Mostrar mensagens com a etiqueta privatizações e concessões. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta privatizações e concessões. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Detesto contrariar pessoas

Detesto contrariar pessoas, especialmente se são amigos honestamente crentes nas virtudes da direita democrática.
Claro que acredito haver uma direita democrática, mas existe nela um paradoxo, ou mais.
Claro que também há paradoxos na esquerda democrática, mas agora estou a tratar dos paradoxos da direita democrática.
Por um lado, defende a igualdade de oportunidades e a livre iniciativa do mercado livre. Que o interesse egoista do produtor responde às necessidades do consumidor.
Mas por outro lado, o simples efeito de herança introduz desigualdade de oportunidades.
O filho do soldado terá, tristemente, maiores probabilidades de ser soldado, e o filho do oficial  de ser oficial.
Uma escolaridade não compulsiva deixará as melhores escolas para os filhos dos pais com maior capacidade financeira e educacional, embora estatisticamente haja exceções.
Mas não é só o efeito de herança, a simples aplicação da  lei de Fermat-Weber à economia mostra que os mais fortes têm um poder mais atrativo dos benefícios que os torna sucessivamente mais fortes e distantes dos mais fracos.
A direita democrática não pode negar isto, que é uma evidencia.
Representada por exemplo neste gráfico dos rendimentos S80/S20, em que em Portugal os 20% mais ricos detêm 6 vezes mais rendimentos do que os 20% mais pobres:
dados Pordata no DN do 151ºaniversário
Este indicador S80/S20 está a piorar, em 2010 era 5,7:
http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=42

Mas como é democrática, propõe remédios.
Por isso a direita democrática fala tanto na função do Estado como regulador, não regulamentador.
E aqui caímos noutro paradoxo.
Por um lado, o organismo regulador dependente do Estado corrige assimetrias, mas para poder fazê-lo terá de conhecer por dentro o negócio que quer regular.
Terá portanto de dispor de uma entidade que esteja no mercado produzindo o bem ou serviço desse  negócio.
Porém, aí colide com o princípio que a direita democrática defende que é o de deixar os negócios para os privados.
E então, para corrigir este segundo paradoxo, a direita democrática propõe a figura da concessão da regulação a uma entidade privada selecionada por concurso público.
E eu insisto, caímos outra vez num paradoxo, e neste caso de entrada dupla.
Por um lado e em primeiro lugar, temos um concurso público, teoricamente com igualdade de oportunidades para os concorrentes.
Por outro lado, é necessário que a entidade elaboradora do caderno de encargos e selecionadora do adjudicatário esteja dentro do negócio e o conheça bem, precisamente para equilibrar as condições do caderno de encargos e para avaliar objetivamente os candidato.
Em segundo lugar, por um lado o concessionário que ganhar o concurso será selecionado por apresentar a proposta mais vantajosa par ao Estado.
Mas por outro lado, como entidade privada, o concessionário terá como prioridade o lucro. Por exemplo, aproveitará o concurso para aumentar o lucro da sua empresa proporcionando um benefício a uma outra empresa com que tenha relações privilegiadas.
Estatisticamente, a experiencia mostra que raramente o lucro da entidade privada coincide com o benefício para a entidade pública.
Mas a direita democrática insistirá e dirá que não, que não é raramente , porque o Estado é ineficiente a gerir.
Então temos de analisar essa afirmação com exemplos históricos e com uma inequação:
1 - os exemplos históricos podem tomar-se especialmente na geografia política da América do Norte, com os desenvolvimentos de novas tecnologias com o apoio dos departamentos federais dedicados à investigação, desde a informática da Apple ao GPS, aos radiotelefones por satélite da Iridium, às formas alternativas de produção de energia; pela negativa, temos o afundamento da CIMPOR, da PT, da quase extinção da marinha mercante portuguesa, e os receios das águas
2 - a inequação é que só haverá vantagem para o Estado se os lucros da entidade privada  relacionados com o serviço prestado, atual e futuro, forem inferiores ao diferencial de custos de eficiencia da entidade privada e da entidade pública. Ora, como não é o Estado que gere seja o que for, antes são as pessoas que mal ou bem o fazem, esta inequação só se verifica se se selecionarem incompetentes para o negócio do Estado.
Acresce que a incompetencia dos servidores do Estado num qualquer negócio pode ser estimulada e forçada a partir de entidades privadas contratadas ou concessionadas pelo próprio Estado para otimizar o funcionamento dos seus negócios ou serviços.
Dois bons exemplos disto são:
1 - a lei da contratação pública elaborada por gabinetes privados de advogados, mais ou menos ligados a grupos de deputados do Parlamento ou formando com eles conjuntos de interseção;
2 - as determinações do ministério das finanças obrigando a vistos prévios por ele próprio ou do tribunal de contas, introduzindo atrasos insuportáveis no processamento das tarefas, incompatíveis com níveis razoáveis de produtividade. Isso mesmo se demonstrou com a demora de mais de um ano na aquisição de materiais e equipamentos para o patrulheiro Figueira da Foz construido pelos estaleiros de Viana do Castelo quando importava desacreditá-los; ou, conforme confessado pelo atual presidente da TAP depois de assinado o contrato de venda de 61% da participação pública, o atraso do pagamento de salários e fornecimentos não terá sido por bancarrota de tesouraria/bilheteira, mas porque os vistos do tribunal de contas demoravam sob gestão pública, isto é, por burocracia artificial.

Ora, este é também um paradoxo, o Estado concessionar um serviço reduzindo previamente  a produtividade de um negócio que ele detem, com o fundamento que o concessionário é comparativamente mais eficiente.
Pelo que, chegado a este ponto, desisto de procurar mais paradoxos (por exemplo, porque a privatização de empresas estratégicas foi concedida a empresas de capitais públicos, como a Three Gorges e a State Grid da EDP-REN, ou a Hainan da Azul-TAP?) e digo que é por isto, parafraseando Bertrand Russel ("Porque não sou cristão") que não posso concordar com a direita democrática.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Algumas privatizações em julho de 2015


-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
"O sector privado está totalmente envolvido em corrupção. A agenda de privatizações e liberalização tem sido corrompida em si mesma gerando rendas elevadas, usadas para exercer influência política. Por exemplo, com Obama foram combatidas tentativas de se responsabilizar as instituições financeiras pelas suas atividades. Em Massachusetts, quando o procurador-geral do Estado entrou com uma ação contra alguns bancos, um banco controlado pelo governo federal ameaçou cessar suas atividade nesse Estado.(Pag 160)

Em vez do governo moderar os excessos das forças de mercado, trabalha conjuntamente para aumentar as disparidades de rendimento. (p. 50) Nos EUA um estudo mostrou que, em média, os serviços privatizados cobram ao governo mais do dobro do que seria pago a trabalhadores de serviço público para  efetuarem serviços comparáveis. (p. 143). Esta captação de rendas permite às grandes empresas obter vantagens sobre o resto da sociedade(Pag 46)"

J. Stiglitz, The price of inequality, p. 7, Ed. W. W. NORTON & COMPANY, 2013. Existe também edição portuguesa da Ed. Bertrand. Os números de página entre parêntesis são os da edição em língua inglesa e referem-se a conteúdos ou ideias expressas por Stiglitz

Extraído dum texto de Vaz de Carvalho 
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O texto acima foi retirado, com a devida vénia, do blogue ladroesdebibicletas

http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/05/lembrem-se-do-oceanario-ii.html
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/04/lembrem-se-do-oceanario.html

Não subscrevo integralmente porque não devemos generalizar e no caso do Oceanário até é compreensível o interesse privado dada a formação afim do administrador principal da Jerónimo Martins.
No entanto, mantem-se válida a observação de um dos comentadores: se um procurador privado vendesse um bem à sua guarda que estivesse a dar lucro arriscava-se a um processo grave pelos acionnistas.
Por outro lado, o argumento de outro comentador, de que o Estado não tem vocação e não deve ser distraído com funções como esta (e contudo, o Oceanário tem uma função educativa) é contrariado por este: não é o Estado que faz mexer as empresas públicas, são as pessoas que  lá trabalham. E é muito feio ter inveja dessas pessoas, dizer mal do seu trabalho e querer ficar com o poder decisório dessas empresas.
É pena as pessoas terem esquecido a linha de Melo Antunes, para quem o setor público e o setor privado são perfeitamente compatíveis. Tal como vem expresso no tratado da união.
Mas podemos ter a infelicidade de ter um governo que obssessivamente faz privatizações.
Mesmo que timidamente o tribunal de contas venha explicar que cometeu erros de avaliação (terá? se o objetivo era privatizar, com ou sem avaliação...).
Mesmo que se recorde que o senhor secretário de Estado dos transportes, enquanto administrador do BI da CGD, foi um dos estrategas do TGV Poceirão-Caia, para agora o governo continuar a vangloriar-se de ter parado um  investimento com fundos comunitários que até tinha uma componente de mercadorias (depois ficam escandalizados quando dizemos que conseguiram transformar Portugal numa ilha ferroviária e numa ilha energética).
Veja-se outro exemplo: o sr. Neeeleman já veio explicar que não quer os A350 que poderiam servir as ligações à China (o tratado da união prevê apoios às ligações à Martinica e à Reunião, colónias francesas, seria assim tão complicado recordar aos burocratas de Bruxelas que a ligação a Macau é do interesse da Europa?), e também explicou que é ele que terá o poder decisório porque, apesar de ter menos ações do que o dono da Barraqueiro, cada ação dele vale mais do que cada ação deste.
Confesso que já não gosto da regra básica das assembleias de acionistas, um voto por cada ação. Desde a revolução francesa que a ideia é uma voz, um voto. Agora assembleias de acionistas em que as ações de um valem mais do que as ações de outros, peço desculpa mas isso não é democracia, mesmo que para se viver em democracia se tenham menores rendimentos.
E eis que uma sondagem do centro de estudos e sondagens de opinião pública da universidade Católica vem esclarecer a opinião dos cidadãos sobre a gestão pública e privada.
Por exemplo, no caso dos transportes, 69% dos inquiridos preferem a gestão pública (é provável que depois de várias greves do metropolitano, que por isso mesmo não deveriam revestir a forma de paralisação total, de modo a garantir o apoio da população, essa percentagem baixe).

Eu concluo que se o atual governo respeitasse os princípios democráticos, a decisão de privatização de um bem público só deveria ser tomada com 75% de votos dos representantes no Parlamento. Ou então por referendo...



Extrato do artigo sobre a sondagem do CESOP da Universidade Católica:



Descida do IRS deve ser prioritária
por Octávio Lousada Oliveira20 junho 2015http://www.dn.pt/Common/Images/img_dn/icn_comentario.gif
Portugueses acreditam que já há condições para baixar impostos e defendem a gestão pública dos serviços que utilizam.
Os portugueses não têm dúvidas e dizem que há condições para que os impostos sejam reduzidos na próxima legislatura. Segundo o barómetro de junho, 57% (mais um ponto percentual que em outubro do ano passado) afirma que é possível baixá-los e 28% (menos um ponto percentual em relação à anterior sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica) responde que tal não é viável.
Quando chamados a responder qual deles seria prioritário que descesse para estimular a economia, a maioria (57%) pende para o lado do imposto sobre os rendimentos do trabalho, o IRS, ao passo que 23% defende que a redução deve incidir em primeiro lugar sobre as empresas, no IRC. Já 20% frisa que não sabe por onde se deve começar ou opta por não responder.
Quanto à gestão dos principais serviços e à dicotomia público/privado, os portugueses são contundentes: preferem, nos nove serviços sobre os quais foram questionados, a esfera estatal. São eles a eletricidade, a água, o gás/combustíveis, a educação (até ao 12.º ano), a saúde, os transportes, os sistemas de pensões, a justiça e a segurança. Em todos a margem de preferência é arrasadora.

No caso dos hospitais, 84% é favorável à gestão pública (e apenas 11% à privada), ponderação que é reforçada no caso das escolas de ensino não superior (86% pende para o Estado e 8% para privados). Nos transportes, a balança é mais equilibrada, sendo que 25% vê com bons olhos a gestão privada nesse setor (e 69% prefira a pública). No caso do gás e dos combustíveis, 61% defende a detenção pública e 31% é apologista da gestão privada. Nas funções tradicionais do Estado, como a segurança e a justiça, também não existem dúvida - 84% e 85%, respetivamente, advogam a gestão estatal.
Sobre a Segurança Social, cuja sustentabilidade tem sido usada como arma de arremesso sobretudo entre PS e a maioria PSD-CDS, 42% vinca que será determinante no seu sentido de voto e 48% refere o oposto, embora 80% entenda que deve haver uma clarificação de posições por parte dos partidos antes das legislativas.

Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo CESOP-Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 13, 14, 15 e 16 de junho de 2015. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1048 inquéritos válidos, sendo 55% dos inquiridos do sexo feminino, 31% da região Norte, 24% do Centro, 32% de Lisboa, 6% do Alentejo e 7% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e do Censos 2011. A taxa de resposta foi de 77%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1048 inquiridos é de 3%, com um nível de confiança de 95%.  

domingo, 21 de julho de 2013

Novo aeroporto, novo aeroporto

O ar contente com que o senhor secretário dos transportes inaugurou mais áreas para passageiros no aeroporto da Portela e disse que não interferiria mais na decisão sobre o novo aeroporto e que os especialistas não tinham nada que estar a criticar o aeroporto da Portela. Que a Vinci decidiria.


Fará parte da ideologia do senhor que o que a Vinci decidir será bem decidido, porque é privada.

Eu diria, questão ideológica à parte, que democracia é as comunidades terem uma palavra a dizer e a ser ouvida. E que isso é possível numa democracia, independentemente do seu governo ser de esquerda ou de direita, apesar de raramente ter acontecido na nossa.

A decisão da Vinci será debatida em assembleia de acionistas, sem que os cidadãos aí possam aceder.

É verdade que no tempo da ANA pública também não estava previsto o acesso de cidadãos ao esquema decisório.

Mas isso poderia corrigir-se melhorando a democracia.

Numa empresa privada, cujo principal objetivo é apresentar lucro aos acionistas, isso nunca poderá acontecer.

Por mais forte que seja o “regulador”.

Força essa que nunca poderá ser muito grande porque a partir do momento em que deixou de praticar o negócio começou a perder “know-how”.

É por isso que privatizar e concessionar não tem nada que ver com ideologias, tem apenas que ver onde se quer situar o poder decisório, numa assembleia de acionistas ou num conjunto de órgãos institucionais representativos e com participação de cidadãos (utopia de democracia direta? talvez; no tempo de Thomas More também era utopia viver-se sem escravatura).

Não se está a ver uma assembleia de acionistas da Vinci dar atenção as riscos da inexistência de um pipeline para alimentar a zona de abastecimento dos aviões e que são os riscos de quase uma centena de camiões carregados de combustível pelas vias adjacentes diariamente. Nem ligar muito à violação das diretivas europeias por se ter um aeroporto no centro da cidade (estas coisas evitam-se com projetos bem feitos e submissão aos fundos europeus). Nem questionar-se se 42 movimentos numa pista única não será pedir demais (já se fez o caminho paralelo no norte da pista para evitar o cruzamento nas manobras de taxi?)

Claro que a ANA pública também não ligou muito.

Mas retirar da esfera pública o poder decisório significa abdicar de vez da correção dessa deficiência. Com a agravante do senhor secretário de estado se gabar disso.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Estaleiros de Viana do Castelo, 18 de abril de 2013

A mim continua a chocar-me a conduta do atual governo com os estaleiros.
É verdade que a decisão de anular o processo de privatização e  substitui-lo por um de concessão e decidir um processo internacional de venda do Atlantida  é um progresso, mas lento, inadmissivelmente lento.
Terá servido de desculpa os 180 milhões de euros que  a Comissão Europeia acha que foram indevidamente injetados.
É possível, mas vi no metropolitano devolver-se dinheiro de fundos.
Embora pessoalmente pense que era defensável justificar os fundos invocando as excecionalmente dificeis condições de construção do tunel e estação do Terreiro do Paço, como o acidente provou, ao ter na origem precisamente a adjudicação da construção da estação (que implicava destruição parcial do tunel )  por concurso público a um empreiteiro diferente do construtor do tunel (motivando a perda da garantia, como qualquer comprador sabe).
Ignoro se os 180 milhões de euros poderiam ter uma fundamentação semelhante, que o governo prefere manter o secretismo. Mas sei que a lei da concorrencia que impede os governos de financiar empresas públicas serve para impedir que esse auxilio prejudicasse, por discriminação, as empresas privadas. A lei não serve para beneficiar empresas privadas estrangulando empresas públicas, porque isso não é concorrencia.
Invocando a necessidade de reindustrialização do país, conceito caro ao senhor ministro Álvaro Santos Pereira, a existencia de recursos para financiamento nos bancos que não são utilizados, seria assim tão dificil inscrever os 180 milhões numa divida a amortizar em 30 anos que cobrisse tambem o investimento em chapa e motores para os asfalteiros venezuelanos?
E não poderá negociar-se um tratamento de exceção? Agora que existe um especialista internacionalmente reconhecido em direito comunitario?
Choca-me muito a incompreensaõ e a incapacidade de decisão no caso dos asfalteiros: dada a complexidade do projeto, foi negociado um acordo com uma certificadora maritima.
Mas neste momento penso que já não é possivel cumprir o contrato com a Venezuela.
O caso do Atlantida mantem -se tambem gravemente chocante.
Um projeto escolhido pela empresa açoriana que os estaleiros tentam emendar (deveriam ter-se recusado a receber o projeto russo, que era desadequado para o Atlantico) e vão acedendo em adicionais não previstos no contrato e pedidos pela empresa açoriana, como os  motores para atracação, e com isso sobrecarregam o navio para alem das carateristicas da sua motorização, conduziu a uma situação que o governo não conseguiu compreender ou acintosamente deixou degradar.
Põe-se de facto a duvida, se é incompetencia, ou bloqueio de incompreensão perante alternativas imprevistas do ponto de vista juridico, ou se é vontade de eliminar os Estaleiros.
Pelo mau comportamento do governo neste caso, há quase dois anos, manteem-se as duvidas sobre se poderá levá-lo a bom porto.
Enfim, se o governo já compreendeu que não é aplicável a receita da privatização, compreenderá que um concurso público para concessão poderá, pela sua complexidade, especificidade , exigencia de conhecimento do meio, ultrapassar as competencias de consultores ou gabinetes de advogados que venham a ser contratados?
Não quererão considerar a hipótese de, por isso mesmo, por não haver na legislação da contratação pública procedimentos que prevejam todos os pormenores e que talvez se possa avançar para parcerias envolvendo, por exemplo, o governo da Noruega, para entregar a gestão dos Estaleiros a uma empresa norueguesa que ia fabricando e contabilizando as rendas e as amortizações da divida ao longo do período da concessão? (era assim que os ministros das finanças depois da bancarrota de 1892 faziam...e os do século XVII, a seguir à restauração, também...). Mas que façam isso sem secretismos, e com debates alargados, para que depois não venham justiceiros querer pelourinhos.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Notícia sobre as privatizações em 27 de Janeiro de 2013


O DN publicou hoje uma entrevista com Paes do Amaral, apreciado empresário da comunicação social, portanto insuspeito de partilhar com este blogue utopias demasiado democráticas, passe a gradação do conceito.
Diz o senhor que se surpreendeu com o “adviser” do governo no processo de privatização ou concessão da RTP, que “pessoas que não sabem nada do assunto falem sem tentarem falar com o setor e informarem-se melhor.” E que ninguém iria pagar um preço razoável para depois ter de continuar a investir (50 a 100 milhões de euros).
Não admira portanto que o governo, apesar da sua obsessão ideológica (ou talvez et pour cause para não prejudicar os grupos privados que já estão no negócio), tenha desistido da privatização/concessão.
Isto faz-me lembrar o senhor secretário de Estado dos transportes Sérgio Monteiro, sempre muito animado com o seu programa de privatizações/concessões, embora remetendo para os seus consultores o conhecimento, e a incumbência de fazer os cadernos de encargos, e ignorando o setor e as pessoas que têm experiencia do negócio.
Podia aproveitar-se este exemplo para informar a opinião pública de que afinal os processos são parecidos, RTP e Metro.
Podia aproveitar-se os períodos de greve para transformar a greve em greve de zelo e em breves paragens nas estações recordar os procedimentos de segurança (não estacionar entre a faixa amarela e o bordo do cais, não forçar as portas…) e as petições de principio que estão na base das propostas de privatizações/concessões (a enorme dívida das empresas deve-se aos investimentos que deveriam ter integrado a conta do Estado e não a conta das empresas).
Até pode acontecer que os grupos internacionais concluam que neste momento, com a economia em recessão e a procura de passageiros a diminuir, não interessará meterem-se em trabalhos destes.
Ou então, podia ser que o senhor secretário de Estado analisasse melhor os cálculos e os argumentos deste humilde escriba em
e




terça-feira, 8 de janeiro de 2013

53º aniversário da exploração do metropolitano de Lisboa


Este blogue junta o seu apupo ao da comissão de trabalhadores e da comissão sindical do metropolitano de Lisboa ao senhor secretário de estado dos transportes ao entrar na festa à porta fechada dos 53 anos do metro.
Apupo porque o governo mantem a prepotência e o secretismo das negociações com a troika para a solução financeira da dívida do metro devida aos investimentos do estado na construção dos túneis e estações,  e para a concessão a privados.
Informou o senhor secretário de Estado que as negociações são conduzidas pela senhora secretária de Estado do Tesouro (a senhora que negou existir uma espiral recessiva poucos dias antes de Christine Lagarde explicar o efeito redutor da austeridade na queda do PIB).
Não reconheço, como técnico de transportes, nem competência técnica nem experiencia nestas questões nem à senhora secretária de Estado nem aos representantes da troika.
Cumprem uma agenda cegos e surdos às informações sobre os erros de privatizações ou concessões anteriores (metro de Londres, metro do Porto) e sobre os argumentos válidos de empresas como a RATP.
Apupo porque ainda estão a estudar se darão a concessão a um ou dois operadores.
Este blogue já apresentou os argumentos com base em cálculos.
Ver em
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2012/10/dedicado-ao-senhor-secretario-de-estado.html

Duvido que os senhores governantes ou a troika os possam rebater.
Apenas podem continuar a ofender quem trabalha dizendo que a eficiencia da gestão privada será melhor.
Analogamente ao setor da energia, o setor dos transportes sofre a fúria privatizadora dos neo-liberais burocratas de Bruxelas sem respeito pela regra dos 2/3 de eleitores que validem a decisão da privatização ou concessão.
Não poderá pois invocar-se a legitimidade democrática para essas decisões.
Gostaria de pegar nas palavras do senhor secretário de Estado, que “as greves aceleram o processo de privatização ou concessão” para sugerir uma segunda fase aos trabalhadores do metro que lutam pelo seu ideal.
Efetivamente as greves afastam os passageiros da solidariedade com os trabalhadores do metro. Infelizmente, essa solidariedade só seria garantida a posteriori com a catástrofe do desemprego comum. Que é o que não queremos. Por isso insisto que deve ser mantido o critério de manter o sistema de transportes a funcionar sempre, e não é por o senhor secretário de Estado dizer isso que eu terei medo de o dizer tambem.
Por isso proponho que as greves sejam de zelo sem paralisações, apenas com avisos com antecedência de que em determinado dia em determinado intervalo de tempo as circulações terão ligeiros atrasos devido ao cumprimento de regras de segurança e à informação aos passageiros sobre as regras de segurança, sobre as razões da divida devida à construção dos túneis e estações, e sobre as implicações da politica de corte de investimentos na segurança, na eficiência do metro e na economia da cidade (o investimento com fundos QREN em infraestruturas que economizam combustível e dinamizam a economia como os metropolitanos, é inquestionavelmente uma forma de crescimento do PIB).

Assim, a luta dos trabalhadores do metro seria também a luta dos passageiros contra o desemprego.