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sábado, 26 de abril de 2014

Porque não vale a pena argumentar com vocês

Não vale a pena argumentar com vocês.
A discussão tem regras, a apresentação de argumentos e a sua análise tem de se basear em factos sem esconder outros.
Não podem ser meias verdades, tem de se alinhar o maior numero possivel de dados e testar a veracidade destes.
Não se pode generalizar sem cumprir as regras do método indutivo.
Vocês limitam-se a selecionar uma frase de impacto, teasers, como dizem os profissionais da publicidade. E daí não saem.
"Cassetes", como se dizia dantes, quando as vossas crenças neo-liberais não tinham a força que têm agora.
Não posso por isso argumentar com vocês.
Por exemplo, com a senhora deputada, ainda com umas faces rosadas bonitas, que repete no debate que a dívida pública cresceu tanto porque integrou a dívida da CP, da REFER, do Metro (disseram os seus correlegionários que a dívida do Metro já vai em 5,7 mil milhões? quando há dois anos era de 4 mil milhões? que juros são esses, senhora?). Afinal foi preciso vir a unidade de controle do Parlamento explicar que a dívida pública aumentou principalmente por causa dos juros e por causa das operações que o seu governo tem feito de venda de obrigações. Isto é, arranja dinheiro para poder dizer que o défice está contido e que tem depósitos para fazer face às despesas, mas aumenta a dívida. Sabe, senhora deputada, como se chama a este tipo de expedientes em português coloquial, não sabe?
E a outra senhora deputada tambem bonita, mas com a parte mais antipática de ostentar um ar distante, aristocrático e superior nos debates, a repetir constantemente sem ouvir os interlocutores, que o peso das exportações subiu a 40%. É verdade, mas na Irlanda subiu a 90%. E se em Portugal subiu a 40% foi porque os serviços (os tais que não eram transacionáveis, diziam antes os vossos publicitários) contribuem para o saldo positivo da balança (orgulho para o Metro, cuja associada FERCONSULT vende serviços de engenharia para a Argélia e o Brasil). Os publicitários do vosso governo têm razão, é preciso uma mdança estrutural. Mas de organização de todas as forças e de mentalidades, de processos, de trabalho em equipa, de abertura colaborativa, com o interesse nacional a sobrepor-se ao interesse do lucro e das privatizações.
Para que as exportações não dependam tanto da gasolina refinada e mais da produção industrial (investimento precisa-se, claro, não conversa sobre as maravilhas e os teasers do governo, nem a aadoração acrítica dos senhores bem postos que "explicam" ao país quais são os melhores investimentos para os fundos comunitários - a propósito, o QREN de 2007-2013 apenas aplicou menos de 15% em infraestruturas, mas apresenta-se à opinião pública a ideia que se gastou tudo em infraestruturas, meias verdades...).


quinta-feira, 22 de março de 2012

Voltar aos mercados

Às 9 horas em ponto da manhã, nem mais um segundo, nem menos um segundo do dia 23 de Setembro de 2013, quando as portas se abrirem, ele entrará confiante no mercado.

Os jornalistas comparecerão de microfone estendido e abrirão alas para a marcha sorridente e triunfante.
E ao fm do dia, com a sua voz pausada, anunciará o sucesso da operação.
O país voltou aos mercados.
Eu, que acompanhava minha mãe aos mercados quando era menino, e me deixava discretamente afastado enquanto minha mãe negociava com as senhoras das bancas de peixe o preço e a cor das guelras, fiquei com esta ideia deturpada para o resto da vida de que os mercados são negociar a cor das guelras e o preço do peixe, definido não pelo custo de produção, transporte e comercialização, mas pelos mecanismos transcendentes, tão transcendentes como os princípios da Termodinâmica de Carnot, porque será que não posso tirar mais energia de uma entidade do que aquela que lá se pôs, dos mercados.
Mais tarde, acho que compreendi os princípios da Termodinâmica e até as demonstrações da teoria da relatividade restrita e os seus efeitos no cálculo da energia dos eletrões, mas tenho de confessar que ainda hoje não sei interpretar esta frase “voltar aos mercados”.
Leio nos jornais que “voltar aos mercados” significa poder comprar o dinheiro dos empréstimos a longo prazo por um juro razoável, não apenas conseguir obter empréstimos de curto ou médio prazo.
Mas subsiste a dúvida, o que é um juro razoável?
Serão os 7% do limite do senhor ministro das finanças do anterior governo?
O que significaria que, se em 23 de Setembro de 2012 se obtiver um empréstimo a longo prazo a um juro de 6% se voltou aos mercados, mas se o juro foi de 8% não se voltou aos mercados.
Será isso?
E a partir de que valor se considera que já é longo prazo? 5 anos? 10 anos?
Convinha eu perceber, que já tomei nota da fala do senhor governante da voz pausada, que anunciou a data do regresso aos mercados, para poder avaliar se a previsão do senhor ministro estava dentro de uma margem de erro ou intervalo de confiança aceitável.
Embora tudo fique na mesma.
O senhor ministro dirá que conseguiu a consolidação orçamental e que conseguiu “voltar aos mercados”, e se não conseguiu dirá que conseguiu então um outro empréstimo para prolongar a agonia dos juros do empréstimo de 78 mil milhões de euros acordado com o memorando de 2011 e que não há problema em não ter voltado aos mercados porque a Alemanha, a Holanda e a Finlândia concordaram em novo empréstimo.
Mas, mas, isso é uma vitória de Pirro, vamos continuar a pagar cada vez mais juros, quando o que interessava era os produtos alimentares que consumimos sejam produzidos no país, e que exportemos mais em valor do que o que importamos, quer em bens alimentares, quer par aos outros bens.
Ora, o que se verifica é que o valor das importações continua a ser mais do que o das exportações.
Parafraseando Ronaldo, assim não ganhamos o jogo.
E o senhor ministro da voz pausada diz que está tudo bem, que a consolidação orçamental é a prioridade, que tudo o mais se lhe deve subordinar, e que “não haverá um tostão” até ao fim de 2013.
E contudo, contudo não importa que um pobre escriba como eu não compreenda o que é “voltar aos mercados”, apesar de compreender os princípios da Termodinâmica.
O que importa e é grave é que os indicadores de Janeiro e Fevereiro de 2012 não são nada famosos e são justificados pelos senhores governantes de forma acrítica, repudiando qualquer responsabilidade e atribuindo o seu carater negativo a fatores externos "que não controlamos" (que garantias há de nos próximos meses não haver fatores externos?e só agora descobriram que há fatores externos não controláveis  que o governo anterior deveria ter controlado?).
Salvo melhor opinião, os senhores governantes deveriam arrepiar caminho e lançar pontes à oposição e à opinião pública dos cidadãos e cidadãs, em vez de os contrariar com ar olímpico e sobranceiro; como o senhor ministro Relvas afirmou, que no fim de 2012 se há-de ver que a ação deles é que está correta.
Até pode ser que esteja, que este mundo é extremamente complexo e paradoxal, mas não se fala assim às pessoas.
Nos dois primeiros meses de 2012 verificou-se, relativamente a igual período de 2011:

- descida de 1,1% da receita do IVA (previsível consequencia da recessão, e ainda não inclui o efeito da subida do imposto, pelo que a lei de Laffer ainda não contribuiu para maior redução da receita fiscal; tambem ainda não está incluido o efeito, este para crescer, do aumento das retenções na fonte; mas aqui há um problema grave, é que o senhor ministro tinha previsto um crescimento do IVA de 12,6% , mas era uma previsão só dele, possivelmente orgulhosamente só)
- descida de 42,6% da receita do IRC (se não tivesse havido antecipação dos dividendos a descida teria sido de 3,7%)
- subida de 0,3% do IRS (a classe média que pague a crise)
- subida de 191% do défice publico (ver a seguir)
- subida de 3,5% da despesa pública (aumento de juros e pagamentos à RTP)
- subida de 10% dos depósitos das famílias (total: 131 mil milhões de euros – a classe média que pague a crise)

Se a isto juntarmos a triste constatação de que o orçamento foi feito com base no preço do petróleo a um valor inferior ao que já é praticado, só posso concluir que, até ver, a teoria da consolidação orçamental é apenas uma figura de retórica, em voz pausada.
Igualmente fica já demonstrado que a solução não era cortes na despesa, porque depois dos cortes que houve na saúde e na educação continuam a verificar-se valores elevados na despesa (realmente, com os juros qu têm de se pagar, como é que se pode baixar a despesa).
Caso os indicadores continuem assim, parece que ficará demonstrada a necessidade de mudar de políticas, quanto mais não seja tomar medidas de austeridade de emergencia (deslocar a linha dos sacrificis mais para o lado do fator capital).
Salvo melhor opinião.
Mas vamos ter de aguardar mais dois meses.
No entanto, é de assinalar que muitos agentes económicos, fator trabalho e fator capital, continuam a trabalhar e bem, infelizmente em áreas cada vez mais restritas à medida que o desemprego aumenta.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mais um defice colossal, desta vez no 2ºsemestre de 2011

Com a devida vénia ao DN, ao dinheirovivo.pt e a Antonio Peres Metelo, resumo as contas do seu artigo:




Temos assim que, no 1º semestre de 2011, para alem das despesas extraordinárias não previstas no orçamento, apareceram ainda 900 milhões de euros de despesas ordinárias (relativas ao funcionamento normal das instituições publicas, linha 8).
E no 2º semestre de 2011, a acreditar nas declarações do senhor primeiro ministro de 4 de dezembro de que houve um "excedente" de 2000 milhões de euros, temos que apareceram 2650 milhões de euros de despesas ordinárias não previstas (linha 19).
Isto é, no período de responsabilidade do novo governo, com todos os cortes de gorduras anunciados e com todo o escrutínio das contas com e sem troica, as despesas ordinárias não previstas cresceram, de um semestre para o outro, quase 200%.
Evidentemente que os especialistas de "marketing" explicarão que o dinheiro está a ser canalizado para antecipar o pagamento de dívidas ou para pagar dívidas em atraso (e os 78000 milhões de euros do memorando com a troica eram para...?) e que um ignorante de economia como eu não pode ter a pretensão de perceber como estas coisas funcionam.
Porém, se eu apresentasse em casa umas contas para pagar com esta imprecisão de um semestre para o outro, como reagiria a minha mulher?
E se, colocando outra hipótese, se o gestor de conta do meu banco me anunciasse no fim de um semestre que eu teria de pagar uma divida muito maior do que a que me tinha anunciado no semestre anterior, como avaliaria eu a competencia técnica contabilistica desse gestor? Ou admitiria antes que ele esteve a ocultar-me informação? E se sim, que confiança poderia eu ter nele? é que ele estava a gerir o meu dinheiro, era eu o dono do ativo (como qualquer um de nós, como cidadão, é o dono dos dinheiros publicos, não os ministros, pelo que não é admissivel a ocultação de informação nem erros de previsão tão grandes - se as declarações do senhor primeiro ministro de 4 de dezembro correspondem à verdade, claro).
É evidente que, nesta história toda, os donos dos ativos (os eleitores) gostariam de saber quem são os credores, para quem e para que setores de atividade estão sendo canalizados os empréstimos da troica, qual a sua componente produtiva, por que setores de distribui a divida, que dinheiro entra no país e que dinheiro sai, isto é, gostariam que fosse feita uma auditoria às dividas.
Que é assim que fazem quando as contas de casa correm mal.
Mas não estou seguro de que os contabilistas que detêm o poder queiram fazer isso.

Ficheiro Excel em:


PS em 14 de dezembro de 2011 - O senhor secretário de estado da administração pública, Helder Rosalino, veio esclarecer que no orçamento de 2011 apenas se inscreverão, como receitas extraordinárias, 55% dos 6000 milhões de euros do fundo de pensões da banca, a saber, 3300 milhões de euros. 
Isto é, está esclarecida a função dos restantes 45%, os 2650 milhões de euros da linha 19 do quadro (a menos de 50 milhões...) . São o veneno do presente envenenado para os orçamentos de 2012 e seguintes, para ir tapando a despesa do pagamento das pensões dos bancários.
Consegue-se assim um defice orçamental de 4,5% do PIB para 2011, em vez dos 5,9% da troica.
Porém, ouvidos alguns senhores economistas mais cotados na praça económica do que este humilde escriba, registe-se o que dizem:
Silva Lopes: "...vamos ficar a pagar as pensões. É um defice artificial..."
João Loureiro: "... é um artificio contabilistico..."
Miguel Beleza: "...esta receita é fictícia, é uma aldrabice.Todos os governos fazem isto..."
Ora, se os sábios e os ignorantes dizem o mesmo, é porque é mesmo assim. Se um contabilista que trabalhasse para mim me apresentasse estas contas, eu mudava de contabilista.







sábado, 15 de outubro de 2011

A intervenção social da Igreja

Sem esquecer a história da Igreja, o papel da Inquisição no afundamento da cultura portuguesa e a colaboração da Igreja com o regime entre a I e a II Repúblicas, tem de se reconhecer que existe uma doutrina social da Igreja.
E que nos períodos difíceis alguns membros da Igreja dizem as coisas claramente.

Por exemplo, o antigo bispo de Setubal , Manuel Martins, vem dizer que as politicas de austeridade são uma grande desgraça e podem fazer verter o sangue, que já há pessoas com lágrimas de sangue.

Vem ainda o bispo das forças armadas, Januário Torgal, dizer que há falta de lucidez da parte do primeiro ministro, que o povo é abusado e que deveria haver diálogo e a renegociação da dívida.
Na verdade, quando o primeiro ministro diz que se estivesse persuadido que  solução era outra a adotaria, isso significa (agora sou eu a falar) que o critério que usa para aferir da correção de uma solução é a sua convicção.
Temos de concordar que isso viola o princípio do método científico e a prática democrática de encontrar soluções em conjunto.

Diz tambem o bispo das forças armadas o mesmo que este blogue diz, que os "desvios", justificativos do não cumprimento das anteriores garantias do primeiro ministro, não estão devidamente fundamentados.
Por exemplo, quando o senhor primeiro ministro vem dizer que não é responsável pelo défice orçamental, terá de se lhe dizer, olhe que é, olhe que é responsável por um quarto da execução do orçamento de 2011 (3 meses é um quarto de um ano).

Vamos admitir que, no tempo em que estive ativo profissionalmente, submeti a aprovação superior e foi aprovado um orçamento de atividades para o ano X.
Como em qualquer ano X-i, a execução do orçamento ficava sempre aquem, porque à semelhança do cliente do self-service, punhamos sempre no orçamento mais atividades do aquelas que podiamos executar, e a grande maioria era despesa.
Digamos que o orçamento era despesa por um lado e beneficios por outro, na medida em que com a despesa se obtinham ganhos de produtividade e de melhoria de qualidade de serviço.
Mas não interessa agora para o caso e admitamos que o orçamento para o ano X era executável.
Vamos supor que a meio do ano X a administração da empresa se lembrou de fazer uma reestruturação redentora, claramente para corrigir a minha ineficiência e falhas de atingimento de objetivos.
Analisada a situação a meio do ano, verificou-se que apenas tinha sido executado 40% do orçamento.
Situação simpática do ponto de vista dos colegas financeiros que tinham de arranjar o financiamento, mas desagradável porque implicava perda de receitas para os setores que aguardavam as nossas atividades para melhorar a produção.
Em resumo, o meu orçamento, a meio do ano, na altura em que deixei de ser responsável por ele, tinha um desvio de 10% relativamente aos objetivos.
Mas então sobreveio a reestruturação redentora e nos 3 meses seguintes outro responsável alterou o programa de atividades de acordo com o seu próprio programa (ou ausencia dele) e, consequentemente, eliminou atividades que iriam gerar beneficios.
No controle dos 9 meses verificou-se que a execução estava apenas em 60% e o desvio já ia em 15%.
O desvio tinha aumentado porque não se tinham executado ações geradoras de beneficios.
Que se diria do novo responsável se viesse dizer que o novo desvio tinha sido ocultado por mim ou tinha sido uma surpresa?
Provavelmente o que eu diria era que a avaliação do desempenho profissional do novo responsável, se dependesse de mim, seria mazinha.

Pois não foi o que o senhor primeiro  ministro disse? Que tinha surgido um "desvio" inesperado que era preciso combater com mais cortes nos rendimentos do trabalho, no valor de mil milhões de euros, porque não tinham sido aribuidas concessões de jogo, não tinham sido atribuidas bombagens em barragens, não tinham sido atribuidas licenças de fotovoltaicas (até aqui receitas orçamentadas em 700 milhões de euros) e não tinha sido vendido património orçamentado em 300 milhões de euros, por ser de venda irrealizável (experimentaram capitais chineses?).
Pela maneira como falou, ou a semiótica é uma palavra vã, o senhor primeiro ministro não tinha informação suficiente para esclarecer todos os dados do problema.
Por exemplo, isso das bombagens para as barragens.
É uma ação indispensável para rentabilizar as eólicas (a energia que a rede não pode absorver nos periodos de vazio quando há vento é utilizada para bombear a água previamente turbinada para as barragens, para posterior produção de eletricidade).
Mas uma fação dentro do partido do governo defende que as eólicas não são rentáveis e fica mais barato ter grandes centrais de gás natural a produzir energia na base do diagrama.
Talvez por isso o governo não tomou as medidas para bombear mais água para as barragens.
Mas vem agora dizer que não teve receitas?
Evidente, não teve receitas porque alterou o programa de atividades, que tinha sido aprovado pelo orgão soberano da comunidade portuguesa em 2010 para valer por todo o 2011.
Isto é, contrariamente ao que disse, o defice tambem é seu, senhor primeiro ministro, pelo que não tem a minha confiança como cidadão.

Como tambem disse o senhor bispo Januário, não venham por favor com mais desvios.
Apresentem os cálculos fundamentadores, por favor, deixem de falar em desvios como argumento metafísico.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Trichet em Marraquexe

http://economico.sapo.pt/noticias/zona-euro-precisa-de-reformas-orcamentais-mais-apertadas_101810.html


É sempre desconfortável um ignorante como eu comentar as recomendações tão sábias de Trichet, em Marraquexe, no dia 16 de Outubro de 2010.

Até aceito que se tenha como objetivo limitar o défice publico a 3% do PIB e a dívida pública da 60% do PIB, como dizem Trichet e Merkel.

Mas falta o resto da realidade ("Há mais vida para além do defice", não era o que dizia Jorge Sampaio?). Falta ver como anda o endividamento das empresas não públicas, especialmente como vai a vida das entidades bancárias, in e off-shore. E falta ver, principalmente, como anda o cumprimento das cláusulas da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Devemos defender os Direitos do Homem, não é assim?

Bom, então vamos ver o que nos divide:

Trichet quer mais rapidez nas reformas e na punição dos países que falham o objetivo do défice. Não quer que o BCE compre muitos títulos de dívida pública porque isso gera pressões inflacionistas. Também prefere manter o estado de coisas no domínio das taxas de juro baixas a instituições não públicas que depois emprestam a juros altos aos Estados. Acha, ele e Merkel, que o BCE , para ser independente, deve estar acima da vontade dos eleitores.

Que diz Sarkozy a propósito disto? Diz, por exemplo, que as políticas do BCE têm de estar sujeitas a sufrágio universal, isto é, a independência do BCE deve ter como limite a vontade livremente informada e expressa dos cidadãos.

Não é isso que acham Trichet e Merkel.

Quanto a Merkel, é com os eleitores alemães, mas quanto a Trichet, e se acelerássemos a reforma do senhor?

É que nestas coisas sinto-me muito próximo da cultura francesa, aquela da liberté, fraternité et égalité…