quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Contribuição para a consulta pública do terminal do Barreiro, dezembro de 2018


Terminal do Barreiro - Comentários

Não parecem significativas as diferenças da revisão 2 (jun2017) para a rev.3 atual (dez2018), pelo que se comenta:

1 - A justificação apresentada parece insuficiente por ausência de comparação do impacto económico e da perda de competitividade externa com as alternativas:
- porto de águas profundas na Cova do Vapor/Golada (não confundir com Trafaria, cuja contestação foi utilizada para inviabilizar o porto de águas profundas na foz do Tejo; aliás. será inevitável intervir na zona para fecho da Golada  contra o desassoreamento da Caparica e o assoreamento da barra do Tejo, e para instalação de um terminal de líquidos)
- ampliação com estacaria do terminal de Sta Apolónia, receando-se que o objetivo da sua transferência para o Barreiro seja o imobiliário Sta Apolónia- Matinha
- melhoria da barra e desenvolvimento do porto de Setubal
2 - é exagerada a previsão para o navio de projeto: a sonda disponível (ver carta náutica em anexo) no canal de aproximação é de 6 a 7m e na zona de manobra é 0 (comprimento do navio 350m), o que para um calado desejável de 14 m (!) obriga a dragagens profundas ; existe colisão com a rota do barco do Montijo que terá de se deslocar para onde existem hoje baixios (obrigando a dragagens não pagas pelo concessionário do terminal)
3 - segundo estudo do LNEC, os valores indicados para as dragagens anuais são otimistas, o que justifica a recomendação de se realizarem já experiencias de determinação de taxas de assoreamento tanto quanto possível próximas das condições reais; as dragagens anuais poderão atingir 3 milhões de m3? igualmente se receia que os custos estimados para as dragagens sejam otimistas (2€/m3, quando poderá ser 5€/m3); a localização do terminal do Barreiro é desfavorável do ponto de vista do assoreamento dada a sua exposição aos ventos dominantes N e SW, pelo que se consideram otimistas os valores apresentados, tanto mais que os custos de dragagens deverão ser assumidos pelo concessionário; recomenda-se a sobreposição da carta náutica ao projeto do porto para avaliar bem as necessidades de dragagens
4 - enquanto terminal de contentores de volume significativo para navios de 8000 TEU o terminal do Barreiro não parece, pelo exposto, ser uma boa solução; no entanto, a sua valência como porto fluvial, de ligação a portos fluviais a montante, como receção de transhipment e como terminal ferroviário com ligação a Setubal e Poceirão é importante, sendo desejável para navios de menor calado, mantendo-se os terminais de Alcântara e Santa Apolónia e preparando-se o fecho da Golada e um futuro porto de águas profundas na Cova do Vapor-Bugio.
5 – Insiste-se  e reforça-se a recomendação de realização de ensaios para determinação experimental da taxa de assoreamento

Fernando Santos e Silva









rev.2 junho de 2017

rev.3 dezembro de 2018


Sem comentários:

Enviar um comentário