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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

DN de 2011-11-16 . IV - Desconfiança de que é short-selling

Voltando ao tema das vendas a descoberto, tratado em
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/11/vendas-descoberto.html

sucede com o humilde escriba deste blogue, relativamente aos jogos de bolsa, o mesmo que com o ex-ministro das Finanças que repôs a bolsa em funcionamento, Miguel Cadilhe.
Pura e simplesmente não jogava, contentando-se com uns certificados de aforro e, se a memória não me falha, com umas obrigações de Tesouro adormecidas até ao resgate.
Porém, considera o humilde escriba  a bolsa um interessante método de sondagem para avaliação de empresas.
Mas apenas um dos métodos, que deve fazer o mesmo que os jogos, servir de entretenimento, nunca de vício ou castigo para o jogador.

Isto a propósito da notícia do DN de 2011-11-16, que  o escriba reputa de particularmente interessante.
Funcionou um alarme da comissão do mercado de valores mobiliários (daqueles por software) de variações demasiado bruscas na cotação de ações de um dos 4 grandes bancos da nossa praça em sucessivas e massivas operações de compra e venda.
As ações do banco desceram a um valor mais baixo de sempre (estaria isto relacionado com a "recapitalização"? quem queria comprar soprou qualquer coisa a desmerecer nas ações?), depois subiram 12% (depois de compradas, basta propalar que afinal não havia razão para descrer, e já há um lucrozito para vender outra vez) e, finalmente . Foram transacionadas cerca de 220 milhões de ações, no valor unitário de 10 centimos. Cerca de  3% do capital do banco. Imposto sobre estas transações: zero.

Não põe o escriba de parte que alguem tenha lido neste blogue o texto do endereço acima, contendo a descrição das habilidades de Berlusconi para dar a ganhar a amigos uns dinheiros em vendas a descoberto na bolsa de Milão.
E tenha querido experimentar na bolsa de Lisboa.
Nunca se sabe.

Ah! É verdade, já me esquecia.
É outra notícia do dia.
O parlamento de Estrasburgo  aprovou um novo regulamento restritivo das vendas a descoberto e dos CDS. Para combater os ataques sobre as dívidas dos estados e a "volatilidade" e "instabilidade" dos "mercados".
Pena só começar a valer em novembro de 2012.
Mas, será que alguem vai passar um recibo a dizer: eu, investidor A, declaro que lucrei X euros em consequencia de combinações de jogos de bolsa não inteiramente compatíveis com a ética e os regulamentos, com o meu amigo corretor B a quem gratifiquei com Y euros ?
E depois não querem que os indignados de Wall Street, das Puertas del Sol e da catedral de S.Pedor e S.Paulo digam que o sistema financeiro está podre e que o presidente Obama diga que não foi eleito para fazer o jogo dos senhores de Wall Street (ai BCE, BCE...).



Nota - CDS (credit default swaps) ver o filme Inside job, ou
http://en.wikipedia.org/wiki/Credit_default_swap
São apólices de seguro que o investidor compra para cobrir o risco do emitente das obrigações não pagar a dívida. Por exemplo, por cada 100 que o investidor empresta (ou obrigações em que investiu) paga 3 de seguro à seguradora. Não parece muito sério que isto seja transacionável, pois não? especialmente quando os juros sobem, sobem, com a desculpa de que o devedor pode entrar em incumprimento; mas entretanto acabam por receber da seguradora, não é? exceto se a seguradora rebentar, como foi o caso da AIG aquando da falencia do Lehman Brothers. Os CDS são ótimos para vendas a descoberto e parece que foram mesmo dos principais responsáveis pela crise de 2008. Vamos estar até novembro de 2012 sugeitos a isto?
A regulamentação dos CDS é o objeto da medida nº3 das 22 medidas do manifesto dos economistas aterrados já falado em
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/10/economicomio-lxii-as-22-medidas-dos.html
Nunca é tarde para se fazer o que a esquerda propõe.

sábado, 12 de novembro de 2011

Vendas a descoberto

Vendas a descoberto, vendas a nu, ou "short-selling" -  venda por uma pessoa, que as detém provisoriamente por empréstimo, de ações pertencentes a terceiros, pelo seu preço no instante t1, esperando ou provocando o abaixamento do seu valor no instante posterior t2, altura em que as volta a comprar pelo preço mais baixo, lucrando a diferença.

Vem isto a propósito da prorrogação em 10 de novembro de 2011 por mais 3 meses da interdição pelo banco nacional francês de vendas a descoberto. Trata-se de uma medida contra a crise, tal como a proposta de taxação das transações financeiras.

O livro "A sabedoria das multidões" dedica um capítulo a este tipo de manipulações bolsistas especulativas. O senhor primeiro ministro diria, embora correndo o risco de melindrar o senhor ministro das finanças, que são malabarices - qualidade de quem pratica jogos malabares -  de investidores com pouco sentido ético; ou talvez não achasse isso e considerasse estas práticas como justas atividades para obter lucros; embora não pareça saudável uma valorização de ações em bolsa a que não corresponda um valor acrescentado efetivo através do crescimento de produção de bens.

Serve tambem de pretexto para contar a história que António Tabucchi, escritor italiano e professor de literatura portuguesa, contou sobre Berlusconi.
Num belo dia de outubro deste ano, Berlusconi pediu ao seu amigo diretor do principal jornal de Milão que publicasse a notícia de que ele, Berlusconi, iria demitir-se.
O jornal publicou a notícia, as ações na bolsa de Milão foram abaixo e os colaboradores de Berlusconi compraram os lotes de ações que mais lhes interessavam. No dia seguinte Berlusconi desmentiu a demissão, as ações voltaram a subir e os colaboradores de Berlusconi venderam novamente as ações, lucrando a diferença.
Ironicamente, um mês depois, o senhor parece que tem mesmo de demitir-se.

Esta história faz-me lembrar também uma câmara municipal do sotavento algarvio em que numa zona de moradias junto da praia existia uma estação de tratamento de esgotos a funcionar de forma incompleta, libertando assim cheiros inconvenientes e desvalorizando as casas. Dizem as más línguas que as obras da  ETAR se prolongaram o tempo suficiente para que o poder económico local pudesse comprar as casas.Seguiu-se a rápida conclusão da ETAR e a valorização das casas, que foram então vendidas novamente.

"Short-selling" é assim mais um exemplo de que o sistema financeiro vigente não serve os interesses das comunidades e, portanto, deverá ser mudado.
Pelo menos era o que Obama dizia, que não tinha sido eleito para fazer a vontade aos senhores de Wall Street, e é o que se verifica na UE, com a incapacidade do poder politico se libertar do poder financeiro, isto para não falar dos cancros das "off-shores" que sugam os dinheiros que fazem falta nos paises.

Com todo o respeito pelos senhores banqueiros, especialmente os portugueses, que andam tão receosos de ser nacionalizados com os 12 mil milhões da troica, parece mesmo que o sistema financeiro devia ser mudado.