção de metropolitanos. Assim, as críticas ao projeto, que segundo critérios da operação e da manutenção de metropolitanos seriam suficientes para reprovar o traçado escolhido, não contestam, como uma apreciação incompleta poderia sugerir, a competência técnica, nas respetivas especialidades, dos seus autores, lamentando-se que o excelente trabalho destes seja incompatível com aqueles critérios .

Não deixo ainda de comentar pela negativa a deficiente apresentação dos documentos, a maioria sem indicação que facilite a localização do documento procurado (por exemplo, plantas e cortes das estações). Igualmente a qualidade da reprodução dos desenhos deixa a desejar.

Também repito o comentário enviado sem seguimento  com a consulta do EIA, que os fatores considerados como relevantes no relatório da APA são-no sem dúvida, mas considerar irrelevantes fatores como os que derivam da experiência dos profissionais do metropolitano nas áreas de operação e manutenção, conduzirá a resultados globalmente incorretos do ponto de vista dos transportes na área metropolitana. São disto exemplos a inconformidade das curvas de raio 250 ou 300m por contribuírem para maior desgaste dos carris e dos rodados e para consumos adicionais de energia por maior atrito, e a inconformidade da deficiente ligação pedonal entre a estação proposta do metropolitano e a estação de Alcântara Mar da linha de Cascais em clara contradição com os objetivos do PROTAML ainda em vigor apesar de ser de 2002, quando determinava a correspondência da linha de Cascais em Alcântara Mar com o prolongamento da linha amarela, em vez de para Cais do Sodré. Recorda-se que a linha circular, integrada no plano de expansão do metro de 2009 do MOPTC também contraditório relativamente ao PROTAML, foi pretensamente justificada como facilitação da correspondência com os passageiros da linha de Cascais, isto é, não parece correto mandar construir a linha circular por decreto nem sequer publicado no DR para depois mandar construir a ligação da linha de Cascais à linha de cintura, sublinhando-se que pela complexidade técnica se trata dum investimento muito elevado que poderia evitar-se com o prolongamento da linha vermelha para Alcântara Mar em viaduto, em vez de para Alcântara Terra.

A razão fundamental que leva à construção de metropolitanos, apesar do elevado investimento, et pour cause, é a de permitir ligações seguras, rápidas e cómodas evitando, graças à profundidade da construção, a perturbação do tecido urbano à superfície. Não é pois aceitável, do ponto de vista da operação e da manutenção, um traçado com as curvas em planta com raios tão pequenos como o proposto. O recurso ao viaduto é um fator positivo reduzindo o desnível e o consumo energético, mas o não se ter estudado um traçado sob ou a norte da atual penitenciária (que será convertida em empreendimento imobiliário) que teria permitido reduzir os raios das curvas verticais constituiu um fator negativo (no princípio da década 2001-2010 existia no metropolitano/FERCONSULT um estudo de traçado a poente do reservatório das Amoreiras, o que justificaria a construção de um parque de estacionamento integrado no plano de reurbanização de Campo de Ourique/Norte para o TI vindo da A5).

A localização do viaduto pressupõe a futura ligação da linha de Cascais à linha de cintura e uma hipotética ligação a um serviço de superfície a Algés/Linda a Velha/Jamor  (receia-se que o distanciamento dos decisores camarários relativamente à totalidade das caraterísticas dos transportes de superfície em sítio próprio mas colidindo com outros tráfegos induza adiamentos indefinidos apesar do hábil marketing com que é referido o LIOS, considerando-se muito difícil ultrapassar a marca dos 11 km/h de velocidade comercial devido às interferências com outros modos de transporte).  Numa perspectiva abrangente a solução correta para a expansão da rede de metro seria ou a correspondência em viaduto com a linha de Cascais em Alcântara Mar, ou o prolongamento da linha vermelha do metro a Algés/Linda a Velha/Jamor.  O projeto em RECAPE não tem essa visão abrangente não tendo, em contradição com o afirmado na pág.188/379 do relatório do RECAPE, respeitado os instrumentos jurídicos de ordenamento do território, nomeadamente o PROTAML de 2002 (a deliberação de 2008 não pôde ser concretizada), colocando-se  na ilegalidade, pese embora a douta posição dos tribunais que não deram provimento às providencias cautelares apesar de reconhecerem o incumprimento no caso da linha circular e que apuseram os vistos necessários ao prosseguimento da obra desta em contradição com uma lei da AR. Destaque para o grave problema de operação da linha de cintura, já saturada,  quando se pensa descarregar parte substancial do tráfego da linha de Cascais através da referida ligação (notar que a linha de cintura no troço da ponte 25 de abril onde convergirá com a ligação a Cascais não é suscetível de quadruplicação como noutros troços). O prolongamento da linha vermelha a Alcântara Mar da linha de Cascais evitaria a complexa obra em terrenos de aterro na proximidade do caneiro de Alcântara, da ligação subterrânea da linha de Cascais à linha de cintura e construção duma nova estação da CP junto da Rua Fradesso da Silveira e abandono da estação de Alcântara Terra. As dificuldades encontradas nas obras do metro na av.24 de julho, incluindo a  danificação da subestação do Cais do Sodré da linha de Cascais são simples exemplo.

Esta inconformidade do projeto de prolongamento é, salvo melhor opinião jurídica, grave porque no relatório do RECAPE se repete (pág.188) queMantém-se a análise constante do EIA, estando o Projeto enquadrado nos objetivos do PROT-AML e no conceito de transportes definido neste plano para a Área Metropolitana de Lisboa”.  Discorda-se formalmente, apesar do parecer do senhor procurador que mandou arquivar o processo da providencia cautelar contra a construção da linha circular interpretando deficientemente a figura 11 na pág.83 da edição de abr2002 . Nesta figura o prolongamento da linha amarela do metro de Rato a Alcântara Mar é bem visível e o traço ponto correspondente ultrapassa o nó de Alcântara Mar. Este traçado foi desenhado no plano de expansão do metro de dez1974 para correspondencia com a linha de Cascais, aliviando o tráfego de passageiros  na estação de Cais do Sodré da linha de Cascais e acelerando a chegada dos passageiros ao centro administrativo Marquês-Campo Grande. Tendo sido incumprido o PROTAML com a construção da linha circular, o prolongamento da linha vermelha poderia substituir o prolongamento da linha amarela na função de correspondencia em Alcântara Mar com a linha de Cascais.

 Nas páginas 81 e 82 do PROTAML é acentuado o carater radial das linhas do metro, recomendando-se o recurso a modos complementares mais ligeiros para as ligações circulares, em clara oposição à forma da linha circular construida, e à construção de parques do tipo “park and ride” na periferia do município. Obviamente que a ligação Rato-Cais do Sodré contribui para a densificação das ligações na zona central de raio de 10km segundo a classificação das zonas  da figura 12 da página 84, mas nas páginas 80 e 81 referem-se as hipóteses de expansão do metro e nada consta sobre a linha circular do metro. Isto é, não posso considerar verdadeira a afirmação no RECAPE de ser cumprido o PROTAML, julgando que a insistencia em mantê-la poderá configurar uma grave ocultação à sociedade civil e uma intenção enganosa. Aliás, a argumentação utilizada no quadro de respostas na pág.225/379 do relatório do RECAPE , sendo verdadeira no que concerne à aprovação condicionada na DIA, omite a necessária discussão da relevância dos fatores invocados pelos cidadãos na consulta pública do EIA, obstaculizando assim o cumprimento do art.65.5 da CRP (direito à participação em assuntos públicos, com a agravante de muito do que foi pedido na consulta e não fornecido foi a disponibilização dos “estudos” que concluiram pela inviabilidade de corredores alternativos) e, por outro lado, ignora que antes da aprovação do projeto de execução é sempre possível corrigir os seus erros (que aliás derivam do incumprimento de outro artigo da CRP, como se verá no parágrafo seguinte), numa altura em que o governo já reconheceu que não é possível integrar este projeto no PRR. Por outras palavras, a inamobilidade duma DIA que ignora as contribuições dos cidadãos é um menosprezo pela sua formação técnica e experiência profissional e um convite à sua posterior abstenção nos processos de consulta.

A chamada de atenção para esta inconformidade  radica também em duas circunstâncias: i) decisões avulsas e distribuidas no tempo, desintegradas de um plano geral consistente (que o plano de expansão de 2009 do MOPTC que continha a linha circular não pode considerar-se como tal dada a quantidade de erros de projeto de redes que contem)  tornarão mais difícil as expansões futuras ; ii) será muito grave se o governo e a AR (que de acordo com o art.165.1.z da CRP detem a competencia exclusiva legislativa das bases do ordenamento do território) prescindirem da elaboração até julho de 2025 de um plano para a elaboração de um SUMP (sustainable urban mobility plan) para a área metropolitana de Lisboa segundo os requisitos do regulamento 2024/1679. Por outras palavras, a APA não deveria considerar-se solidamente fundada no plano de expansão de 2009, que não foi validado nos termos do art.165.1.z., para considerar como não atendíveis as propostas dos cidadãos no processo de consulta do EIA.

Dadas as incongruencias no planeamento dos transportes na AML, sugere-se o recurso a concurso público internacional dirigido a entidades com referências internacionais na especialidade ou, minimamente, ao método seguido no estudo da capacidade aeroportuária na AML com constituição duma CTI alargada ao meio universitário e a técnicos com experiência profissional na especialidade.

Verifica-se no RECAPE não ter sido dado seguimento às seguintes observações no parecer sobre o EIA com que participei na consulta pública, reiterando-se pelo anteriormente exposto que as propostas dos cidadãos são atendíveis:

- não divulgação dos estudos demonstrativos da inviabilidade ou menor desempenho de hipóteses alternativas como o prolongamento até Alcântara Mar em viaduto ou o traçado pela rua Ferreira Borges ou pelo lado poente do centro comercial das Amoreirras ou sob a Penitenciária

- não divulgada a demonstração da inviabilidade do aumento dos raios das curvas para reduzir desgaste dos carris e custos de manutenção, ou do rebaixamento das cotas nomeadamente da estação de Campo de Ourique

- não definidas as ligações mecânicas do tipo tapetes rolantes e funiculares entre a estação de Alcântara projetada e as estações da CP de Alvito e de Alcântara Mar da linha de Cascais, e não confirmada a sua inclusão no perímetro do investimento do prolongamento da linha vermelha, não tendo sido dado seguimento à medida 22 de minimização da DIA e 23 das condicionantes da comissão de avaliação

- não definidos os tempos de ligação do LIOS para eventual ligação a Algés/Linda a Velha/Jamor para comparação com os tempos do correspondente prolongamento da linha vermelha para poder realizar-se uma análise de custos benefícios. Insiste-se que a ideia do LIOS, quer se trate de um LRT quer de um BRT não pode ter o rendimento em outros países por falta de largura de espaço canal. Serão com elevada probabilidade uma solução mais barata a curto prazo que se revelará mais dispendiosa num futuro que requeira maior capacidade de transporte (capacidade duma linha = capacidade do veículo x velocidade comercial em km/h x densidade de veículos por km) . Neste sentido haveria todo o interesse em prolongar o término de inversão do metro para Santo Amaro

- insistindo no traçado proposto, não estudado nem o deslocamento para poente da estação do metro projetada para o acesso à ponte 25 de abril o que permitiria interferir menos com o referido acesso, nem o deslocamento para nascente para mais próximo da estação de Alcântara Terra,

- não estimativa dos custos da remodelação rodoviária e urbanística do acesso à ponte e do bairro do Alvito e não confirmada a sua inclusão no perímetro do investimento do prolongamento da linha vermelha

- não explicado porque não se optou pelo método TBM, energeticamente menos poluente, quando no EIA foram apresentados gráficos específicos desse método

- não considerada a instalação de ventiladores de impulso para reforço da desenfumagem no troço Infante Santo-viaduto

- mais uma vez se recomenda a correção das fotomontagens que enganosamente sugerem que as vias rodoviárias passam sob a estação de metro no acesso à ponte e não aos seus lados (ex: fig.3.11 da pág.13/31 da memória descritiva e justificativa da estação Alcântara, sendo insuficiente e indutor de erro a omissão da inserção das alterações às rodovias e ao edificado)

 

Comentários com base na documentação recebida com o RECAPE, ressalvando que eventuais erros de análise se deverão a limitações minhas no tratamento da documentação e nas condições disponíveis :

-  embora se compreenda a razão mitigadora de custos, o novo projeto de execução da estação Campolide/Amoreiras “deixa” o acesso 5 separado da entrada no centro comercial das Amoreiras por um acesso rodoviário, contrariamente ao EIA

- a planta do jardim da Parada  (fig.1 pág.7/48 Tomo V vol.2 CO parte 15/20 estruturas externas) mantem a supressão das instalações sanitárias pré existentes (como confirmado aliás na pág.224/379 nos quadros do relatório do RECAPE de resposta aos comentários ao EIA), remetendo para umas ISs no mezanino de insuficientes dimensões. Sabendo-se como o metropolitano mantem inacessíveis as ISs nas suas estações, contrariando explicitamente o DL 163/2006 que determina o equipamento de edifícios públicos com instalações sanitárias para pessoas com mobilidade reduzida, concluo tratar-se de uma inconformidade jurídica

- no mesmo desenho se pode ver que não foi estudada a hipótese de proibição de estacionamento e fecho pedonal ou pelos menos troço de prioridade pedonal dos troços das ruas Almeida e Sousa e Infantaria 16, o que poderia funcionar como mitigação das perturbações do jardim, que se espera sejam transitórias com o apoio da UTAD

- da mesma forma que um novo traçado resolveria para a estação de Campo de Ourique os problemas da interferência com o jardim da Parada, de nova localização e as curvas horizontais e verticais de pequeno raio, ou ainda como se evitaria a interferência com  a muralha do Livramento, assim uma nova localização da estação Infante Santo resolveria o problema da construção da estação numa zona de difícil acesso para os equipamentos e materiais de construção.

Registo pela positiva o abandono da solução tremendista de utilizar para acesso de equipamentos e materiais o pórtico junto do nº59, mas critico a destruição do jardim infantil e do recinto e pavimento junto do edifício  Arqs Saraiva e Associados, nº69 da av.Infante Santo. A passagem entre os números 67 e 69  mesmo depois de tomada alguma área ao logradouro do R/C do nº67 não respeita minimamente a privacidade dos moradores, quer durante a obra, quer em operação (a pequenez do logradouro é incompatível com a sua expropriação, que é a medida incluída no quadro de respostas, pág.220/379). Em circunstâncias semelhantes, a solução seria uma compra de um dos edifícios do perímetro do quarteirão e tratamento do desnível, não expropriação porque haveria outras soluções para o traçado da linha e a localização da estação que aliás evitariam a interferência com o jardim das Necessidades e o próprio Palácio das Necessidades. Os custos associados deveriam ter entrado  numa análise prévia de custos benefícios.

Registo pela negativa a não inclusão no projeto de uma passagem superior sobre a avenida Infante Santo, referida no EIA, que serviria as pessoas do lado nascente da avenida.

- sobre o projeto da estação Alcântara, para além do já referido, comento, com a ressalva já anteriormente referida apesar da apresentação mais cuidada dos desenhos desta estação relativamente às outras:

- o atravessamento pedonal da estação, do lado norte/poente, que substituirá a passagem superior atual que desaparecerá,  estará dependente da abertura dos portões da estação, conforme o desenho 134352, o que representará uma degradação da situação atual (isto é, não se trata de uma ligação franca como afirmado na pág.201/379 do relatório do RECAPE)

-  na pág.97/379 do relatório do RECAPE menciona-se que será incluído um atravessamento pedonal da via de acesso à ponte 25 de abril à cota do piso 1 (cais ML, cota 15.85). Parecendo incompatível com o desenho 134352 que prevê a entrada na estação lado Norte à cota 10.35, julga-se de corrigir. Mesma observação anterior, o atravessamento pedonal não deve estar dependente de portões da estação que poderão estar fechados

- não está clara a possível entrada na estação pelo alçado nascente à cota 5.30 (acesso aberto como sugerido pelos desenhos da pág. 25/31 da memória descritiva ou com portões conforme o desenho 134353) e a sua possível relação com o atravessamento pedonal através da ligação ao piso 0 (átrio ML)

- não é mencionada na pág.97 ou 98 /379 do relatório do RECAPE a saída ou acesso sul/centro à cota 10.35 conforme o desenho 134352 (pág. 18/31 da memória descritiva da estação Alcântara) ou o corte no desenho 134360 (pág.21/31 da memória descritiva). Porém, sobre este acesso que dá para um passeio adjacente à via descendente vinda da ponte 25 de abril, há a notar que, por mais guardas que se ponham transversalmente ao sentido do atravessamento e por mais semáforos de prioridade aos peões, estamos perante uma situação de insegurança que por si só justifica a reprovação do projeto da estação. Caso se pense simplesmente eliminar este acesso terão de se redimensionar as  unidades de passagem das  restantes saídas da estação e prever saídas no topo nascente do nível do átrio ao nível da rua

- segundo o desenho 134346, os conflitos de trânsito na praça Gen.Domingos Oliveira vão manter-se ou agravar-se, nomeadamente no acesso à rua de Alcântara. Infelizmente o PUA e o PAMUS  não apresentam melhores soluções, o que indicia deficiente condução dos processos a um nível institucional mais elevado

- embora seja verdade que a criação da rotunda a Poente é uma boa solução, deverão o projetista e o dono da obra reconhecer que as condições de escoamento do trânsito vão piorar nas vias de acesso à ponte 25 de abril devido à redução de 3 para 2 vias no lado sul e, nas duas vias do lado norte, uma maior solicitação de transito de entrada e saída no bairro do Alvito, considerando-se a solução da CML para novo acesso à ponte a norte da ETAR conflituante com as vias atuais e aumentando a parte de custos numa análise de custos benefícios da implantação da estação nos acessos à ponte.

- face ao exposto e não estando estudada nenhuma ligação mecânica que evite o atravessamento de vias rodoviárias (recorda-se o retrocesso que representou a demolição do anterior passadiço de ligação das estações Alcântara Terra-Alcântara Mar) e a perigosidade no atravessamento das sucessivas passagens de peões nos acessos à ponte e na avenida de Ceuta, discordando portanto do afirmado na pág.220/379 do relatório do RECAPE,  só posso acrescentar que o projeto não está em condições de ser aprovado se considerarmos relevantes a fluidez e a segurança da deslocação pedonal , sobrepondo-se a segurança das pessoas à permissividade da declaração condicional da DIA.

 

                                                       a)       Ex técnico do Metropolitano de Lisboa