quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A fotografia que não vai concorrer





Esta fotografia não vai concorrer a nenhum concurso nem vai figurar nas antologias das melhores
fotografias do ano e que depois nos encantam nos emails de lazer.
Foi tirada de noite, à pressa, com uma limitada câmara de um telemóvel.
Melhor assim, também, que não estou a violar a privacidade de ninguém.
Aquela mancha clara, abrigada à esquerda da entrada do prédio, entre o pequeno descapotável, com o seu “hard top” montado, que estamos no inverno, e a montra de cabeleireiro, não é um amontoado de pacotes de cartão, à espera da recolha por empregados de empresas inscritas nas finanças ou por “free lancer” de recolha de resíduos que os reciclam e vendem.
Aquela mancha clara é um ser humano.
Mais valia que se poupassem nas exibições televisivas a falar de que estado social querem os portugueses pagar, que vivemos acima das possibilidades, e que se limitassem a mostrar fotografias assim e a convocar técnicos para estudar o assunto , propor soluções e aplicá-las.
No terreno, como dizem os especialistas de marketing comunicacional .
Ah, é verdade, serviços existem, mas não há dinheiro para pagar aos técnicos.
Esperamos então que a riqueza se distribua segundo as regras de mercado e que de escoamento em escoamento chegue aos sem abrigo?
Não chega, pois não? Então as instituições não estão a funcionar regularmente, salvo melhor opinião. Já nem é um problema politico nem ideológico, será um problema de simples atribuição das verbas disponíveis, publicas e privadas, claro.
Pensar talvez que é preciso subir o PIB, melhorando a correspondência entre a realidade e o seu valor, aproximá-lo dos valores normais na Europa. Mas subir o PIB implica subir o emprego, e os políticos e os grupos económicos que detêm o poder financeiro não querem.
Vivemos acima das possibilidades, e claramente abaixo das potencialidades.
É como no futebol.
Chega uma altura em que não vale a pena discutir táticas ou estratégias.
Só mudando de treinador, ou de equipa de treinadores. Pode manter-se parte da equipa de treinadores.E contratar novos colaboradores com conhecimentos técnicos. A diversidade de ideias é boa conselheira.
Salvo melhor opinião, claro.

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