Ui!
Já por esse mundo fora circulam ameaças de morte ao senhor do Wikileaks.
Parece que já entrou na clandestinidade.
Agora se entende porque se criticaram tanto os fundamentalistas que condenaram Salman Rushdie ou os mafiosos que ameaçam o escritor que denunciou a Camorra napolitana.
Acusa-se melhor quando se pratica aquilo de que se acusa.
Ou por outras palavras: o código genético dos fundamentalistas ocidentais e do médio oriente é igual.
Dê-se atenção ao que disse Gonzalez: 80% do que a Wikileaks agora mostra já se sabia pelos jornais , embora não pudessem provar (foi, de facto, o caso dos voos da CIA).
E o que diz Bush é anedótico: devemos processar os autores das fugas de informação (é natural que fale assim, um dos testemunhos revelados é o de um político que diz: Bush revela uma grande dificuldade em raciocinar)
Mas a reação de Sarkozy parece-me preocupante: estas revelações são o cúmulo da irresponsabilidade (ou será que ele se refere à substancia e não às fugas? talvez não, talvez ache que as fugas da Wikileaks ameaçam a segurança do mundo ocidental; outra vez as ameaças para quem se portar mal, está visto; certamente que não se referirá à segurança de quem está na guerra num país que não é o desse alguém, porque para garantir a segurança desse alguém era não o mandar para lá, como já se sabe desde o tempo do Hair e da argumentação pró guerra do Vietnam e, se tiver de haver guerra, joga-se melhor em casa do que no campo do adversário, não é também sabido da teoria universal da tática e da estratégia? ou só poderá haver teorias unicas em tática e estratégia?).
Sobre este assunto, sobre a teoria do segredo, há uma coisa muito séria a discutir.
No século XVII, houve um senhor inglês, fundador da academia das ciências britânica, que enviou uma circular aos seus confrades informando que, a partir de então, qualquer coisa que um colega descobrisse ou inventasse, teria de o pôr em comum com a comunidade. Passe a redundancia, que não é redundancia, é uma origem lexicográfica comum e é uma estratégia.
Como a história demonstrou, é uma estratégia de desenvolvimento civilizacional e cultural.
É esta atitude que está na base do desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, do bem estar e da cultura ocidental.
Isto é, o segredo não é a alma do negócio.
Não devem os senhores políticos ocidentais virem agora contrariar a mola real do desenvolvimento do mundo ocidental.
O segredo é a arma da desigualdade, do desequilíbrio na acumulação de rendimentos para uns poucos que detêm o segredo em detrimento dos que o não conhecem; é a arma de quem pretende ter mais força do que o outro através da informação. Só que o outro não é o nosso adversário, é o nosso concidadão.
Como já foi dito, a ciência desenvolve-se num sentido e a economia e a política noutro.
Só que depois não venham os economistas e os políticos (e os militares consultores e conselheiros dos chefes de estado dos países poderosos) a queixarem-se de que deram com os burrinhos na água.
Bom seria que a economia e a política se fossem submetendo, mesmo paulatinamente que seja, à disciplina científica que, então agora com a internet, é tudo, menos sigilosa (ah, mas então os direitos de autor e das patentes? não vos citei já o descobridor da vacina contra a poliomielite? "recebo o meu ordenado do laboratório em que trabalho; tudo bem se ele puder ganhar algum dinheiro para desenvolver as investigações, mas por que hei-de eu receber direitos de autor, se tenho o meu ordenado e a minha assistencia social em dia, quando a vacina pertence à humanidade?" atenção que o senhor era norte-americano...).
Que se aprenda ao menos com as experiencias dos sistemas politicos que achavam que restringindo a informação a um grupo dirigente que esse grupo seria capaz de escolher o melhor caminho para a comunidade, e não funcionou.
Feita a experiencia, verificou-se que esse método, por mais correto que seja o sistema que pretende instaurar, tal como diz a Sabedoria das multidões, conduz a soluções deficientes, quer se trate da NASA ao não tomar a decisão certa no primeiro acidente do Challenge, quer se trate dos inquisidores que decidiam a execução, quer se trate do circulo restrito dos detentores de um poder económico e de um poder político, quer se trate de uma direção partidária que se isola nos seus segredos relativamente à comunidade.
Porque se o segredo está garantido, então podem cometer-se atentados aos direitos da comunidade porque se fica impune.
A menos que a Wikileaks consiga furar o muro de silencio e haja uma fuga catastrófica para a credibilidade dos campeões.
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Wikileaks
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Os conceitos militares evoluem. Não é caso para ficarem tão escandalizados com as fugas de informação sobre segredos militares de acontecimentos passados.
Terem morrido 195 civis em ataques de drones não é a revelação de um segredo militar. É um triste facto de que os cidadãos devem ter conhecimento para ajudar a compreender a guerra e tomar posição perante ela.
Houve tempo em que o conceito militar era: se um civil morresse, o militar sentia-se desonrado porque, armado, tinha morto um não contendor desarmado.
Valha a verdade que este era um conceito anterior ao bombardeamento de Dresden, no final da segunda guerra mundial. É natural que os “aliados” não gostem de ouvir falar nisto.
Convirá também recordar que muitos dos mortos dos “aliados” na primeira guerra do golfo o foram por “fogo amigo” (como é possível inventar uma expressão assim?), porque a tecnologia da referenciação topográfica estava ainda imprecisa. Ficaram então os “aliados” muito zangados com esta fuga de informação.
Houve tempo em que um soldado honrado não mandava os seus homens para a frente da batalha sem lhe explicar todos os riscos que corriam.
É isso, os conceitos militares evoluem, como explicava o major Dax ao seu general, na primeira guerra mundial, antes da entrada em cena do fator decisivo para acabar com a guerra das trincheiras: os tanques.
Também foi revelado que os ataques talibans provocaram a morte de 2.000 civis.
Se os tanques e as armas já não conseguem acabar com isto, têm os cidadãos direito a exigir soluções políticas.
Não estive enganado na guerra colonial portuguesa, nem na guerra do Vietnam, nem na guerra do Iraque. Estarei enganado agora na guerra do Afeganistão, quando Eça de Queirós já dizia o mesmo, há 140 anos atrás?
Entretanto, sem que isso tenha sido revelado pelo Wikileaks, são já 75 os militares dos USA mortos no Afeganistão em Julho de 2010.
Impõe-se uma solução política com todos os países da região, mas os mentores da NATO não parece estarem de acordo.
Depois queixem-se de que lhes chamem cruzados.
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Os conceitos militares evoluem. Não é caso para ficarem tão escandalizados com as fugas de informação sobre segredos militares de acontecimentos passados.
Terem morrido 195 civis em ataques de drones não é a revelação de um segredo militar. É um triste facto de que os cidadãos devem ter conhecimento para ajudar a compreender a guerra e tomar posição perante ela.
Houve tempo em que o conceito militar era: se um civil morresse, o militar sentia-se desonrado porque, armado, tinha morto um não contendor desarmado.
Valha a verdade que este era um conceito anterior ao bombardeamento de Dresden, no final da segunda guerra mundial. É natural que os “aliados” não gostem de ouvir falar nisto.
Convirá também recordar que muitos dos mortos dos “aliados” na primeira guerra do golfo o foram por “fogo amigo” (como é possível inventar uma expressão assim?), porque a tecnologia da referenciação topográfica estava ainda imprecisa. Ficaram então os “aliados” muito zangados com esta fuga de informação.
Houve tempo em que um soldado honrado não mandava os seus homens para a frente da batalha sem lhe explicar todos os riscos que corriam.
É isso, os conceitos militares evoluem, como explicava o major Dax ao seu general, na primeira guerra mundial, antes da entrada em cena do fator decisivo para acabar com a guerra das trincheiras: os tanques.
Também foi revelado que os ataques talibans provocaram a morte de 2.000 civis.
Se os tanques e as armas já não conseguem acabar com isto, têm os cidadãos direito a exigir soluções políticas.
Não estive enganado na guerra colonial portuguesa, nem na guerra do Vietnam, nem na guerra do Iraque. Estarei enganado agora na guerra do Afeganistão, quando Eça de Queirós já dizia o mesmo, há 140 anos atrás?
Entretanto, sem que isso tenha sido revelado pelo Wikileaks, são já 75 os militares dos USA mortos no Afeganistão em Julho de 2010.
Impõe-se uma solução política com todos os países da região, mas os mentores da NATO não parece estarem de acordo.
Depois queixem-se de que lhes chamem cruzados.
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