sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O comboiozinho da Régua

Há meses, a propósito do comboiozinho turistico fazendo a viagem entre a Régua e o Pocinho,
http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=8324446730271013022&postID=6248134248738743262

escreveu este blogue que nem sempre a barbárie triunfa em toda linha.

Infelizmente, com a devida vénia ao Publico:
http://www.publico.pt/Local/tentativa-de-venda-de-comboio-historico-da-cp-suscita-escandalo-e-boicote-na-europa-1525701

a CP Frota, possivelmente num alarde de inovação para reduzir defices, pretendeu vender o comboio histórico de via estreita da Régua, com uma locomotiva de vapor dos anos 20 e outra diesel dos anos 60 do século XX e carruagens desde 1913.
A Federação internacional de comboios turisticos pediu a todos os museus ferroviários que não o comprassem.
Comboios históricos poderão não ser uma exploração turistica rentável, mas caraterizam uma forma civilizada de preservar a memória dos transportes e são uma atividade turistica muito procurada.
Tambem se pode dizer que são uma forma de vida cultural, embora se reconheça a elevada probabilidade de que os senhores governantes com os pelouros da cultura sejam incapazes de o compreenderem como tal.

Por isso,  porque desde o Museu nacional ferroviário até muitos técnicos ferroviários portugueses, existe a consciencia do valor cultural do comboiozinho e porque ser-se economista não pode ser apenas o conhecimento do custo de uma coisa mas tambem do valor dessa coisa,  é uma vergonha que seja preciso técnicos da especialidade estrangeiros virem chamar a atenção para esta selvajaria.
Isto numa altura em que é a própria UE que reconhece que as verbas atribuidas à cultura nos orçamentos nacionais têm de ser subidas.

Mas infelizmente, não parece ser só neste caso que os valores culturais se perdem.
A venda do comboiozinho histórico será a metáfora das privatizações e da venda dos aneis, guardadas as devidas distancias, porque no caso das privatizações sempre havia dividendos apetecíveis que se perdem com a venda, e nos aneis não.
Dirá o senhor ministro das finanças que não há dinheiro.
O senhor ministro é-o por meios democráticos, mas é uma pena a democracia não saber nem poder defender-se deste tipo de ataques.
O que só confirma a baixa do "rating" do indice internacional da revista The Economist para "democracia com falhas": "democracia com falhas - países com eleições livres e justas e com respeito pelas liberdades cívicas básicas, mas com fraquezas significativas noutros aspetos da democracia, incluindo problemas de governação, uma cultura politica subdesenvolvida e baixos niveis de participação politica".

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