domingo, 14 de fevereiro de 2010

Psicorium I - Outra questão de transportes, a psiquiatria

Talvez ficcionemos se atribuirmos ao sequestrador da avioneta que se suicidou em Tires e intenção de precipitá-la sobre Lisboa, no centro político do país.
Mas não foram ficção casos semelhantes que ocorreram em Washington, com avionetas e o Pentágono.
Donde, temos aqui mais um problema de transporte aéreo e de segurança em cuja prevenção deve entrar a psiquiatria.
O pobre senhor, com formação militar, não conseguia esconder os indícios das suas psicoses e da sua doença psicológica.
O facto de qualquer um poder ser vítima de um acidente destes justifica estarmos perante uma “externalidade” (que é o palavrão inventado pelos economistas para designar aquilo de que não tenho culpa, mas cujos efeitos sofro e cuja solução tem custos que vou ter de pagar, tudo sem hipótese para as leis do mercado).
Imaginemos uma questão análoga, uma série de suicídios em estações de caminho de ferro.
A empresa afetada tem o direito de reclamar e de tentar intervir nas causas que deram origem a essa série de suicídios, nomeadamente ausência de um serviço nacional de saúde que detete, acompanhe, sinalize e proponha medidas de solução.
As doenças psiquiátricas são doenças como as outras. Ninguém compreenderia que, se houvesse uma epidemia de constipações, essa empresa de transportes não tomasse medidas de prevenção, isto é, de ataque das causas antes da manifestação dos efeitos.
E é por isso que não estou a propor um Big Brother de vigilância do estado psicológico de cada um .
Estou a afirmar que o estado geral da sociedade e os pormenores do seu funcionamento induzem comportamentos desviantes do equilíbrio psicológico que ao fim de uns tempos dão efeitos como o da avioneta caída em Tires, ou se me permitem, como a violencia doméstica, a criminalidade , os comportamentos de risco determinantes da sinistralidade rodoviária.
Os recentes casos de suicídios na principal empresa de telecomunicações francesa vieram lançar esta luz sobre o problema.
Psicólogo de empresa é função para desenvolver, nomeadamente na sua vertente sociológica.
A psicologia ajudaria a compreender melhor o fracasso das empresas, as baixas taxas de assiduidade e de produtividade, a dificuldade de entendimento entre uns e outros e do trabalho de equipa, até onde o poder detido aos vários níveis pode afetar quem o exerce (mais uma razão para o partilhar…).
A psiquiatria ajudaria a propor soluções.
Que podem não coincidir com as orientações politicas dominantes.
Que, elas mesmo, as políticas dominantes, podem resultar da vontade expressa das próprias vítimas da ausência da Psicologia nas comunidades e nas empresas e, pior do que isso, vítimas das causas que dão origem à sua condição de vítimas.
Por tudo isto, resolvi comprar o livro da senhora Joana Amaral Dias, Maníacos de qualidade (portugueses célebres na consulta com uma psicóloga), ed.Esfera dos livros. E assim se interpretam os factos históricos, alguns omitidos pelas versões tradicionais, mostrando a influencia da psiquiatria. D.Afonso VI, vítima de meningite em criança, era simplesmente psicopata com perturbações anti-sociais, o marquês de Pombal paranóico (descontemos a modernidade do senhor), Antero do Quental sofria de doença bipolar, Fernando Pessoa tinha consciência das próprias neuro patologias…
Sendo assim, não estou a pedir demais que aumentemos a presença da Psiquiatria nas empresas, para tratarmos os problemas das motivações das pessoas, do relacionamento entre elas, das movimentações para acesso ao poder, etc, etc…como dizem os gurus da gestão, o capital humano é o mais precioso…

Sugiro que leiam (e comentem):
http://www.lexpress.fr/actualite/sciences/sante/suicides-mode-d-emploi_495386.html


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