segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Ainda Santa Apolónia em outubro de 2025


https://www.publico.pt/2025/10/29/local/noticia/seguranca-metro-santa-apolonia-continua-adiar-conclusao-tunel-drenagem-2152417#

Gostaria que o Vale de Santo António tivesse um canal para um metro ligeiro de superfície mas seria pedir demais, idem para a ligação do Terreiro do Paço ao Parque das Nações (como é que um arquiteto de tanto renome não prevê um canal para metro ligeiro, em vez da moda do metrobus.). 

Entretanto a RCM77/2025 é preocupante porque entrega à IP a decisão sobre a localização da TTT e os traçados da LAV porto Lisboa á chegada a Lisboa ou pelo NAL.

Mas volto a Santa Apolónia. 

Consultado o Plano de Drenagem de dezembro de 2015,      https://planodrenagem.lisboa.pt/fileadmin/pgdl/_ficheiros/PlanoGeralDrenagem_2016_2030.pdf           na página 237 lá vem a questão da travessia por cima do tunel do metro. Ela está a cerca de 90 m da estação do metro. Também há referências, como não podia deixar de ser, aos perfis geológicos, sendo do conhecimento geral que quando o edificio da  estação da CP foi construido o rio chegava ao edificio. O tunel e a estação de metro foram construidos em aluvião e aterros, e a estação tem as fundações nos arenitos do miocénico. Mas enfim, temos de perdoar aquela dos terrenos imprevisíveis, perdoar e pagar o adiconal que os empreiteiros fizerem aprovar em decisão arbitral, mas que ao menos salvaguarde a solução técnica que melhor sirva oo interesse público, não o dos empreiteiros (tratamento de segurança pelo exterior). 

Junto um esboço sem garantias de precisão mas feito com base nos elementos do PGDL. Ex técnicos do metropolitano e especialistas do IST e do LNEC farão o projeto e comentários melhor do que eu, mas o que me parece é que a proteção do tunel (a estação não precisa)  deverá ser por estacas até ao miocénico e por jet grouting. 

Mas repito não é a minha especialidade, embora se for preciso intervir internamente o sistema pode ser por chapas aparafusadas como se fez na Fontes Pereira de Melo com o tunel do Marquês.

Enfim, aguardemos o projeto sendo certo que nos termos constitucionais (art 48 direito a informação e participação) deveriam ser mostrados os avanços do dito projeto. Caso contrário é secretismo e desconsideração pelos cidadãos.



Anterior comentário a artigos de Samuel Alemão de 22jul2025 e 25jul2025

Caro Samuel Alemão

Antes de mais, felicito-o pelo excelente trabalho na divulgação das questões impactantes da nossa cidade. Lamento não ter tempo (ou disposição, que os 80 não são nada propícios) para lhe enviar os devidos comentários, e digo devidos no sentido de poderem ser úteis ao seu trabalho. Mas estes dois recentes artigos despertaram-me recordações do meu trabalho no metro. O primeiro porque fala da descoberta da fragilidade dos terrenos de Santa Apolónia, que me fez recordar os tempos de acompanhamento da reparação do túnel do Terreiro do Paço depois do imperdoável desmazelo do empreiteiro na preparação dos trabalhos de ancoragem do túnel, o que originou o desastre. O segundo, por falar numa proposta razoável (mas que o consenso automobilista não aprovará) para a TTT, que a arrogancia e autosuficiencia do XXV governo, surdo a critérios de engenharia de transportes e de ordenamento do território, simplesmente ignorará (até porque os automobilistas também votam).
Pormenorizando:
1 - os terrenos de Santa Apolónia -  Leio com surpresa, nas declarações do diretor geral do plano de drenagem, que "deparou-se-nos algo imprevisível. Os solos à volta do túnel do metro não são tão bons como pensávamos". E que haverá uma interrupção de 8 meses no serviço do metro entre Terreiro do Paço e Santa Apolónia para obras de reforço do túnel.
Surpresa porque de acordo com os regulamentos municipais qualquer obra a menos de 25m do túnel do meto deve ser coordenada com o metro (regra não cumprida aliás quando  na obra do jardim da Praça de Espanha foi partida a abóbada do túnel) . Ninguém terá falado sobre a natureza dos terrenos com os técnicos do metro? O processo está também no LNEC. Ainda estão ao serviço quem participou na recuperação do túnel do Terreiro do Paço. Quem pudesse esclarecer sobre os aluviões e os aterros da zona de Santa Apolónia. Aliás, são do domínio público as gravuras do século XIX contemporâneas da inauguração da estação da CP, ao lado da estação corria o rio. Todos os terrenos ao lado da estação são aluvião e aterros. 
Surpresa também com os 8 meses de interrupção. O túnel do metro consiste de aneis de 7 aduelas encaixados sucessivamente e reforçados longitudinalmente por betão armado no interior do leito de via. Quanto ao reforço, tivemos de reforçar com chapas de aço o troço afetado pelo túnel rodoviário do Marquês na Avenida Fontes Pereira de Melo, sem interrupção da exploração diurna. O troço entre Baixa e Terreiro do Paço também foi reforçado com encamisamento com betão armad, que na verdade obriga a uma interrupção, mas optando por estacas de contenção, o tunel estaria amparado pelo edifico da estação de metrode Santa Apolónia e lateralmente pelas estacs de contenção. Provavelmente o critério será meramente económico, o que for mais barato, saia ou não mais caro no futuro.
Quanto ao túnel de drenagem, não sou especialista de hidráulica mas não me considero suficientemente esclarecido pelo prommotor, especialemnte quando a alternativa (claro, ms cara numa promeira fase) seria a melhoria da linha de água entre Sete Rios/Quinta do Pinto/Praça de Espanha  e Alcântara com alargamento do caneiro ou reposição da ribeira alargada e instalação de baciias de retenção com o objetivo de resistir a precipitações da ordem de 400 litros por dia coincidindo com marés de amplitude máxima (no caso do tunel de drenagem de Santa Apolónia, se a precipitação de 100 litros por dia se concentrar em poucas horas coincidindo com maré viva, o túnel não debitará para o Tejo e a bacia referida de 17000m3 será insuficiente (a propósito, não foi constuida a bacia de retenção de 35000m3 prevista para o jardim da Praça de Espanhae não foi divulgado nenhum estudo abrangente das bacias hidrográficas da AML, incluindo as ribeiras de Algés, Jamor, Barcarena, Póvoa/Trancão).

2 -  proposta da Zero para rejeição da opção rodoviária na TTT - em termos de engenharia de transportes a Zero tem razão. Neste momento, em que o tráfego automóvel desestabiliza a mobilidade na AML, porque o transporte público não tem infraestruturas adequadas e a urbanização tem muitas falhas, lançar mais tráfego automóvel em Lisboa vindo do Barreiro é um erro grave em termos de engenharia  de transportes. Não dignifica os autarcas a sua defesa da opção rodoviária, em vez de reivindicarem uma rede sólida ferroviária metropolitana e suburbana ligando as duas margens na TTT juntamente com o NAL.   Tentei argumentar na consulta pública do PMMUS, sublinhando o incumprimento do regulamento da CE 2024/1679 das redes TEN-T na sua relação com os nós urbanos (coisa desprezada no plano proposto pela TML, tal como o esquecimento do PROTAML que propunha uma grande linha circuar externa de Algés para Loures e Sacavém) . Mas não consegui submeter o meu parecer, provavelmente porque era o último dia e porque os critérios técnicos são considerados irrelevantes nas avaliações de impacto ambiental (refiro como técnicos critérios de engenharia de transportes). E além do mais, a arrogancia , o autoconvencimento do governo que dispensa a audição dos técnicos que não façam parte das suas assessorias apoiantes impede a discussão de alternativas. Esquecendo ainda o governo que constitucionalmente (art 165.1.z), o governo só tem competênca legislativa no ordenamento do território se o Parlamento lha conceder, isto é, o governo estar a dizer que a TTT  será Chelas-Barreiro (outro erro, são mais 10km do que por Beato-Montijo na ligação NAL-estação de Alta Velocidade de Lisboa). E onde estão o as análises de custos benefícios comparativas com alternativas para a localização da estação de AV de Lisboa? e o mesmo para comparação da chegada a Lisboa pela margem esquerda ou margem direita?
Copenhague tinha um problema no planeamento da sua área metropolitana, incluindo aterros para proteção contra subida do nível do mar (Lisboa também tem um problema parecido, a falta do fecho da Golada, que protegeria a margem norte contra a onda do sudoeste). Que fizeram os dinamarqueses? um concurso público internacional e selecionaram um gabinete de engenharia de referência . Nós por cá, deixamos o primeiro ministro proceder inconstitucionalmente ao arrepio dos regulamentos comunitários (depois admiram-se de levarem recusas de cofinanciamento) e dos instrumentos jurídicos de ordenamento do terrritório, para depois, talvez de modo provinciano ou rural como alguém dizia, encomendar aos amigos da IP ou dos seus assessores os traçados das linhas de AV da AML, das travessias do Tejo e das ligações ao NAL. E assim não vamos longe.




Relacionado:


O martírio de Santa Apolónia 

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2025/11/o-martirio-de-santa-apolonia-escrito-em.html


Terreiro do Paço, junho de 2000

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2025/11/terreiro-do-paco-9-de-junho-de-2000.html


Parecer sobre o PMMUS

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2025/10/parecer-sobre-avaliacao-ambiental-do.html











 

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