terça-feira, 27 de agosto de 2019

Sinistralidade rodoviária


Com a devida vénia ao Público de 27 de agosto de 2019

Depois de uma redução no período da troika devido à diminuição do tráfego, a sinistralidade voltou a subir, sendo evidente a gravidade dos acidentes, nomeadamente atropelamentos, com o aumento das mortes a 30 dias. Não existem ainda dados fiáveis com os acidentes devidos às bicicletas e trotinetas urbanas porque a CML ou não tem interesse em recolhe-los ou em divulgá-los. Aguarda-se que sejam os hospitais ortopédicos a fazê-lo (recorda-se que foi o hospital do Alcoitão o primeiro a chamar a atenção há anos para a gravidade da moda das motos)


É um desgosto verificar que as sinistralidade rodoviária continua intolerável, apesar dos progressos das condições de segurança dos veículos e das estradas. A responsabilidade é portanto imputável aos condutores e ao seu comportamento egocentrico, voluntarista e de quem se julga imune aos acidentes.
O principal sintoma do comportamento inconsciente é o desrespeito dos limites de velocidade, agravdo com a agressevidade evidenciada contra quem tenta cumprir esses limites. Recorda-se que a definição dos limites de velocidade não pretende questionar a possibilidade física de uma velocidade superior nem a habilidade do condutor, mas resulta duma análise de riscos, que conjuga a probabilidade de ocorrencia de um acidente com a gravidade das consequencias. Por exemplo, numa reta em que a estrada assenta num aterro sem guardas, a velociade deve ser limitada a 70 km/h não porque a reta não o permita, mas porque as consequencias de um despiste são gravosas nesse caso.
Entre as medidas que a ANSR tem proposto, existem duas que são essenciais e sem as quais não haverá melhorias significativas: 1 - uma campanha publicitária intensiva, com obrigatoriedade dos canais televisivos de passá-la em horário nobre, pela positiva, mostrando os comportamentos corretos (por exemplo, o abrandamento da velocidade à aproximação e a cortesia nas passadeiras para peões) e não imagens de acidentados, porque a reação das pessoas é que "isso só acontece aos outros".~;
2 - fiscalização do cumprimento do código da estrada, coisa que não se consegue eliminando a brigada de transito nem reduzindo custos com o pessoal e o equipamemto de fiscalização.
Propus a um dos anteriores diretores da ANSR que esta pressionasse o governo para vincar bem a necessidade destas duas ações. Ao que ele me respondeu que faziam o possível, mas o governo não queria ouvir. Provavelmente porque obrigar os condutores a cumprir o código não dá votos e cria neles uma (falsa) ilusão de liberdade. Liberdade para matar e para morrer.
Aliás, em termos de conceito próprio de liberdade, basta ver a sobranceria e a prepotencia de alguns utilizadores de duas rodas que se deslocam pelos passeios pondo em risco a segurança de crianças e idosos e que reagem mal, como meninos mal educados que não gostam de ser contrariados quando se lhes chama a atenção para o que código da estrada impõe como limite a idade de 10 anos e que exigem a construção intensiva de ciclovias que beneficiam uma pequena percentagem de contribuintes (com a desculpa da descarbonização, esquecendo que existem outras medidas para a necessária e indispensável acalmia do tráfego automóvel, desde o desenvolvimento do transporte coletivo às portagens no accesso ao centro da cidade)

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