quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Alves Redol

Com a devida vénia ao DN, a propósito das comemorações do centenário de Alves Redol, transcrevo parte do depoimento de Urbano Tavares Rodrigues:

"...em Barranco de Cegos ... Redol dá um passo em frente no neo-realismo, pois compreende que para falar com as gerações do futuro tinha de avançar por territórios estéticos novos ...ele era um homem com uma vida cheia de complicações amorosas ... conhecidas quando as suas musas se encontravam umas com as outras nas horas de visita da prisão ... não escreveu sobre os mais pobres, ele escreveu para os mais pobres, porque acreditava que o conhecimento é o maior modificador das vontades e dos destinos".


É esta mensagem, de que o conhecimento é o maior modificador das vontades e dos destinos, aliás glosada mais tarde pelos gurus do marketing e de organizção de empresas sob o conceito de informação, que importava passar às pessoas, da importancia da educação no futuro do país.


Transcrição do artigo da Infopedia sobre o Barranco de cegos, de aparente e perigosa atualidade:

"Situado historicamente no período de falência nacional que sucedeu ao ultimato inglês de 1890, narra a luta de um proprietário ribatejano, Diogo Relvas, contra a invasão das indústrias e dos interesses financeiros, num contexto de progressiva afirmação do capitalismo. O título do romance, Barranco de Cegos, retirado da epígrafe de S. Mateus ("Deixai-os; cegos são e condutores de cegos; e se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco") anuncia, no entanto, que esse combate se encontra à partida perdido: o romance narra a caminhada inconsciente e irremediável da família Relvas e da nação para o abismo de derrota e de morte, simbolizados, no último capítulo, no corpo embalsamado do velho Relvas que persiste em manter-se agarrado à vida. Cegos são os servos, criados e campinos oprimidos, comandados pelo cego, obstinado e autoritário, Diogo Relvas, ele também guiado por outros cegos, os políticos, o rei, correndo todos para um precipício onde "tudo o que merecia ser vivido iria acabar na subversão" (p. 180, Europa-América)."

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