domingo, 31 de março de 2013

O conflito entre a produção e a distribuição

A citação de frases de figuras conhecidas pode ser apenas a projeção no seu autor dos desejos de afirmação de quem cita,  ou numa tentativa mais ou menos iludida de validação das convicções do citador.
Mas são muitas vezes interessantes, as citações.
Vejam-se estas duas de Dinis Machado, o autor de "Que diz Molero":

"Matam-se pessoas ou faz-se-lhes mal; ou ajuda-se quem é possível ajudar se sobra vontade e desejo de o fazer neste nosso universo tão feito de alcatruzes da nora. Há um letreiro invisível: escolha o seu lugar. Escolha bem ou escolha mal porque terá sempre a sua apropriada claque."

É isso, por maior que seja o nosso disparate, teremos sempre ao nosso lado quem pratique o mesmo disparate. Melhor será, para o disparate não ser tão grande, aceitar a colaboração com o outro lado, o lado dos outros disparates, já que a realidade é difusa e sofre da dialética de manifestar sintomas de causas opostas.
O que nos leva à segunda citação:

"A base dos conflitos que se agitam hoje nas sociedades nasce da fricção constante entre a produção e a distribuição"

Não só já existe um grave problema em produzir, veja-se o caso do PIB tão pequeno em Portugal, como depois a redistribuição dos benefícios falha estrondosamente, agravando o coeficiente de Gini das desigualdades.
Dificil sair deste impasse, ou melhor, desta armadilha da pobreza e da zona de rendimentos decrescentes em que a austeridade provoca recessão maior do que a calculada pelos sábios do FMI (todos os economistas com experiencia de economias frágeis sabiam que o efeito recessivo das medidas de austeridade colocaria a economia numa zona em que os investimentos têm baixissimo retorno.
Infelizmente, as pessoas que na altura alertaram para este efeito pernicioso vão continuar a ser ignoradas pelo detentores do poder politico, e apesar de tudo, ainda há cidadãos e cidadãs que tiveram a sorte de trabalhar em áreas rentáveis. 

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