quarta-feira, 3 de outubro de 2018

março de 1998 - na estação nova da Alameda

março de 1998, na estação nova da Alameda, da linha vermelha que se inauguraria no mês seguinte, um mês antes da abertura da Expo 98, ouvia-se falar russo, nos andaimes das obras de acabamentos e de instalação da iluminação, ao mesmo tempo que já circulavam comboios em testes. Tchó éto takóie? (o que é isto?), disse eu a um russo empoleirado num andaime demasiado próximo da borda do cais. Claro que não percebi a resposta e tive de me entender com o encarregado portuguès.
Mas o episódio mais interessante tinha sido com um técnico francês da empreitada de sinalização e ATP/ATO (pois, funcionou na linha vermelha um sistema de condução automática, em que o maquinista se limitava a comandar as portas e a dar o sinal de partida, o resto era automático, com a tecnologia disponivel na altura, o sistema era eficaz; funcionou de 2000, depois de exigirmos umas correções conforme o caderno de encargos, até 2009, por a administração não querer equipar com condução automática o prolongamento de Alameda a S.Sebastião e querer fazer uns cortes com a manutenção do sistema).
O francês olhou maravilhado para o teto da estação, no átrio intermédio de distribuição pelas 4 escadarias para os cais e perguntou-me porque  se desenvolvia a abóbadano sentido longitudinal e não no transversal, como seria lógico. E eu respondi que era uma abóbada falsa, e que a forma da sua construção e decoração, com revestimento de mármore rosa, tinha sido escolhida para ficar mais caro.
O francês riu-se, mas percebeu que eu estava triste por se ter desperdiçado tanto dinheiro sacrificado à vaidade de decisores e arquitetos premiados, que liminarmente rejeitaram a proposta de aproximar o mais possivel os centros de gravidade da estação nova e da antiga (para minimizar os tempos de transbordo)  e de aproveitar o resguardo existente a norte da estação Arroios para fazer a ligação entre as linhas verde e vermelha, porque queriam um corredor cheio de lojas.
Mais acima, na estação Olaias, o orçamento para completa execução do projeto de outro afamado arquiteto era  de 60 milhões de euros. Conseguiu-se reduzir para 35 milhões.
Pena ter-se desperdiçado dinheiro...

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