terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Olhos nos olhos na TVI24, em 26 de janeiro de 2015


http://www.tvi24.iol.pt/programa/53c6b3963004dc006243d285/olhos-nos-olhos

Com a devida vénia ao programa de Medina Carreira e Judite de Sousa, retenho que as despesas com juros da dívida pública em 2010 eram de 13 mil milhões de euros e em 2015 (orçamento do Estado) são de 4,8 mil milhões (mérito da aleatoriedade das flutuações financeiras e da intervenção do BCE, não de virtuosa politica do atual governo, ou de como uma pequena economia não poderia influenciar tanto as taxas de juro)



Parece portanto que, apesar dos cortes em serviços essenciais para a dignidade de vida, o principal fator que permite equilibrar as contas é a descida dos juros, independente da ação do governo, possivel consequencia das intervenções de Mario Draghi e do receio dos credores de matarem a galinha dos ovos de ouro.
Sendo assim, parece confirmar-se que  o resgate foi necessário por não haver dinheiro para pagar os juros, depois de pagar os salários.
Será portanto abusivo dizer que não havia dinheiro para pagar salários e pensões (por acaso o dinheiro da segurança social, que em 2010 tinha superavit, não é do Estado, é dos contribuintes), para mais depois do então governo ter pago um reembolso obrigacionista de 9 mil milhões de euros (se não me falha a memória).

Outra informação interessante deste programa foi a de que as pessoas que trabalham nos bancos afirmam que há dinheiro para financiar (não precisariam do quantitative easing, talvez) mas não há projetos credíveis para financiar.
Isto é uma barbaridade, num  país a necessitar de reabilitação urbana para repovoar as duas principais cidades, de construir infraestruturas ferroviárias para poupar a importação de combustiveis fósseis (para não falar na necessidade de aumentar a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, negociando com a Europa a exportação de energia) e de aumentar a produção de alimentos, nomeadamente em aquacultura.
A barbaridade agrava-se quando é a própria união europeia a dizer que há dinheiro para investir, mas não aparecem os projetos (recordo o prazo de 26 de fevereiro de 2015 para apresentação de projetos ao CEF (conneting europe facility). Citação da comissária europeia dos transportes, num discurso em 21 de janeiro de 2015: " Unfortunately, despite available financing resources and low interest rates, the investment remains limited."

Mas é assim que vivemos, na dependência das decisões ou omissões de economistas soberanos, pequeninos títeres no seu poderio provinciano, e um pouco mentirosos, quando diziam que não havia dinheiro.
Como habitualmente, depois do programa olhos nos olhos, passou o anúncio de um automóvel de cerca de 75.000 euros e de uma corretora bolsista sugerindo compra de ações no mercado internacional.

Não tenho portanto confiança neles, como já se disse neste blogue.
Não querem verdadeiramente melhorar a vida das pessoas.

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