Mostrar mensagens com a etiqueta finanças. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta finanças. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Ruinas, Baixa de Lisboa, fevereiro de 2014, ano 3 da troika

rua da Conceição

prédio onde nasceu Alfredo da Silva, da CUF

rua da Vitória

Pátio do Arsenal da Marinha, vestígios dos cais do estaleiro da Ribeira das Naus; escavações perto do túnel do metropolitano

em frente do ministério das Finanças, uma metáfora do ministério: colocar as saídas de drenagem acima do nível das águas

a
que melhor arquitetura para sede da autoridade tributária que a decadente "fin de siècle"?

antiga entrada do ministério das finanças; mais uma metáfora dos tempos
placa no edifício onde trabalhou Fernando Pessoa


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

3 bilhetes postais para 3 governantes - 3 - para a senhora ministra das finanças

3 bilhetes postais que não serão lidos pelos destinatários, nem sequer pelos seus assessores
3 - para a senhora ministra das Finanças

Não iria gostar de ler este bilhete postal.
Apesar dele negar que haja qualquer traço de dissonancia cognitiva no seu discurso.
Não existe oposição entre o que a senhora diz e a realidade.
Não existe uma espiral recessiva, mas existiu sim um domínio angular em que ao crescimento da coordenada angular tempo correspondia o crescimento da distancia polar que representava a queda do PIB (fórmula da espiral logarítmica, aquela em que razões de crescimento de angulos correspondem a razões de crescimento iguais para as distancias polares :  distancia polar = ekθ).
Tal como ainda existe um domínio de uma espiral em que ainda se verifica o crescimento da dívida pública.
Isto é, os indicadores macroeconómicos não estão tão maus como isso porque os privados, como diz João Cesar das Neves, já "ajustaram", embora à custa das transferencias das pensões para o setor privado.
Já reparou que 10% do PIB europeu se destinaram a ajudas diretas dos tesouros públicos aos bancos? E que as ajudas implícitas serão o dobro? 
Vivemos acima das nossas possibilidades e agora financiamos os bancos acima das nossas possibilidades também?
Claro que a senhora não precisa de se preocupar com o sacrificio dos pensionistas, dos que pouco ou nada recebem, dos desempregados e dos emigrantes e até acredito que esteja convencida de estar a ter a atitude correta. 
A sua consciencia apenas a obriga a acertar as contas no exercicio de contabilidade prática que a troika lhe passou e em que vai ter boa nota.
Não precisa (e se precisasse seria indício de que teria a reação normal de criar empatia perante a infelicidade alheia) de se preocupar com o indício preocupante da parte de impostos paga pelo fator trabalho, com peso no PIB inferior ao do fator capital, ser de 75% e estar a crescer de cada vez que se cortam pensões e de cada vez que as receitas fiscais do IRS aumentam 35% e as do IRC 18%.
O seu olhar permanecerá frio, embora eu reconheça que é a unica maneira de sobreviver ao que faz sem recorrer a apoio solidário.
Não quererá contradizer os ideólogos monolíticos de visão tubular anti-keynesiana da escola de Chicago ("sickago").
E assim vai equilibrando as contas ao sabor da  maré e da corrente de transferencia do capital das pensões para os bancos. Apenas aparentemente, claro, porque a margem de erro dos indicadores é superior às melhorias que apregoa, pese embora a sensatez com que pede contenção.
Peça contenção a quem compra Mercedes, Audis e BMWs, a quem lucra com as manipulações fiscais, as exportações de capitais  e as transações bolsistas e no ciberespaço, desde as apostas no FOREX e nas Ava Capital ("regulada" pelo banco da Irlanda?! porque se divertem com quem trabalha?) até às start-ups empreendedoras do que não vemos.
Não peça contenção a quem vive de pensões, deixou de poder ajudar os filhos e  os vê partir para a Austrália e Angola (300 que saem do país por dia, a senhora faz ideia da extensão do crime que isto indicia?).
Claro, claro, 40% do país está a viver bem, claro, só ontem, vi dois Range Rover do último modelo, daqueles todos automáticos, quando fui comprar o jornal, e a votar nos politicos que estão a tomar as decisões que não contrariam o ditado da troika.
Mas seria bom que explicasse ao senhor doutor Medina Carreira, que, honra lhe seja feita, clama contra a imoralidade das PPP, rendas e CMECs mas também acha que não há dinheiro para as pensões (ainda bem para ele que o fundo de pensões que lhe paga a pensão ainda não foi integrado na segurança social), que afinal, a segurança social é superavitária em 2014: receitas 18 500 milhões de euros, despesa 15 300 milhões de euros.
Eu sei que foi por causa do perdão fiscal (mas grande parte da dívida não era à segurança social?),  de transferencias do Estado (mas o Estado não tem de contribuir como qualquer empresa?) e dumas facilidades contabilisticas (afinal, negociar com a troika é possivel, não façam as coisas em segredo, que falta de espírito aberto; já reparou que no  mês seguinte aos públicos lamentos do senhor primeiro ministro de que a troika andava a tratar-nos mal os juros dos "mercados" baixaram? ironizo, claro, apenas para dizer que não eram as eleições antecipadas que iriam fazer subir os juros, são mecanismos estocásticos que escapam ao controle linear).
Haverá de facto um problema de piramide demográfica, mas não é agora, será mais tarde, se o seu governo continuar. 
Ah, outro sintoma de melhoria, as taxas do aeroporto subiram pela terceira vez desde a privatização (ups!, não se dizia que as empresas públicas gerem mal e não sabem baixar as taxas competitivas? a senhora também acreditou quando o seu colega especialista de PPP e secretário de Estado dos transportes lhe vendeu essa? pense duas vezes, pergunte a quem sabe como o mundo dos transportes funciona...).
Eu penso que os senhores governantes deviam deixar de se considerar detentores de verdades e de estratégicas únicas e as melhores. 
Deviam repartir o debate e as decisões, mas não devia ser só com o outro partido do arco da governação, devia ser com os outros e com os grupos de cidadãos (que tem contra o congresso das alternativas? contra a iniciativa para a auditoria da dívida?).
Olhe que na Islandia deu bom resultado...
É que assim como estamos, tão dependentes que somos do poder central europeu (eu gostava de lhe falar numa lei da Física, que explica porque num sistema de constituintes de crescimento proporcional à grandeza instantanea, os constituintes de maior rendimento tendem a aumentar a diferença para os constituintes de menor rendimento, mesmo que esse rendimento seja muito bom; é a lei de Fermat-Weber, que a reserva federal dos USA domina, ao contrário do que faz o BCE; mas não temos oportunidade para discutir isso, bem sei), resta-nos esperar que o ciclo económico externo chegue à alternancia positiva.
Eu diria que o mal é geral e exterior, que assenta muito mais a montante da desigualdade da repartição da riqueza -  assentará na desigualdade da repartição dos meios de produção. É que quanto mais privatizarem maior será a desigualdade.
E como se sabe, países de menores desigualdades sociais funcionam melhor do que países mais desiguais (até o senhor professor Vitor Gaspar falou do coeficiente de Gini).  
É outra lei da Física, um sistema cujos parâmetros do  movimento têm menor dispersão estatística têm um movimento mais estável do que os que apresentam maiores amplitudes.
E também, graças à escola de Chicago e aos exitos históricos globalizantes de Reagan e Thatcher, respaldados pelo petróleo barato do golfo e do mar do norte, podemos ignorar as leis da Física, só que não por muito tempo.
Ah! É verdade, também gostava de comentar a sua afirmação de que nada é dado de graça. 
Olhe que não, lembre-se do que dizia o inventor da vacina contra a poliomielite, Jonas Salk:
"Eu tenho o meu ordenado no laboratório, e a vacina é do povo, não tenho de patentear nada"
Que chocante que isto deve ser para um economista que sabe quanto se tem de pagar por uma coisa mas que ignora completamente o valor dessa coisa...





segunda-feira, 15 de julho de 2013

Vergonha IV - uma entrevista na RTP

No meio da confusão e dos disparates que se dizem na televisão nesta fase de degradação do governo atual, sobressaíram duas entrevistas na RTP com conteúdos muito interessantes. Num dos casos, o CEO da Jerónimo Martins/Pingo Doce, criticando o governo atual e o anterior, apontou como uma das principais falhas o não terem grupos de estudo para compreensao das questões e proposta de soluções. Tem autoridade moral para dizer isso, uma vez que a Fundação Francisco Soares dos Santos é responsável por uma coleção de estudos e pelo debate de ideias. Já não gosto tanto que o senhor confesse que teve de pôr a sede da empresa na Holanda para ir de encontro aos seus acionistas americanos e ingleses. Males da globalização, em que as armas de Portugal não serão das mais fortes. No outro caso, o primeiro ministro do governo anterior apresentou provas de que as contas das PPP do seu governo melhoraram relativamente à situação do governo que o antecedeu quanto aos compromissos anuais, à taxa de rentabilidade (8,5% contra 11,2%, mesmo assim exagerada) e aos sobrecustos. O ex-secretário de Estado Paulo Campos já tinha explicado que muitos dos prejuizos das PPP se devem a contratos de governos da mesma cor do atual (o que não desculpa os danos para o Estado decorrentes dos contratos, embora a falta de experiencia possa ser uma atenuante). O atual governo não ficará bem, especialmente depois de ter "encomendado" um relatório a uma comissão parlamentar. Mas pior do que isso, será a revelação de que a aual senhora ministra das Finanças aceitou contratos "swap" como financiamento transferido de uma empresa privada para a Parpublica em 2012. Se as provas que o ex-primeiro ministro apresentou são verdadeiras, juntamente com cópia do relato (escrito)do problema dos "swap" integrado na documentação da transição do anterior para este governo, então a credibilidade e a confiança na senhoira ministra ficam comprometidas. Se forem verdade, por mais que a senhora diga que os contratos que ela aceitou não eram tóxicos . Os outros, dos gestores demitidos , eram tóxicos? ora faça o favor de pegar num quadro Excel e demonstrar com cálculos , não com palavras ditas com ar muito sério, porque uns são tóxicos e outros não (relembro que o senhor ex-ministro Gaspar nunca apresentou a contra demonstração dos erros do Excel de Rogoff e Reinhardt; trata-se de um procedimento inaceitável em licenciados com formação matemática). Caso não demonstre, não se admire que não tenham confiança nela. Talvez tudo isto seja mais um exemplo da fé cega desta senhora, do seu ex-aluno agora primeiro ministro e do seu antecessor Gaspar, na ideologia neo-liberal, que reduzindo o Estado tudo correria pelo melhor (não correu, a recessão foi superior, o endividamento e o desemprego tambem). Salvo melhor opinião, tudo isto é uma vergonha.

terça-feira, 8 de março de 2011

A natureza explosiva das finanças

O professor João Cesar das Neves não deve gostar do filme Inside Job, a avaliar pelo seu artigo:

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1800235&seccao=Jo%E3o%20C%E9sar%20das%20Neves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

De modo que, de forma interessante como é seu costume, acaba por encontrar a solução para as causas da crise de 2008.
É da natureza das finanças; elas são explosivas, e por isso de vez em quando explodem como a nitroglicerina, ou caem como os aviões (alguma semelhança com a teoria cíclica das crises marxista?).
E o professor interroga-se por que consideram as pessoas normal que haja acidentes com a dinamite e os aviões, e não o aceitem nas finanças.
Permito-me uma explicação:  porque não há leis universais, isto é, válidas em todos os domínios (exceto esta mesmo, claro). O que pode ser válido para a aviação, pode não ser válido para as finanças.
Mas mesmo que fosse, devia o professor pensar que o combustível dos aviões também é explosivo, mas quando o acidente acontece, uma comissão debruça-se sobre o assunto e faz recomendações para evitar a repetição do acidente.
Por acaso, até houve uma comissão para o caso do Lehman Bros, que concluiu que o acidente podia ter sido evitado se não fosem as políticas de desregulamentação, de excessivos empréstimos e de "securitização" das dívidas:


Mas não vale a pena argumentar. A perceção do desequilíbrio de rendimentos (coeficiente de Gini) é grande e é um dos ingredientes para o risco de "convulsão social", como diz o ex-superpolícia.
Será mais uma explosão, controlada ou não. Ver outra analogia com uma situação explosiva, termo utilizado  há mais de um ano por politicos destacados deste país:

http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/01/economicomio-xxxvii-uma-situacao.html

Pensando  melhor, será que o professor tem razão?
E que está a fazer um aviso?
Que vamos ter de lidar com as finanças e a economia com fatos ignifugos, com perímetros de segurança e toda a parafernália das minas e armadilhas?
Bm avisa o senhor Tricheur, perdão Trichet do BCE, que o objetivo é conter a inflação.
E como há pressões inflacionistas a dar com um pau (guerra no Afeganistão, cotação do petróleo, cotação dos cereais) é natural que a pressão da caldeira vá aumentando, até explodir e o sistema regenerar-se por si, até ao próximo dente da curva do crescimento em onda de dentes de serra.