domingo, 11 de junho de 2017

Longe, longe está Astana ... a cidade da EXPO2017 e do forum future energy

Longe, longe está a cidade de Astana, capital do Kasaquistão.
Escrevo isto por ter lido a notícia, hoje, da inauguração da Expo2017, em Astana, com a presença de antónio Guterres e de Filipe VI de Espanha. Guterres porque é das normas internacionais, Filipe VI porque a ligação ferroviária de 800km entre Astana, a capital e Almaty, a capital económica, é feita em Talgo de alta velocidade. O Kazaquistão é um país rico em petróleo e gás, é governado por uma elite que sobreviveu ao colapso da união soviética, está mal classificado quanto aos direitos humanos, mas é das boas práticas internacionais colaborar com a economia dos países assim para estimular a consolidação da democracia. O canal mezzo mostra por vezes concertos e ópera na sala principal de Astana. Estão abertos à Europa, estão no caminho da nova rota da seda.

https://www.forbes.com/sites/jwebb/2017/01/03/the-new-silk-road-china-launches-beijing-london-freight-train-route/2/#4ce8d4cf7446

Não é pois inocente a presença do presidente chinês e do primeiro ministro indiano.



Então, porque não está ninguém dos orgãos superiores da nossa república na foto oficial? E porque mesquinhez o XIX e o XXI governos portugueses recusaram a presença na Expo2017? Cujo tema é a energia do futuro... Desculpa esfarrapada do governo: nenhuma companhia do ramo quis cofinanciar a participação. No tempo da bancarrota de 1892 estes problemas resolviam-se com subscrições públicas. Agora, é o silencio. Só hoje foi tornada pública a ausencia de Portugal, e nas páginas escondidas do interior dos jornais.
É sintomática a infeliz posição portuguesa na 29ªcimeira ibérica, ao não definir um plano para instalação da bitola europeia que permitisse ligações a Madrid e, consequentemente, à nova rota da seda chinesa. Lá está, não será do interesse das empresas que operam em bitola nacional, que se contentarão em levar as mercadorias até às plataformas logísticas de Vigo, de Salamanca, e de Badajoz...

Mas ainda estamos a tempo, certamente que algumas universidades poderiam preparar uma participação no forum da energia do futuro. Não faltam temas:
- as perspetivas de instalação de fotovoltaicas no Alentejo,
- as ligações por cabo submarino de Portugal a França e a Marrocos,
- a extraordinária realização da central de 750 MW Venda Nova III com as valencias : bombagem reversível para armazenamento de energia em horas de vazio, produção de energia por condutas de modo  a evitar a excessiva ocupação pela albufeira, aumento da capacidade de interligação com Espanha (dá-se o caso deste empreendimento ter tido cofinanciamento comunitário, pelo que não haverá "birra" ou "manha" que possa justificar a recusa da EDP em colaborar)
- a participação da industria portuguesa no desenvolvimento da condução autónoma e dos automóveis elétricos
- a viabilidade de aproveitamento das energias renováveis para a tração ferroviária de longa distancia, para mercadorias e passageiros, e para o transporte metropolitano e suburbano (posso sugerir o meu modesto trabalho
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2013/10/viabilidade-das-energias-renovaveis-em.html      ?)
                                                                                                                                         

Vejam o anuncio do forum:

https://futureenergyforum.org/

Pode ser que ainda haja um rasgo de diplomacia económica, nunca se sabe, neste país...


5 comentários:

  1. Há um português presente. Chama-se Leonel Moura, é socialista, artista tecnológico, mas foi a título individual, e por mérito próprio, que foi convidado. As elites burocráticas, essas, andam a dormir na forma, como sempre, ou à cata de privilégios e mordomias para bem viver sem trabalhar.

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  2. Com os governos que temos tido, a participação portuguesa só é de prever nos casos em que haja dinheiro para distribuir pelos rendeiros cá do burgo.
    Não deixa de ser curioso tanto empenho do Kasaquistão na promoção das energias limpas, que se regista. Mas o que é que eles vão fazer ao petróleo e ao gás que possuem ?

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  3. Sem querer armar em defensor do Kazaquistão, está correto, veja-se o caso de Angola e da desgraça da Venezuela, com o preço do petróleo a baixar.

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