quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Mas os novos bancos, querida Ciemélita, porquê os novos bancos?


Não, querida Ciemélita, não são esses novos bancos. Esses todos nós sabemos que merecem todos os sacrifícios que eles nos pedem.
São os novos bancos da avenida 24 de julho.´





Não sei se fizeste um concurso de ideias, aberto ou fechado, mas certamente que observaste todas as regras, todos os regulamentos, todos os procedimentos e todas as leis.
Mas geraste um problema.
Escolheste bem, do ponto de vista estético, os bancos são mesmo bonitos, e até fazem jus a quem quer valorizar os nossos recursos. São de pedra, polida por fora e escavada por dentro, como grande bacias invertidas. Talvez um mármore colorido, não sei de que pedreira, provavelmente daqui da região de Sintra. É um belo desenho, de arquiteto, artista ou designer. É mesmo arte, pública e urbana.
Só que geraste mesmo um problema, querida Ciemélita, e não venhas dizer-me que foi vandalismo.
Repara bem que o banco está partido. É verdade que há bancos que sim, parece que foram vandalizados, porque estão todos partidos, nos assentos, nos encostos, nas projeções em consola...
Este da foto ainda não é dos que estão piores, mas não foi vandalismo, querida Ciemélita, foi negligència.
Eu sei que vais já dizer que não, porque como eu já sei há muitos anos, tu não és capaz de reconhecer um erro, pequeno ou grande. Tudo o que fazes é bem feito, e se não dá resultado é porque foram os vandalos ou malévolos de muita espécie que obstaculizaram.
Mas vejamos de perto, a meio do banco, claramente partido:


E isto acontece porque o designer ignorou aquela coisa desagradável dos momentos de inércia, com umas fórmulas que ajudam a compreender os esforços transversos e os momentos fletores que numa viga de secção em "U" convivem com a compressão na parte superior e com a tração na parte inferior, por isso se põe mais fero nas vigas de betão armado, a menos que seja em consola , e aí põe-se mais ferro na parte de cima. Resistindo mal a pedra à tração, e razoavelmente à compressão, o banco vai partir ao meio, por baixo, quando carregado:


Quanto terá sido o prejuízo, Ciemélita? E agora, que vais fazer? Vais deixar que os turistas se divirtam a ver estes desastres? Ou rapidamente, sem concurso, talvez, vais providenciar umas aulitas de resistencia de materiais ao teu designer e vais compor os bancos? Eu sugiro umas vigas de ferro de secção em "T", cortada a perna do "T" junto das peças de fixação, e a parte horizontal a servir de apoio à face horizontal dos bancos e encostos (cuidado com aquela parte em consola...)

Um abracinho, Ciemélita

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