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A reconstrução da linha de caminho de ferro de Coimbra para a Lousã (chamaram-lhe metro, metro do Mondego; mas é como Shakespeare dizia sobre a rosa, podia ter outro nome) esteve inscrita no orçamento.
Fecharam por isso o troço que ainda funcionava e começaram algumas obras.
Vieram os cortes e cortaram mesmo.
A construção está suspensa.
Vai continuar o desperdício no transporte rodoviário.
Poupem-me a fazer as contas do dito desperdício.
Só os ricos podem poupar.
O que me faz lembrar a declaração de Joseph Stiglitz (prémio Nobel da Economia, ex-vice-presidente do Banco Mundial, autor de A desiusão da Globalização), que "os governos europeus que cortam na despesa pública de investimentos reprodutivos, só para compor os números do defice, estão a fazer um disparate".
Era o que eu pensava, mas eu não sou economista.
O que não me impede de tentar compreender o que outro economista (Partha Dasgupta, professor na universidade de Oxford, autor de Economics a very short introduction ed.Oxfrd Press) escreveu sobre a monitorização do PIB e do defice público, que são indicadores a considerar. Mas havendo tantas variáveis no jogo, deve dar-se mais atenção à base produtiva do país. E quer-me parecer que era mesmo isso que mais interessava.
Como já dizia o meu professor de economia no IST: se não conseguirmos escoar a produção porque o preço não compensa (por exemplo, porque a Jerónimo Martins compra fruta em Espanha mais barata do que a produzida cá) então temos de fazer como os condensadores nos circuitos elétricos; criamos a junta nacional das frutas, com armazens frigorificos, e armazenamos a dita, à espera que o preço da fruta espanhola suba, e quando subir, zás.
Acham que estou a brincar? Já não se recordam dos preços dos petroleiros sul-coreanos, antes e depois do fecho da Lisnave e dos estaleiros espanhois e ingleses?
Porque, explicava o professor Daniel Barbosa, é inutil tabelar preços. O que há a fazer é utilizar a lei da oferta e procura, e colocar no mercado a quantidade de produto correspondente ao preço que se deseja.
Terá o professor Daniel Barbosa ensinado aos seus alunos alguma coisa que os economistas não tenham aprendido?
Pobre metro do Mondego. Ou melhor, dos que beneficiariam dele.
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