segunda-feira, 15 de julho de 2013

Vergonha IV - uma entrevista na RTP

No meio da confusão e dos disparates que se dizem na televisão nesta fase de degradação do governo atual, sobressaíram duas entrevistas na RTP com conteúdos muito interessantes. Num dos casos, o CEO da Jerónimo Martins/Pingo Doce, criticando o governo atual e o anterior, apontou como uma das principais falhas o não terem grupos de estudo para compreensao das questões e proposta de soluções. Tem autoridade moral para dizer isso, uma vez que a Fundação Francisco Soares dos Santos é responsável por uma coleção de estudos e pelo debate de ideias. Já não gosto tanto que o senhor confesse que teve de pôr a sede da empresa na Holanda para ir de encontro aos seus acionistas americanos e ingleses. Males da globalização, em que as armas de Portugal não serão das mais fortes. No outro caso, o primeiro ministro do governo anterior apresentou provas de que as contas das PPP do seu governo melhoraram relativamente à situação do governo que o antecedeu quanto aos compromissos anuais, à taxa de rentabilidade (8,5% contra 11,2%, mesmo assim exagerada) e aos sobrecustos. O ex-secretário de Estado Paulo Campos já tinha explicado que muitos dos prejuizos das PPP se devem a contratos de governos da mesma cor do atual (o que não desculpa os danos para o Estado decorrentes dos contratos, embora a falta de experiencia possa ser uma atenuante). O atual governo não ficará bem, especialmente depois de ter "encomendado" um relatório a uma comissão parlamentar. Mas pior do que isso, será a revelação de que a aual senhora ministra das Finanças aceitou contratos "swap" como financiamento transferido de uma empresa privada para a Parpublica em 2012. Se as provas que o ex-primeiro ministro apresentou são verdadeiras, juntamente com cópia do relato (escrito)do problema dos "swap" integrado na documentação da transição do anterior para este governo, então a credibilidade e a confiança na senhoira ministra ficam comprometidas. Se forem verdade, por mais que a senhora diga que os contratos que ela aceitou não eram tóxicos . Os outros, dos gestores demitidos , eram tóxicos? ora faça o favor de pegar num quadro Excel e demonstrar com cálculos , não com palavras ditas com ar muito sério, porque uns são tóxicos e outros não (relembro que o senhor ex-ministro Gaspar nunca apresentou a contra demonstração dos erros do Excel de Rogoff e Reinhardt; trata-se de um procedimento inaceitável em licenciados com formação matemática). Caso não demonstre, não se admire que não tenham confiança nela. Talvez tudo isto seja mais um exemplo da fé cega desta senhora, do seu ex-aluno agora primeiro ministro e do seu antecessor Gaspar, na ideologia neo-liberal, que reduzindo o Estado tudo correria pelo melhor (não correu, a recessão foi superior, o endividamento e o desemprego tambem). Salvo melhor opinião, tudo isto é uma vergonha.

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