Esta é uma pequena provocação para os meus amigos que defendem com unhas e dentes a solução do aeroporto do Montijo.
Evidentemente que o aeroporto da Portela não está esgotado. Bastava alargar os canais de saída e aumentar o quadro de funcionários do SEP e o pobre remendado já aguentava mais umas sobrecargas (os canais na mecanica de fluidos dimensionam-se para as pontas e não para os valores médios) . Para não falar, claro, no taxiway a nordeste, na saida do Figo Maduro e no novo sistema de controle aéreo (25 M€ ?).
Só que, e aqui entra a provocação, petit a petit se vai gastando dinheiro em remendos cuja acumulação deve comparar-se com os custos de um aeroporto novo a sério. Isto é, tudo o que se gasta com a Portela+1 reduz o diferencial para os custos do novo (deixemos por agora a contabilização dos riscos de termos os depósitos de combustível ali ao lado abastecidos por uma correnteza de auto-tanques julgo que da ordem de uma centena de camiões por dia, de Aveiras para Lisboa, no meio do transito citadino e intercitadino).
E quanto ao Montijo, (já terá saído, o EIA? e já se sabe quanto custa expulsar a força aérea?), cujos custos também abatem no custo do novo a sério, se quisermos comparar soluções, começa finalmente a falar-se sem vergonha que afinal não está pronto antes de 2023 (5 anos - quanto leva um novo a sério a construir? 10? 12?).
Isto é, gastemos o que for preciso e demoremos o tempo que for necessário para poupar o que for possível em tempo e dinheiro.
Esta do "a sério" ficou-me de há muitos anos ter aprendido no metropolitano com um projetista de redes de transporte suiço, que para além dos métodos de análises custo-benefícios e de simulações de pares origem-destino, há um método que deve sempre ser aplicado, até porque não precisa de muitas ferramentas, informáticas ou não, e que é o que se faria se não houvesse o mínimo constrangimento financeiro, e depois de ver o que seria melhor para todos, descer à terra e ver se petit a petit se podia ir fazendo qualquer coisa parecida (método sistematizado no metro de S.Paulo, sob o título "o corredor progressivo").
É verdade que há os apetites da imobiliária (contra os quais há uma coisa que se chama imposto extraordinário sobre as mais valias da localização a aplicar com a licença de construção) e que quem está habituado a trabalhar na Portela não quer mudar (e contudo, uma ligação ferroviária de 20 minutos resolvia o assunto). Mas a verdadeira razão
(para além da do costume, não há dinheiro:
mas isso não impede a preparação de um programa base)
é que a sociedade portuguesa não é capaz de cumprir o artigo 2º da constituição da república, o da democracia participativa.
Não nos entendemos, pronto, se a LAV vai ao Poceirão e do Poceirão ao Montijo ou ao Barreiro, se atravessa por ponte ou por túnel, ou se vai antes ao NAL de Canha e por tunel ou ponte aterra em Alverca e desce à Expo ou faz uma pirueta pela margem esquerda. Não nos entendemos, pronto, enquanto a tia de Bruxelas vai poupando uns cobres que escusa de mandar para cá, o que até tem a vantagem de permitir que os nossos eurodeputados se queixem e se queixem, mas apresentar propostas concretas de infraestruturas de suporte do crescimento económico é que não, além de que os senhores dos governos, os sucessivos governos, escusam de ficar sujeitos ao escrutínio anti-corrupção, não fazendo nada, de nada podem ser acusados pela turba.
Um grande abraço, à portuguesa
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