segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Falas de governantes - os empresários mal amados


Extratos da intervenção do senhor ministro da economia Santos Pereira num jntar com militantes do partido do governo:
- Não estamos a ser muito eficazes no combate ao desemprego, temos de melhorar.
- sabemos que muitas das nossas medidas não têm sido bem divulgadas e, por isso mesmo, estamos a trabalhar para rever essa eficácia, simplificarmos as medidas, reduzirmos o seu número, mas torná-las mais eficazes e também divulgarmos melhor as que já estão no terreno
- o país não é amigo do investimento nem das empresas
- dificultamos a vida aos nossos empresários e, quando o fazemos, obviamente não temos investimento como devíamos ter
- há que fazer guerra à burocracia para fomentar o crescimento económico.

É bom que o senhor ministro reconheça as limitações da politica do governo atual em geral.
Mas reconhecerá os erros em casos mais concretos?
- como no caso dos estaleiros de Viana, artificialmente paralisado quando tinha uma carteira de encomendas (não é aceitável a desculpa do pedido da UE para esclarecer os 140 milhões e euros de injeção pelo Estado) e aguardando o inicio da investigação do MP ao caso Atlantida
- como no caso do túnel do Marão, paralisando a obra e desperdiçando o investimento já feito
 - como no caso da paralisação da ligação ferroviária Poceirão-Caia, desbaratando os fundos europeus e contribuindo para o desemprego e para a recessão devida à diminuição da procura.
- como no caso da desistencia da fábrica de baterias da Nissan.
É a estratégia da aranha pela paralisação .

Porém, não vale a pena discutir quando os senhores ministros se consideram mais infalíveis que os papas.
Apenas gostava de chamar a atenção para um dos temas desta intervenção: o discurso dos empresários mal amados.
É, de facto, um dogma para os neoliberais, que tudo se resolve com a iniciativa privada. Penso que é muito redutora, esta fé. Um dos grandes problemas da economia portuguesa ao longo da sua história dos últimos 200 anos tem sido precisamente a incapacidade da iniciativa privada.
Não é uma crítica, é uma constatação, eu também não tenho jeito para empresário, e a história ensina que a iniciativa privada deve conviver com a intervenção pública. Até Thatcher  fez nacionalizações (aliás, reduzir o peso do Estado é uma forma de intervenção do Estado na economia).
Há uma linha de geometria variável que separa o domínio privado do domínio público; variável consoante os contextos e as especificidades de cada negócio. Porque não lêem o que Melo Antunes escreveu sobre o assunto?
Que não se pode esperar que sejam os empresários privados a resolver os problemas em Portugal é o que  estas fotografias ilustram.
O prédio do clube dos empresários, na Avenida da Republica, onde se faziam almoços de negócios, apresenta sinais de degradação e está à venda.
Penso que o senhor ministro da Economia não está a analisar bem os dados todos do problema.
Mas quem sou eu para ter certezas?
Apenas tiro fotografias.



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