O PNI2030 inclui a quadruplicação da linha do Norte entre Alverca e Castanheira do Ribatejo. A IP lançou em novembro de 2021 um concurso para elaboração do projeto e estudo de impacto ambiental. Ver as notícias de O Mirante e do Público dando conta da preocupação da câmara de Vila Franca de Xira:
Há muitos anos, quando eu trabalhava no metropolitano, as empresas de transporte faziám os possíveis para serem elas próprias a desenvolver os estudos prévios e análises de viabilidade. Recordo-me do que um colega da antiga CP me disse num intervalo de um seminário de transportes, talvez em 2011, "estão a dar cabo de tudo". Porque razões economicistas tinham reduzido os quadros de pessoal. Ou como falavam os consultores, tinham preferido o "know how" do "outsourcing", para cortar as despesas próprias.
Lembro-me também de que se gostava de discutir as opções possíveis.
Agora não, os decisores gostam que as coisas se resolvam em secretismo, nas movimentações discretas em circuitos restritos rigorosamente respeitadores das tutelas e hierarquias em conformidade com os resultados eleitorais, e hipocritamente dizem que as consultas públicas abrem o debate ao público, mas dificilmente se alteram as soluções inscritas no EIA, por mais participações que haja.
Vem isto a propósito das preocupações e dos protestos de vereadores que pedem informações concretas para poderem analisar alternativas.
Apenas pedem que se cumpram os artigos 37 e 48 da Constituição, que todos os cidadãos têm o direito de ser informados e participar nos assuntos públicos, no interesse dos seus munícipes e sem com isso prejudicar o interesse nacional.
Parece que os decisores já aceitaram que a linha de alta velocidade Lisboa-Porto deverá ter um traçado distinto da atual linha do Norte, embora não queiram que o tráfego seja misto (passageiros e mercadorias) e integrado nas redes transeuropeias cumprindo todos os requisitos de interoperabilidade. Acharão que à moda de Bossuet os resultados eleitorais por iluminação divina lhes conferem a infalibilidade em questões técnicas.
Neste caso desejar-se-ia repartir pelas duas vias duplas o tráfego interurbano, regional, suburbano e de mercadorias.
Eu que não tenho esse dom de infalibilidade, modestamente proponho que nos troços de difícil ou não recomendável quadruplicação se construa túnel para a nova via dupla. Aproximadamente teremos a instalação da segunda via dupla em 9 km, dos quais 2,5 km poderão ser túnel sob Alhandra, 1,5 km com aterro sobre o rio para translação da ciclovia, e 1,5 km em túnel sob Vila Franca de Xira. Claro que encarece, mas devemos descontar à despesa adicional (menos de 300 milhões de euros?) os benefícios ambientais e sociais, incluindo a valorização do tempo poupado pelos passageiros e pelas mercadorias por não terem de esperar pela libertação dos itinerários.
Vejamos a hipótese:
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