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domingo, 3 de março de 2024

Uma unidade de execução de Marvila, em março de 2024 e a decidida ligação de alta velocidade à ponte Chelas-Barreiro

 Graças ao Público e ao jornalista  Samuel Alemão tomei conhecimento de que decorria até 13 de março uma consulta pública sobre a proposta de definição do âmbito (PDA) do estudo de impacto ambiental (EIA) de uma unidade de execução em Marvila que pretende recuperar urbanisticamente a zona de Marvila depois do abandono de instalações fabris e oficinais e da degradação que atingiu. Observo que é generosa a classificação de "pública" dada à consulta, que decorre silenciosamente, como silenciosa e discreta foi a elaboração do estudo prévio de arquitetura que enforma a presente PDA. Defendo, pelo contrário, e de acordo  com o artigo 65.5 da constituição da República, a participação aberta dos cidadãos na elaboração dos instrumentos de gestão do território, pelo que já é tardia a informação da presente PDA.

https://www.publico.pt/2024/02/27/local/noticia/megaurbanizacao-marvila-enterrara-linha-norte-muda-zona-oriental-lisboa-2081750

Como se sabe, problemas complexos de ordenamento do território requerem uma análise pluridisciplinar e abrangente, holística como gostam de dizer os "key note speakers" nos seminários. Não parece ser este o caso quando está por definir a ligação da zona abrangida pelo presente anúncio  às outras zonas de Marvila e adjacentes, especialmente em termos de mobilidade (nomeadamente segundo os eixos SW-NE, S-N, SE-NW, E-W), duvidando-se do nível que a urbanização proposta possa atingir, quando comparada com as urbanizações de Alvalade, Olivais, Telheiras. 

Segundo as boas práticas, devem ser estudadas várias hipóteses e submetê-las a comparação de custos e benefícios (não digo que os autores da proposta não o tenham feito, mas se o fizeram, isso não foi participado publicamente). 

Igualmente parece criticável fazer depender toda a urbanização e a mobilidade desta zona do projeto da terceira travessia sob a forma da ponte Chelas-Barreiro. Esta foi projetada quando se pensava localizar o novo aeroporto em Rio Frio, portanto na direção de Pinhal Novo, o que entretanto mudou. A própria curva da ponte para a Gare do Oriente é agora discutível, uma vez que está por estudar a hipótese de localização da estação de alta velocidade na aeroporto Humberto Delgado e não na Gare do Oriente, libertando espaço na zona em apreço (ver desenho no ponto 4 mais abaixo) e poupando a escola Afonso Domingues. 

Apresento também no ponto 5 abaixo duas hipóteses para a TTT, por ponte, túnel ou ambos,  que deverá ser compatibilizada com a quarta travessia e com uma grande circular externa suburbana de LRT. Logo, aqui também está ausente a comparação entre várias soluções possíveis mas não estudadas com participação pública, o que poderá ter como consequência dever resolver-se primeiro o problema do PROTAML. Quando, como aliás a proposta refere, o PROTAML é de 2002 e muita coisa mudou entretanto, parecerá que  incluindo as soluções para o novo aeroporto, as travessias do Tejo e a ferrovia de alta velocidade, convencional, suburbana e de mercadorias, deverá esperar-se pela atualização do PROTAML e estudar as soluções possíveis para Marvila e subsequente EIA. 

https://participa.pt/contents/consultationdocument/UE%20Marvila_PDA_v1.pdf











Torre Marialva junto da linha do Norte, a 3 km de Santa Apolónia e no local onde se projeta o soterramento da linha em 400 m para sul

passagem superior sobre a linha do Norte com vista para o rio, junto da torre Marialva



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Junto o meu parecer com os comentários sintetizando as observações anteriores e que enviei ao portal "participa":

1 -  Como a  PAD refere, o PROTAML é de 2002 e muita coisa mudou entretanto. Tentarei justificar nos comentários seguintes que, integrando o PROTAML o estudo das soluções para o novo aeroporto, as travessias do Tejo e a ferrovia de alta velocidade, convencional, suburbana e de mercadorias, deverá ponderar-se seriamente a atualização do PROTAML e estudar, numa perspetiva abrangente das outras zonas de Marvila e adjacentes, as soluções possíveis para Marvila e subsequente EIA. É meritório recuperar urbanisticamente a zona de Marvila depois do abandono de instalações fabris e oficinais e da degradação que atingiu, mas até agora a participação pública na elaboração do estudo prévio de arquitetura que enforma a presente PDA foi discreta. Defendo, pelo contrário, e de acordo  com o artigo 65.5 da constituição da República, a participação aberta dos cidadãos na elaboração dos instrumentos de gestão do território.  Em resumo, proponho a reformulação e alargamento do âmbito da PDA não apenas focando componentes ambientais mas também componentes técnicas relevantes, como as relacionadas com as infraestruturas de transportes de todos os níveis envolvidas.

2 - Problemas complexos de ordenamento do território requerem uma análise pluridisciplinar e, repito, abrangente. Segundo as boas práticas, devem ser estudadas várias hipóteses e submetê-las a comparação de custos e benefícios (não digo que os autores da proposta não o tenham feito, mas apenas que isso não foi participado publicamente).

3 -  Aparentemente está por definir a ligação da zona abrangida pela presente PDA  às outras zonas de Marvila e adjacentes, especialmente em termos de mobilidade (nomeadamente segundo os eixos SW-NE, S-N, SE-NW, E-W), duvidando-se que a urbanização proposta possa atingir o nível das urbanizações de Alvalade, Olivais, Telheiras, quando com elas comparada.

4 - Parece criticável fazer depender toda a urbanização, e a mobilidade desta zona, do projeto da terceira travessia sob a forma da ponte Chelas-Barreiro. Esta foi projetada quando se pensava localizar o novo aeroporto em Rio Frio, portanto na direção de Pinhal Novo, o que entretanto mudou. A própria curva da ponte para a Gare do Oriente é agora discutível, uma vez que está por estudar a hipótese de localização da estação de alta velocidade na aeroporto Humberto Delgado (admitindo uma cota de 55 m para o plano base de via) e não na Gare do Oriente, libertando espaço para os pilares de acesso à ponte na zona em apreço, o que, ainda que mantendo a ligação à linha de cintura na direção da estação Olaias (onde aliás a IP prevê uma estação de interface com o metro) poderia viabilizar a não demolição da escola Afonso Domingues e a sua reintegração no sistema educativo nacional (estranha-se não se ter procurado uma solução que evitasse a demolição). Observa-se que para a linha de cintura está prevista a sua quadruplicação desde a estação Areeiro até Braço de Prata e Oriente devendo contar-se com uma ocupação de cerca de 14m adjacente à atual via dupla. Terá também de se contar com igual largura para uma faixa destinada à linha de alta velocidade totalizando 28 m além da via dupla existente, parecendo assim insuficiente a largura de 10 m invocada na página 30 da PDA. Junto desenho.


5 -  No âmbito da atualização do PROTAML conforme as premissas do ponto 2 será necessário comparar várias hipóteses para a localização da terceira travessia do Tejo, por ponte, túnel ou ambos,  que deverá ser compatibilizada com a quarta travessia rodo-ferroviária (Trafaria-Algés) e com uma grande circular externa suburbana de LRT. E que  essa comparação seja feita com participação pública. Junto duas hipóteses para travessia ferroviária , uma entre foz do Trancão-Alcochete Norte e outra entre Beato-Montijo no pressuposto da estação de alta velocidade no aeroporto Humberto Delgado  e ligação de alta velocidade pela margem direita do Tejo.




6 - Aplaude-se a preocupação com o sistema de escoamento de águas pluviais e a intenção de construção de bacias de retenção (pág.12), julgando que na fase do  PDA já poderiam vir indicadas as suas localizações e , muito importante, as ligações ao troço do plano de drenagem cujo troço Chelas-Beato atravessa a zona em apreço, o que certamente o EIA esclarecerá.

7 -  Regista-se com apreço a previsão de estacionamento para moradores e seus visitantes, comerciantes e público, mas parece que nos dois casos será limitado, implicando mais pisos subterrâneos e a construção de auto-silos. Sobre a natureza das vias, para além das considerações do ponto 3, julga-se que deveriam ser previstas vias de 4m de largura para veículos autónomos a pedido, partilháveis com velocípedes e analisadas as hipóteses para espaço canal para LRT segundo alguns dos eixos do referido ponto 3

8 - Afigura-se que um parque verde de 8 ha (pág.14) será de difícil gestão, nomeadamente em termos de segurança, caso o seu projeto não pondere este problema. Sugere-se à imagem do parque do INATEL 1º de maio uma utilização desportiva em horário prolongado e uma ligação pedonal a Chelas e ao parque da Bela Vista

9 - Embora o PDM refira as percentagens para habitação, serviços e comércio, julga-se que o alargamento do âmbito da PDA a áreas adjacentes justificará a sua revisão, nomeadamente para inclusão de percentagens para habitação acessível e para atividade oficinal ou de pequenas fábricas.

10 - A cobertura de 400m de comprimento da linha férrea é uma excelente solução, mas por razões de custos deverá ter intervalos a céu aberto.

11 - na pág.22 considerar que já existe maquinaria pesada de obras com alimentação elétrica com posto de transformação móvel para redução de emissões


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Assunto relacionado (traçados para a TTT):


PS em 5mar2024 - curiosamente, hoje o "Público" reporta uma inciativa do governo para aproveitamento dos edifícios e da zona da antiga Manutenção Militar,  "o bairro do Grilo",  cujo coordenador manifesta preocupação com os termos da proposta da unidade de execução de Marvila nomeadamente em termos  de falta de habitação acessível:














segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Porque gostam tanto os decisores do projeto da linha circular? ou da hipótese do imobiliário à hipótese do rodoviário


Numa perspetiva económico-política e económico-social, vou tentar mostrar aqui porque os decisores gostam tanto da solução da linha circular como expansão prioritária do metropolitano de Lisboa.
Tomemos a argumentação do único técnico que na sessão de 17 de maio de 2017 defendeu a linha circular na Assembleia municipal de Lisboa.
A linha circular constituirá um núcleo agrupando as áreas do terciário de maior geração de emprego (e de comércio e habitação de luxo) sobre o qual se rebaterão os principais eixos de penetração da população residente nas coroas de raio superior a 10 km.
Sendo naturalmente verdade, embora isso não queira dizer que será a melhor solução no contexto atual, procuremos outras fundamentações do ponto de vista económico.
Neste momento a politica de habitação da CML  dá prioridade à valorização imobiliária nos centros de negócios (CBD – central business districts) em detrimento da densificação e recuperação do povoamento nas zonas mais afastadas do centro da cidade, e a existência de projetos imobiliários importantes ao longo do traçado da linha circular vem confirmá-lo.
Senão vejamos:

1 - terrenos da antiga feira popular na av.República
2 – novo edifício na av.Fontes Pereira de Melo, 41
3 - hospital militar da Estrela
4 - quartel dos BSB na av.D.Carlos
5 - terrenos da EDP e CML da av.24 de julho/rua D.Luis
6 - terrenos da Portugália na av.Almirante Reis
7 - terrenos na zona do Sporting/estação Campo Grande
8 - terrenos do IMT junto da av.Forças Armadas


Mas noutra perspetiva podemos interrogar-nos  porque se inclinam os decisores, nomeadamente a CML, para modos de transporte  que vão desenvolver o esquema de vários pontos de rebatimento sobre a linha circular . Explicitando, as operadoras de transporte de passageiros , quer ferroviárias quer rodoviárias, têm grande interesse em aumentar a sua quota de mercado, incluindo as zonas metropolitanas. Por razões ambientais, essas operadoras podem dar oportunidade aos setores da industria portuguesa automóvel, incluindo dos componentes de autocarros de tração elétrica,  A linha circular permitir-lhes-ia oferecer serviços nos corredores radiais (tecnologia BRT na A5, by-passando a linha de Cascais, na A8) e nas ligações transversais entre a linha de Cascais e a linha de Sintra que não são servidas por linhas de metro ou suburbanas.
Esta estratégia colide frontalmente com o desenvolvimento de uma rede de metropolitano, pesado e ligeiro (LRT) cobrindo a malha urbana e as coroas suburbanas. Nesta perspetiva, a linha circular, restringindo a influencia do metropolitano no núcleo urbano, serve a estratégia de desenvolvimento dessas operadoras.




Considerando estas duas perspetivas (projetos imobiliários ao longo da linha circular e novos modos rodoviários de transporte suburbano juntando-se aos clássicos rebatendo-se sobre a linha circular), é curioso comparar as afirmações do EIA e do TUA que fundamentaram a aprovação do projeto com o que dizia o PROTAML de 2002 sobre os transportes na AML e as suas coroas. Dir-se-ia que é caso para submeter a “fact-checking” do tipo praticado pelo site Polígrafo:
Diz o resumo não técnico do EIA na pág.2: “este projeto [da linha circular] já está previsto há vários anos, havendo orientações nesse sentido no PROTAML… aprovado em 2002”
E o TUA na pág.27: “o projeto [da linha circular] não colide com as orientações do PROTAML”
Ora, na pág.76 do PROTAML de 2002 (houve uma tentativa de alteração do PROTAML em 2008 mas que não foi aprovada e que neste ponto não alterava o de 2002) a figura 11 mostra claramente o prolongamento da linha amarela para Alcantara, sem que se vislumbre uma linha circular. Poderá até dizer-se que as atuais circunstancias justificam o prolongamento para Algés e Jamor pela Ajuda e Belém (por exemplo, a linha vermelha para Alcantara e a linha amarela para Algés e Jamor)
http://www.ccdr-lvt.pt/pt/plano-regional-de-ordenamento-do-territorio-da-area-metropolitana-de-lisboa/54.htm

Também como exemplo de divergência com os documentos anteriores temos a afirmação da direção do metropolitano que o projeto da linha circular segue o plano de 2009.
Ora, o plano de 2009 previa a estação Estrela no prolongamento da linha vermelha, a poente da basílica, e na ligação Rato-Cais do Sodré previa uma estação em S.Bento junto do parlamento, enquanto o projeto da linha circular substituiu a estação de S.Bento pela da Estrela.

Ou a afirmação do EIA e do TUA de que atualmente são precisos 2 transbordos para ir de Cais do Sodré ao eixo Marquês de Pombal-Entrecampos.
Não são. Para o Marquês basta um transbordo em Baixa Chiado da linha verde par a azul; para Saldanha também, em Alameda, da linha verde para a vermelha; Picoas está na zona de influencia de M.Pombal e de Saldanha, Campo Pequeno na de Saldanha; o acesso de Entrecampos dista 616 m do acesso de Roma, sem transbordo pela linha verde.
Também é curioso, num ambiente de dúvida que eventualmente as pessoas possam ter sobre o projeto da linha circular, avaliar o argumento que finalmente foi utilizado: deixamos tudo preparado (nomeadamente nos viadutos de Campo Grande) para, se se verificar que não foram atingidos os objetivos, voltarmos à exploração atual, linha Odivelas -Rato (depois da execução da obra prolongando-se para Cais do Sodré-Alvalade-Campo Grande-Telheiras, isto é, a chamada linha em laço, que cumpre os objetivos da linha circular , a menos de uma minoria de residentes servidos pela linha verde a norte de Alameda e que queiram ir para as estações entre Cidade Universitária e Picoas sem transbordo) . Por outras palavras, admite-se com naturalidade a inutilidade da construção dos dois novos viadutos, estimados por baixo em 18 milhões de euros.
Em resumo, perspetiva-se para a execução do projeto da linha circular  o dispêndio de mais de 200 milhões de euros (estimativa otimista considerando a complexidade da obra, especialmente na zona de Santos e Cais do Sodré) desprezando as outras zonas da cidade.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Parecer L Vermelha RECAPE SS-Alcântara Terra

 

 https://participa.pt/pt/consulta/prolongamento-da-linha-vermelha-entre-sao-sebastiao-e-alcantara-do-metropolitano-de-lisboa



Parecer L Vermelha RECAPE SS-Alcântara Terra       

         

                                                                                                 Lisboa, 3 de dezembro de 2024

 

 

Reconhece-se o rigor, o profissionalismo e a profundidade do trabalho deste  RECAPE e aprecia-se o facto de se terem desenvolvido alterações mitigando ligeiramente os impactos no Jardim da Parada e na muralha do Livramento. O facto do presente parecer constituir uma reclamação e uma discordância não põe em causa aquela afirmação porque no estabelecido nos procedimentos de AIA não são considerados como relevantes fatores técnicos associados à operação e à manutenção de metropolitanos. Assim, as críticas ao projeto, que segundo critérios da operação e da manutenção de metropolitanos seriam suficientes para reprovar o traçado escolhido, não contestam, como uma apreciação incompleta poderia sugerir, a competência técnica, nas respetivas especialidades, dos seus autores, lamentando-se que o excelente trabalho destes seja incompatível com aqueles critérios .

Não deixo ainda de comentar pela negativa a deficiente apresentação dos documentos, a maioria sem indicação que facilite a localização do documento procurado (por exemplo, plantas e cortes das estações). Igualmente a qualidade da reprodução dos desenhos deixa a desejar.

Também repito o comentário enviado sem seguimento  com a consulta do EIA, que os fatores considerados como relevantes no relatório da APA são-no sem dúvida, mas considerar irrelevantes fatores como os que derivam da experiência dos profissionais do metropolitano nas áreas de operação e manutenção, conduzirá a resultados globalmente incorretos do ponto de vista dos transportes na área metropolitana. São disto exemplos a inconformidade das curvas de raio 250 ou 300m por contribuírem para maior desgaste dos carris e dos rodados e para consumos adicionais de energia por maior atrito, e a inconformidade da deficiente ligação pedonal entre a estação proposta do metropolitano e a estação de Alcântara Mar da linha de Cascais em clara contradição com os objetivos do PROTAML ainda em vigor apesar de ser de 2002, quando determinava a correspondência da linha de Cascais em Alcântara Mar com o prolongamento da linha amarela, em vez de para Cais do Sodré. Recorda-se que a linha circular, integrada no plano de expansão do metro de 2009 do MOPTC também contraditório relativamente ao PROTAML, foi pretensamente justificada como facilitação da correspondência com os passageiros da linha de Cascais, isto é, não parece correto mandar construir a linha circular por decreto nem sequer publicado no DR para depois mandar construir a ligação da linha de Cascais à linha de cintura, sublinhando-se que pela complexidade técnica se trata dum investimento muito elevado que poderia evitar-se com o prolongamento da linha vermelha para Alcântara Mar em viaduto, em vez de para Alcântara Terra.

A razão fundamental que leva à construção de metropolitanos, apesar do elevado investimento, et pour cause, é a de permitir ligações seguras, rápidas e cómodas evitando, graças à profundidade da construção, a perturbação do tecido urbano à superfície. Não é pois aceitável, do ponto de vista da operação e da manutenção, um traçado com as curvas em planta com raios tão pequenos como o proposto. O recurso ao viaduto é um fator positivo reduzindo o desnível e o consumo energético, mas o não se ter estudado um traçado sob ou a norte da atual penitenciária (que será convertida em empreendimento imobiliário) que teria permitido reduzir os raios das curvas verticais constituiu um fator negativo (no princípio da década 2001-2010 existia no metropolitano/FERCONSULT um estudo de traçado a poente do reservatório das Amoreiras, o que justificaria a construção de um parque de estacionamento integrado no plano de reurbanização de Campo de Ourique/Norte para o TI vindo da A5).

A localização do viaduto pressupõe a futura ligação da linha de Cascais à linha de cintura e uma hipotética ligação a um serviço de superfície a Algés/Linda a Velha/Jamor  (receia-se que o distanciamento dos decisores camarários relativamente à totalidade das caraterísticas dos transportes de superfície em sítio próprio mas colidindo com outros tráfegos induza adiamentos indefinidos apesar do hábil marketing com que é referido o LIOS, considerando-se muito difícil ultrapassar a marca dos 11 km/h de velocidade comercial devido às interferências com outros modos de transporte).  Numa perspectiva abrangente a solução correta para a expansão da rede de metro seria ou a correspondência em viaduto com a linha de Cascais em Alcântara Mar, ou o prolongamento da linha vermelha do metro a Algés/Linda a Velha/Jamor.  O projeto em RECAPE não tem essa visão abrangente não tendo, em contradição com o afirmado na pág.188/379 do relatório do RECAPE, respeitado os instrumentos jurídicos de ordenamento do território, nomeadamente o PROTAML de 2002 (a deliberação de 2008 não pôde ser concretizada), colocando-se  na ilegalidade, pese embora a douta posição dos tribunais que não deram provimento às providencias cautelares apesar de reconhecerem o incumprimento no caso da linha circular e que apuseram os vistos necessários ao prosseguimento da obra desta em contradição com uma lei da AR. Destaque para o grave problema de operação da linha de cintura, já saturada,  quando se pensa descarregar parte substancial do tráfego da linha de Cascais através da referida ligação (notar que a linha de cintura no troço da ponte 25 de abril onde convergirá com a ligação a Cascais não é suscetível de quadruplicação como noutros troços). O prolongamento da linha vermelha a Alcântara Mar da linha de Cascais evitaria a complexa obra em terrenos de aterro na proximidade do caneiro de Alcântara, da ligação subterrânea da linha de Cascais à linha de cintura e construção duma nova estação da CP junto da Rua Fradesso da Silveira e abandono da estação de Alcântara Terra. As dificuldades encontradas nas obras do metro na av.24 de julho, incluindo a  danificação da subestação do Cais do Sodré da linha de Cascais são simples exemplo.

Esta inconformidade do projeto de prolongamento é, salvo melhor opinião jurídica, grave porque no relatório do RECAPE se repete (pág.188) queMantém-se a análise constante do EIA, estando o Projeto enquadrado nos objetivos do PROT-AML e no conceito de transportes definido neste plano para a Área Metropolitana de Lisboa”.  Discorda-se formalmente, apesar do parecer do senhor procurador que mandou arquivar o processo da providencia cautelar contra a construção da linha circular interpretando deficientemente a figura 11 na pág.83 da edição de abr2002 . Nesta figura o prolongamento da linha amarela do metro de Rato a Alcântara Mar é bem visível e o traço ponto correspondente ultrapassa o nó de Alcântara Mar. Este traçado foi desenhado no plano de expansão do metro de dez1974 para correspondencia com a linha de Cascais, aliviando o tráfego de passageiros  na estação de Cais do Sodré da linha de Cascais e acelerando a chegada dos passageiros ao centro administrativo Marquês-Campo Grande. Tendo sido incumprido o PROTAML com a construção da linha circular, o prolongamento da linha vermelha poderia substituir o prolongamento da linha amarela na função de correspondencia em Alcântara Mar com a linha de Cascais.

 Nas páginas 81 e 82 do PROTAML é acentuado o carater radial das linhas do metro, recomendando-se o recurso a modos complementares mais ligeiros para as ligações circulares, em clara oposição à forma da linha circular construida, e à construção de parques do tipo “park and ride” na periferia do município. Obviamente que a ligação Rato-Cais do Sodré contribui para a densificação das ligações na zona central de raio de 10km segundo a classificação das zonas  da figura 12 da página 84, mas nas páginas 80 e 81 referem-se as hipóteses de expansão do metro e nada consta sobre a linha circular do metro. Isto é, não posso considerar verdadeira a afirmação no RECAPE de ser cumprido o PROTAML, julgando que a insistencia em mantê-la poderá configurar uma grave ocultação à sociedade civil e uma intenção enganosa. Aliás, a argumentação utilizada no quadro de respostas na pág.225/379 do relatório do RECAPE , sendo verdadeira no que concerne à aprovação condicionada na DIA, omite a necessária discussão da relevância dos fatores invocados pelos cidadãos na consulta pública do EIA, obstaculizando assim o cumprimento do art.65.5 da CRP (direito à participação em assuntos públicos, com a agravante de muito do que foi pedido na consulta e não fornecido foi a disponibilização dos “estudos” que concluiram pela inviabilidade de corredores alternativos) e, por outro lado, ignora que antes da aprovação do projeto de execução é sempre possível corrigir os seus erros (que aliás derivam do incumprimento de outro artigo da CRP, como se verá no parágrafo seguinte), numa altura em que o governo já reconheceu que não é possível integrar este projeto no PRR. Por outras palavras, a inamobilidade duma DIA que ignora as contribuições dos cidadãos é um menosprezo pela sua formação técnica e experiência profissional e um convite à sua posterior abstenção nos processos de consulta.

A chamada de atenção para esta inconformidade  radica também em duas circunstâncias: i) decisões avulsas e distribuidas no tempo, desintegradas de um plano geral consistente (que o plano de expansão de 2009 do MOPTC que continha a linha circular não pode considerar-se como tal dada a quantidade de erros de projeto de redes que contem)  tornarão mais difícil as expansões futuras ; ii) será muito grave se o governo e a AR (que de acordo com o art.165.1.z da CRP detem a competencia exclusiva legislativa das bases do ordenamento do território) prescindirem da elaboração até julho de 2025 de um plano para a elaboração de um SUMP (sustainable urban mobility plan) para a área metropolitana de Lisboa segundo os requisitos do regulamento 2024/1679. Por outras palavras, a APA não deveria considerar-se solidamente fundada no plano de expansão de 2009, que não foi validado nos termos do art.165.1.z., para considerar como não atendíveis as propostas dos cidadãos no processo de consulta do EIA.

Dadas as incongruencias no planeamento dos transportes na AML, sugere-se o recurso a concurso público internacional dirigido a entidades com referências internacionais na especialidade ou, minimamente, ao método seguido no estudo da capacidade aeroportuária na AML com constituição duma CTI alargada ao meio universitário e a técnicos com experiência profissional na especialidade.

Verifica-se no RECAPE não ter sido dado seguimento às seguintes observações no parecer sobre o EIA com que participei na consulta pública, reiterando-se pelo anteriormente exposto que as propostas dos cidadãos são atendíveis:

- não divulgação dos estudos demonstrativos da inviabilidade ou menor desempenho de hipóteses alternativas como o prolongamento até Alcântara Mar em viaduto ou o traçado pela rua Ferreira Borges ou pelo lado poente do centro comercial das Amoreirras ou sob a Penitenciária

- não divulgada a demonstração da inviabilidade do aumento dos raios das curvas para reduzir desgaste dos carris e custos de manutenção, ou do rebaixamento das cotas nomeadamente da estação de Campo de Ourique

- não definidas as ligações mecânicas do tipo tapetes rolantes e funiculares entre a estação de Alcântara projetada e as estações da CP de Alvito e de Alcântara Mar da linha de Cascais, e não confirmada a sua inclusão no perímetro do investimento do prolongamento da linha vermelha, não tendo sido dado seguimento à medida 22 de minimização da DIA e 23 das condicionantes da comissão de avaliação

- não definidos os tempos de ligação do LIOS para eventual ligação a Algés/Linda a Velha/Jamor para comparação com os tempos do correspondente prolongamento da linha vermelha para poder realizar-se uma análise de custos benefícios. Insiste-se que a ideia do LIOS, quer se trate de um LRT quer de um BRT não pode ter o rendimento em outros países por falta de largura de espaço canal. Serão com elevada probabilidade uma solução mais barata a curto prazo que se revelará mais dispendiosa num futuro que requeira maior capacidade de transporte (capacidade duma linha = capacidade do veículo x velocidade comercial em km/h x densidade de veículos por km) . Neste sentido haveria todo o interesse em prolongar o término de inversão do metro para Santo Amaro

- insistindo no traçado proposto, não estudado nem o deslocamento para poente da estação do metro projetada para o acesso à ponte 25 de abril o que permitiria interferir menos com o referido acesso, nem o deslocamento para nascente para mais próximo da estação de Alcântara Terra,

- não estimativa dos custos da remodelação rodoviária e urbanística do acesso à ponte e do bairro do Alvito e não confirmada a sua inclusão no perímetro do investimento do prolongamento da linha vermelha

- não explicado porque não se optou pelo método TBM, energeticamente menos poluente, quando no EIA foram apresentados gráficos específicos desse método

- não considerada a instalação de ventiladores de impulso para reforço da desenfumagem no troço Infante Santo-viaduto

- mais uma vez se recomenda a correção das fotomontagens que enganosamente sugerem que as vias rodoviárias passam sob a estação de metro no acesso à ponte e não aos seus lados (ex: fig.3.11 da pág.13/31 da memória descritiva e justificativa da estação Alcântara, sendo insuficiente e indutor de erro a omissão da inserção das alterações às rodovias e ao edificado)

 

Comentários com base na documentação recebida com o RECAPE, ressalvando que eventuais erros de análise se deverão a limitações minhas no tratamento da documentação e nas condições disponíveis :

-  embora se compreenda a razão mitigadora de custos, o novo projeto de execução da estação Campolide/Amoreiras “deixa” o acesso 5 separado da entrada no centro comercial das Amoreiras por um acesso rodoviário, contrariamente ao EIA

- a planta do jardim da Parada  (fig.1 pág.7/48 Tomo V vol.2 CO parte 15/20 estruturas externas) mantem a supressão das instalações sanitárias pré existentes (como confirmado aliás na pág.224/379 nos quadros do relatório do RECAPE de resposta aos comentários ao EIA), remetendo para umas ISs no mezanino de insuficientes dimensões. Sabendo-se como o metropolitano mantem inacessíveis as ISs nas suas estações, contrariando explicitamente o DL 163/2006 que determina o equipamento de edifícios públicos com instalações sanitárias para pessoas com mobilidade reduzida, concluo tratar-se de uma inconformidade jurídica

- no mesmo desenho se pode ver que não foi estudada a hipótese de proibição de estacionamento e fecho pedonal ou pelos menos troço de prioridade pedonal dos troços das ruas Almeida e Sousa e Infantaria 16, o que poderia funcionar como mitigação das perturbações do jardim, que se espera sejam transitórias com o apoio da UTAD

- da mesma forma que um novo traçado resolveria para a estação de Campo de Ourique os problemas da interferência com o jardim da Parada, de nova localização e as curvas horizontais e verticais de pequeno raio, ou ainda como se evitaria a interferência com  a muralha do Livramento, assim uma nova localização da estação Infante Santo resolveria o problema da construção da estação numa zona de difícil acesso para os equipamentos e materiais de construção.

Registo pela positiva o abandono da solução tremendista de utilizar para acesso de equipamentos e materiais o pórtico junto do nº59, mas critico a destruição do jardim infantil e do recinto e pavimento junto do edifício  Arqs Saraiva e Associados, nº69 da av.Infante Santo. A passagem entre os números 67 e 69  mesmo depois de tomada alguma área ao logradouro do R/C do nº67 não respeita minimamente a privacidade dos moradores, quer durante a obra, quer em operação (a pequenez do logradouro é incompatível com a sua expropriação, que é a medida incluída no quadro de respostas, pág.220/379). Em circunstâncias semelhantes, a solução seria uma compra de um dos edifícios do perímetro do quarteirão e tratamento do desnível, não expropriação porque haveria outras soluções para o traçado da linha e a localização da estação que aliás evitariam a interferência com o jardim das Necessidades e o próprio Palácio das Necessidades. Os custos associados deveriam ter entrado  numa análise prévia de custos benefícios.

Registo pela negativa a não inclusão no projeto de uma passagem superior sobre a avenida Infante Santo, referida no EIA, que serviria as pessoas do lado nascente da avenida.

- sobre o projeto da estação Alcântara, para além do já referido, comento, com a ressalva já anteriormente referida apesar da apresentação mais cuidada dos desenhos desta estação relativamente às outras:

- o atravessamento pedonal da estação, do lado norte/poente, que substituirá a passagem superior atual que desaparecerá,  estará dependente da abertura dos portões da estação, conforme o desenho 134352, o que representará uma degradação da situação atual (isto é, não se trata de uma ligação franca como afirmado na pág.201/379 do relatório do RECAPE)

-  na pág.97/379 do relatório do RECAPE menciona-se que será incluído um atravessamento pedonal da via de acesso à ponte 25 de abril à cota do piso 1 (cais ML, cota 15.85). Parecendo incompatível com o desenho 134352 que prevê a entrada na estação lado Norte à cota 10.35, julga-se de corrigir. Mesma observação anterior, o atravessamento pedonal não deve estar dependente de portões da estação que poderão estar fechados

- não está clara a possível entrada na estação pelo alçado nascente à cota 5.30 (acesso aberto como sugerido pelos desenhos da pág. 25/31 da memória descritiva ou com portões conforme o desenho 134353) e a sua possível relação com o atravessamento pedonal através da ligação ao piso 0 (átrio ML)

- não é mencionada na pág.97 ou 98 /379 do relatório do RECAPE a saída ou acesso sul/centro à cota 10.35 conforme o desenho 134352 (pág. 18/31 da memória descritiva da estação Alcântara) ou o corte no desenho 134360 (pág.21/31 da memória descritiva). Porém, sobre este acesso que dá para um passeio adjacente à via descendente vinda da ponte 25 de abril, há a notar que, por mais guardas que se ponham transversalmente ao sentido do atravessamento e por mais semáforos de prioridade aos peões, estamos perante uma situação de insegurança que por si só justifica a reprovação do projeto da estação. Caso se pense simplesmente eliminar este acesso terão de se redimensionar as  unidades de passagem das  restantes saídas da estação e prever saídas no topo nascente do nível do átrio ao nível da rua

- segundo o desenho 134346, os conflitos de trânsito na praça Gen.Domingos Oliveira vão manter-se ou agravar-se, nomeadamente no acesso à rua de Alcântara. Infelizmente o PUA e o PAMUS  não apresentam melhores soluções, o que indicia deficiente condução dos processos a um nível institucional mais elevado

- embora seja verdade que a criação da rotunda a Poente é uma boa solução, deverão o projetista e o dono da obra reconhecer que as condições de escoamento do trânsito vão piorar nas vias de acesso à ponte 25 de abril devido à redução de 3 para 2 vias no lado sul e, nas duas vias do lado norte, uma maior solicitação de transito de entrada e saída no bairro do Alvito, considerando-se a solução da CML para novo acesso à ponte a norte da ETAR conflituante com as vias atuais e aumentando a parte de custos numa análise de custos benefícios da implantação da estação nos acessos à ponte.

- face ao exposto e não estando estudada nenhuma ligação mecânica que evite o atravessamento de vias rodoviárias (recorda-se o retrocesso que representou a demolição do anterior passadiço de ligação das estações Alcântara Terra-Alcântara Mar) e a perigosidade no atravessamento das sucessivas passagens de peões nos acessos à ponte e na avenida de Ceuta, discordando portanto do afirmado na pág.220/379 do relatório do RECAPE,  só posso acrescentar que o projeto não está em condições de ser aprovado se considerarmos relevantes a fluidez e a segurança da deslocação pedonal , sobrepondo-se a segurança das pessoas à permissividade da declaração condicional da DIA.

 

                                                       a)       Ex técnico do Metropolitano de Lisboa

 

 

 

 

 

 

 


domingo, 25 de fevereiro de 2024

Apresentação na sessão da ADFERSIT de 15fev2024 sobre mobilidade na AML

 

Apresentação na sessão da ADFERSIT de 15fev2024






































COMENTÁRIO ADICIONAL


Todas as intervenções na sessão da ADFERSIT de dia 15 de fevereiro de 2024 poderão ser vistas em:    https://www.youtube.com/watch?v=ECiNxYCxzc0 .


Na minha apresentação  identifiquei-me com a  análise que o prof. Mário Lopes fez na sua apresentação, criticando os critérios seguidos na elaboração e na execução do plano de 2009 de expansão do metro, o qual motivou imediatamente aquando da sua apresentação a oposição das direções técnicas de operação e de manutenção de infraestruturas. Igualmente o seu processo jurídico, apesar do acordo de início das autarquias, careceu da validação pela Assembleia da República, a qual detém, nos termos do artigo 165.1.z  da Constituição da República Portuguesa, a exclusiva competência legislativa sobre bases do ordenamento do território.

Os referidos critérios do plano de 2009  privilegiam  a segmentação ou circunscrição de zonas em detrimento da abertura da rede às periferias visando a construção de parques dissuasores do transporte automóvel junto das vias rápidas CRIL, CREL  e AEs ,  taxando o acesso em transporte automóvel a partir desses pontos desde que houvesse linha de metro de acesso ao centro e complementando as linhas de metro no centro com modos complementares (LRT, autocarros elétricos, frotas partilhadas, vias segregadas para cabinas autónomas a pedido). 
Não foi esse o caminho seguido com a escolha pela linha circular desvalorizando o facto de a sua fiabilidade ser inferior à das duas linhas que lhe equivalessem topograficamente, com a não correspondência do prolongamento da linha vermelha com a  linha de Cascais, ou com a escolha de uma linha violeta de LRT em U que exige um túnel de 3km quando para o prolongamento da linha de metro existente de Odivelas ao Hospital Beatriz Ângelo, com parque dissuasor para o transporte individual proveniente de Ericeira, Mafra, Malveira e Torres Vedras, bastaria um túnel de 3,5 km (libertando o restante da linha violeta para uma ligação linear entre Infantado e Odivelas Poente; registe-se ainda a crítica desse troço ocupar demasiadamente a estrada EN8 em vez de privilegiar o percurso em viaduto sem interferências com o transito automóvel integrando-se no traçado previsto para a grande circular externa em LRT do PROTAML  de 2002 ainda não revogado).
Procurei também na minha apresentação sublinhar a importância da atualização do PROTAML (plano regional de organização do território da área metropolitana de Lisboa) incluindo a compatibilização das infraestruturas de todos os modos de transporte, e que o processo dessa atualização seja aberto e participado ao longo de todas as fases do seu desenvolvimento sem cláusulas de confidencialidade. Tal atualização deveria ser compatibilizada com a elaboração do plano de mobilidade urbana sustentável.
requerido pela revisão do regulamento 1315 das redes transeuropeias TEN-T. Curiosamente, é anunciada na apresentação do eng. Faustino Gomes, dos TML (Transportes Metropolitanos (rodoviários) de Lisboa) que esta já iniciou o processo de elaboração do PMMUS (plano metropolitano de mobilidade urbana sustentável) com a consultora W2Go advogando um processo participativo em sintonia com os requisitos da regulamentação comunitária referida. Esta apresentação reflete o entusiasmo e o otimismo com que o colega Faustino Gomes trata o problema. Infelizmente não posso acompanhá-lo no otimismo, uma vez que a experiência que tive em várias consultas públicas e em vários contactos com entidades de transportes de câmaras municipais têm-se resumido a receber como resposta que os meus argumentos são irrelevantes e que o assunto já está resolvido de outra maneira. Não tenho assim qualquer esperança que seja debelada a moda do metrobus ou do LIOS (não parecem sensíveis os gestores dos transportes municipais à menor eficiência energética do transporte sobre pneus em comparação com a solução ferroviária, nem à ausência de espaço canal para os traçados do LIOS, nem à modesta velocidade comercial que uma elementar medida de segurança contra atropelamentos imporá). 
Uma das razões por que estamos numa situação de mau serviço do transporte público é a descoordenação entre os vários operadores e a subsistência da falta de atualização do PROTAML , que na prática se considera desligado do planeamento dos operadores de transporte. Evidentemente que é de saudar a iniciativa dos TML porque a alternativa mais provável seria a manutenção da não atualização do PROTAML e ficarei contente se estiver enganado ao ter alguma descrença no método proposto.
Voltando à minha apresentação, no panorama geral dos transportes na área metropolitana de Lisboa, sobressairá uma estrutura deficiente do urbanismo e das zonas de atividade primária, secundária e terciária, uma rede de transportes ferroviários insuficiente e, para compensar isso, um peso exagerado do transporte individual e, em menor parte,  do transporte rodoviário. Verifica-se ainda, mesmo nas áreas suburbanas, o desenvolvimento dos sistemas TVDE, lamentando-se que da parte pública não haja correspondência para o desenvolvimento de vias segregadas de transporte autónomo a pedido. 
No caso do metropolitano, é chocante a insuficiência nas ligações às periferias de Lisboa e à zona ocidental da cidade, o que se reflete na dificuldade de atingir o volume de tráfego anterior à pandemia. Para isso também contribui a política restritiva de  cativações ou diferimentos orçamentais responsável   i) pela paralisação de 30% da frota em 2016 por falta de aprovação da despesa de aquisição de novos rodados   ii) pelos atrasos na admissão de novos maquinistas e de novo material circulante, implicando maiores tempos de espera no serviço de passageiros iii) pela ausência de melhoria do sistema de ventilação das carruagens para redução do risco de contágio o que seria um fator atrativo para os passageiros.  
Tentei também relacionar o crescimento da quota modal do transporte individual com a redução da população de Lisboa, pondo a hipótese de que para reduzir a taxa de motorização de 50% para 40% será necessário aumentar a população de Lisboa de 544 mil para 620 mil habitantes, coisa difícil  numa altura em que agencias bancárias vendem prédios na Baixa para construção de hotéis ou fundos estrangeiros compram habitações para alojamento local. 
Para sublinhar a importância do "last mile" ou modos complementares de baixa capacidade e a pedido ("e-hailing", "on demand"), apresentei uma série de referências de fabricantes e a experiência do projeto FABULOS. O objetivo deveria ser a generalização do conceito de ciclovias em vias dedicadas. com 4m de largura, para cabinas autónomas a pedido e bicicletas, como modo complementar em zonas de baixa densidade.
Fiz uma pequena análise multicritério para seleção do modo de transporte comparando para cada fator (capacidade, eficiência energética, ocupação da superfície, segurança, investimento/passageiro-km) o metro, o metrobus, o automóvel privado e a bicicleta.
Vivendo-se neste momento as dúvidas sobre a solução para o aumento da capacidade aeroportuária da área de Lisboa e sobre a sua viabilidade financeira e calendário para a execução, têm sido apresentadas i) como soluções consolidadas a terceira travessia do Tejo por Chelas-Barreiro, a quadruplicação da linha do Norte em Alhandra/Vila Franca de Xira à superfície (quando o indicado seria em túnel por razões urbanísticas) , a localização da estação de alta velocidade na gare do Oriente com remodelação total da estação e afetação da estação de metro (quando não foi sequer estudada a hipótese da sua localização anexa ao AHD) e a remodelação das linhas suburbanas ferroviárias no PFN - plano nacional ferroviário (apesar de desligado da atualização do PROTAML e sem a pronúncia da Assembleia da República) e ii) como soluções em estudo a ligação de alta velocidade Carregado-Lisboa pela margem direita (solução da RAVE  de 2008), ligação pela margem esquerda servindo o novo aeroporto num percurso de mais 50km do que pela margem direita (solução da CTI do novo aeroporto) e a relocalização do terminal de contentores  da Bobadela (a ausência de um planeamento das plataformas logísticas intermodais na AML foi muito bem assinalada na apresentação da engra Susana Castelo) . 
Lamenta-se mais uma vez a imposição de soluções sem um debate técnico e público suscitando a convicção de que as decisões são tomadas ao nível dos ministérios e das secretarias de Estado em função de argumentos não diretamente associados à engenharia das infraestruturas ou da sua gestão e operação, por exemplo de natureza financeira, considerando-se mais relevantes argumentos doutra natureza e impostas as soluções aos operadores e gestores de infraestruturas que dependem das tutelas . A ligação Chelas-Barreiro justificava-se quando a previsão do novo aeroporto era em Rio Frio. Igualmente a decisão entre ponte ou túnel depende de uma campanha de sondagens geológicas que não foi feita. Deverá compatibilizar-se o planeamento dos novos traçados na AML com o regulamento revisto das redes transeuropeias TEN-T de alta velocidade. 
Dir-se-á que toda essa discussão atrasa o processo decisório mas parecerá que deontologicamente compete aos técnicos apresentar, sujeitas a análise multicritérios, as soluções que consideram corretas . Apresentei por isso alguns diapositivos com  hipóteses de novos traçados na área urbana de Lisboa e na área metropolitana que necessitariam de comparação segundo os critérios das análises de custos benefícios definidos na regulamentação comunitária, embora sem esperanças de que essa comparação venha a ocorrer. 
Em resumo, as observações finais do presidente da ADFERSIT, prof. Nunes da Silva (momentos 2:35 e 2:38 no youtube) sintetizam a gravidade do momento que se vive em claro défice de infraestruturas e com procedimentos de tomada de decisões que se traduzem em maus investimentos (por exemplo, na quarta travessia Trafaria-Algés é imperioso prever-se canal para o LRT) que ameaçam o crescimento económico.