A figura representa o esquema unifilar (1 traço <> 1 via dupla) do nó ferroviário de Campolide.
Trata-se de um nó complexo, que se foi complicando ao longo dos anos, e que assegura a interligação entre as linhas de Sintra-Rossio, Sintra-Azambuja, Lisboa-Faro, Lisboa- Setubal, Azambuja-Alcantara Terra.
Serviços de passageiros, interurbano, regional e suburbano, e de mercadorias. Apenas alguns troços estão quadruplicados (Cacem-Benfica, Alverca-Braço de Prata, Roma Areeiro-Sete Rios).
A ilustrar a complexidade há a pequena história , na colocação em serviço do "interlocking" (encravamento) computadorizado nos fins dos anos 90 (um dos primeiros nas linhas da CP), o sistema ter sido desligado para correção (aliás rápida) de uma deficiência no software.
Temos agora a confirmação de que o governo pretende remodelar a linha de Cascais com a sua ligaçao à linha da cintura, através do nó de Campolide.:
https://www.publico.pt/economia/noticia/linha-cascais-infraestrutura-comboios-novos-ate-2023-1927863
Pessoalmente, há muito que defendo a ideia que a remodelação da linha de Cascais deveria integrar o estudo com debate aberto de um plano de mobilidade de toda a AML.
As carateristicas da linha parecem-me mais de um metropolitano do que um suburbano, e pelos vistos, quando se usa o argumento de que se quer agora ligar Cascais às estações de Lisboa da linha da cintura, parece que tambem concordam.
Há ainda a questão dos isoladores para 25 kV em ambiente salino agressivo e do material circulante de 25 kV AC ser mais pesado por causa do transformador do que o material para 3 ou 1,5 kV DC (este com o inconveniente de precisar de mais subestações).
Existe ainda a tentação de "urbanizar" o troço Alcantara-Cais do Sodré, o que terá o apoio dos fundamentalistas do "impacto visual".
A construção da estação subterranea de Alcantara será extremamente dispendiosa. São aterros e sedimentos que de acordo com as regras da arte se recomenda construção em estacaria, por exemplo viadutos, mas nunca se quis estudar a sério o nó de Alcantara nem a revisão do plano de urbanização de Alcantara.
No esquema unifilar acima do nó de Campolide, onde a linha de Cascais ligará à da cintura, vê-se que só há quadruplicação das linhas em pequenos troços.
Isto é, pretende-se inserir tráfego suburbano/metropolitano na linha da ponte 25 de abril, em que já hoje os suburbanos impedem o tráfego sem atrasos do intercidades. Seria necessário sextuplicar o troço Sete Rios-Oriente, o que não tem nada de razoável.
Tudo questões que deveriam ter sido estudadas a seu tempo. Infelizmente basta deixar passar o tempo e pedir à senhora comissária da coesão uns fundos para ficarmos colocados perante factos consumados.
Mas quem sou eu para mudar este estado de coisas.
PS em 14mai2022 - dada a insistência governamental na ligação da linha de Cascais à de cintura, junto a ilustração da quadruplicação do eixo norte sul que seria necessária para não afetar os serviços interurbano, regional, suburbano e de mercadorias, e a ligação para um texto complementar de anterior parecer sobre o prolongamento da linha vermelha para Alcântara Terra supondo a desistência da ligação da linha de Cascais à de cintura e da ligação da linha circular do metro entre Estrela e Cais do Sodré:
Apresentando o esquema de outra forma, com ligeiras transformações topológicas, poderá observar-se melhor a dependência da linha Norte-sul relativamente ao tráfego suburbano e regional
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