domingo, 29 de setembro de 2013

Teoria da compressão. Do McDonald's à herdade de Vale da Rosa

Eu gostaria de não ser mal interpretado. Até porque, de vez em quando, como um hamburguer no McDonald's.
Aprecio nesta marca a disciplina normativa, incluindo a relativa à saúde, e a preocupação em agradar aos clientes segundo as suas especificidades locais.
É também um exemplo de compressão de custos que se revela na sua politica laboral.
Mas já se sabe que a economia atual obriga a salários baixos e sem grande garantia de perenidade.
A compressão de custos permite outra coisa extraordinária.
Uma sobremesa de uvas sem grainha em embalagens fechadas de 60 gramas.
O facto de ão terem grainha não dificulta a reprodução, uma vez que as videiras se reproduzem por estaca e enxertia.
Os bagos apresentam-se individualizados, sem grainha, cerca de 12 por embalagem, de variedade crimson (vagamente moscatel e cardinal).
Falo em compressão de custos (associada a grande escala e automatização de produção, claro) porque seria impensável há uns anos vender uvas já separadas do cacho e embaladas em saquinhos de plástico.
As uvas são produzidas na herdade de Vale da Rosa, perto de Beja, que já exporta para a China e o Vietname, pelo que é ótimo para o nosso PIB.
Cultiva tambem uvas com grainha (para garantir diversidade de variedades).
As uvas sem grainha são praaticamente as unicas que se vendem em paises como a Alemanha e a França.
Porém, e há nestas coisas um porém que facilmente nos faz cair em lugares comuns, que pelo facto de serem comuns não quer dizer que não sejam verdade.
É que o sabor das uvas, francamente, não se compara com o das uvas que eu compro no mercado do meu bairro, nem com as que crescem no meu quintal de 15x4  metros (produção anual de cerca de 30 Kg).
Eu sei que o saquinho tem de levar conservantes, mas tambem sei que aquele sabor, mesmo com vestígios de conservante, não é só por não terem grainhas, é o apreciado em França e na Alemanha.
Estamos mesmo caídos no lugar comum.
Isto é, posso continuar a comer uvas com grainha?
Não é por terem grainha, é por estar habituado ao seu sabor.
Eu sei que é como o vinho, o sabor do vinho português é diferente do espanhol, do italiano, do francês (se o do Alentejo é diferente do do Douro) e os enólogos de vez em quando fazem uns desvios para o aproximar do sabor dos outros, nem é por razões económicas, se excetuarmos a maior facilidade de exportação, mas a diversidade não pode ser um fator de valorização? (os enólogos que me perdoem, mas a sua orientação de produzir vinhos para consumo rápido, que não podem envelhecer, contraria-me, pronto, que hei-de fazer, tenho mau feitio).
Tenho portanto esperança que a herdade do Vale da Rosa mantenha a sua força exportadora e a sua orientação de produção de uvas tambem com grainha.
Obrigado.

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