Recordo os debates públicos na televisão logo a seguir ao 25 de abril. Conseguiram-se durante um tempo progressos com o programa SAAL e a intervenção das autarquias :
https://www.abrilabril.pt/processo-saal
Passados uns anos, não houve sucesso no planeamento e na execução e chegamos a este estado da habitação em Portugal que motiva manifestações como a de 1 de abril de 2023, numa cidade, Lisboa, em sucessiva desertificação habitacional e de serviços no seu centro (com edificios de bancos a transformarem-se em hoteis e os habitantes a abandonar as suas casas em ruas pejadas de esplanadas barulhentas pela noite fora) .
Na sequencia da manifestação o senhor ministro afirmou que ofender um polícia é ofender o Estado e ofender todos nós. É uma afirmação de grande profundidade (ironizo, claro) que espelha a dificuldade do País em geral e do governo em particular, de coletivamente, como sociedade que deveria ser organizada, analisar, estudar soluções e planear a sua execução.
Comento, numa tentativa de usar a perspetiva do senhor ministro e da polícia, imagens de duas raparigas "ofendendo" um guarda e portanto o Estado e todos nós, e que segundo o comunicado da PSP teriam danificado montras, e a resposta "heroica" do defensor da ordem, protegido a uma distancia de alguns passos pelos seus colegas, e vá lá, evitando usar o bastão. Não se conseguem ver no video civis a carregar sobre o grupo de policias nem a atirar pedras, mas podemos imaginá-lo, e como a imaginação pode ter muita força, podemos acreditar no comunicado da policia.
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a rapariga de casaco de malha preto ofendendo o Estado na pessoa do guarda, e portanto, no raciocinio do senhor ministro, ofendendo todos os portugueses, incluindo ela própria, e a rapariga de braço nus que se aproxima também para ofender o guarda |
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a rapariga de braços nus e de mãos ao alto já está a ofender o guarda |
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o guarda dá um primeiro empurrão, com a mão esquerda, aplicado ao braço direito da rapariga dos braços nus, possivelmente porque preferiria ser ofendido pela rapariga de casaco de malha preto |
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a rapariga de braços nus, empurrada, recua enquanto a rapariga de casaco de malha preto se move, possivelmente para continuar a ofender |
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mas a rapariga de braços nus insiste em aproximar-se, quer ser ela a ofender o guarda |
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o guarda dá mostras da sua boa preparação física e treino de manutenção da ordem, empurrando segunda vez, com o seu braço esquerdo e aplicando a força na cintura da rapariga de braços nus, que recua, ao mesmo tempo que identifica, o primeiro guarda, a perigosa aproximação da rapariga de casaco de malha preto do colega que avança com passo de autómato |
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a rapariga de braços nus continua o recuo por força do empurrão enquanto este flete a perna direita para ganhar apoio e estende o seu poderoso braço esquerdo para a rapariga de casaco de malha preto |
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a rapariga de braços nus recupera o equilíbrio e insiste em aproximar-se do primeiro guarda, que agarra a rapariga de casaco de malha preto enquanto o guarda autómato contempla a cena |
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a rapariga de braços nus aplica a sua máxima força nas pernas no arranque enquanto o primeiro guarda afasta o tronco para preparar o aproveitamento da força centrífuga e inicia o movimento de tração do braço da rapariga de casaco de malha preto; o guarda autómato previne-se recuando a perna esquerda |
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num movimento coreográfico digno do Marinsky, o poderoso braço esquerdo do primeiro guarda transfere a força centrífuga para a rapariga do casaco de malha preto que animada de significativa velocidade colide com a rapariga de braços nus por sua vez animada de significativa velocidade |
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sendo as quantidades de movimento sensivelmente iguais e de sinal contrário, as duas raparigas param, não chegando a do casaco de malha preto a cair; deduz-se das imagens que as ofendedoras do Estado foram punidas com a dor do choque; entretanto o primeiro guarda e o guarda autómato estão já protegidos por colegas da policia de choque, com os escudos orientados para as duas prevaricadoras; a inferioridade da polícia é gritante |
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confirma-se a inferioridade numérica da polícia e a perigosidade dos manifestantes armados com pedras invisíveis e por isso mesmo ainda mais perigosas
Mais informação no video do MSN : |
Comentários finais:
1 - muito raramente tive contacto com a polícia de choque, mas o episódio que mais me marcou foi algures num 5 de outubro nos anos sessenta. Por momentos fiquei de frente para um guarda do capitão Maltês, aquele que noutras alturas comandava a invasão do Técnico em dias de exame de topografia, e olhos nos olhos, diz-me o jovem, debaixo do capacete, com a voz trémula de receio e a espingarda, talvez uma Mauser, na vertical, também a tremer: "Vá-se embora, vá-se embora"
2 - deixo ainda a recordação de outros dias gloriosos para a polícia de choque:
em 2011 em Atenas
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