segunda-feira, 10 de junho de 2013

Como uma flor de plástico na montra de um talho

"Como uma flor de plástico na montra de um talho", poesia de Golgona Anghel, ed. Assírio e Alvim.



A autora é professora de literatura portuguesa contemporanea, romena de nascimento*.
É sempre bom renovarmo-nos com quem vem de fora.
Vê coisas que nós não viamos, dá uma nova força à resistencia contra a inépcia tornada insanidade crónica dos bonzos nacionais (os bonzos chineses que me perdoem) , contra as ideias feitas e a polarização em torno do pensamento único e restritivo do mesquinho meio dos dirigentes, contra o desprezo de quem pensa diferente, por mais cálculos demonstrativos ou resultados experimentais que apresente.
Talvez ajude a melhorar, o trabalho de quem vem de fora.
E quanto a mim, salvo melhor interpretação, quase toda a poesia de Golgona Anghel é de protesto.
Sem precisar de demonstrar com cálculos como as coisas deviam antes ser, que isso compete aos leitores.
Se os leitores, salvo melhor opinião, a lerem bem.

"Vocês podem até não concordar com tudo isto...sentem-se talvez ofendidos...agora, um facto é certo, queimámos quiçá a carne...mas correu muito bem...agora não se iludem, guardem os passarinhos para um churrasco gourmet. Este caminho não leva a lado nenhum.... deixem-nos ao menos vender-vos uma boa história".

Não é uma maravilha de descrição exata do que se está a passar nas mãos dos senhores governantes? Talvez o senhor  ministro das finanças, que gosta tanto de citar autores (e meteorologistas), venha a citar Golgona Anghel.

E os eleitores islandeses terem dado a maioria ao partido que os conduziu à falencia em 2008, não será o poema "no domingo passado, estando eu feita num fanico, resolvi passar em casa da Gabi"?  a Gabi estendeu a roupa, foi comprar pão, ouviu as queixas até que disse que já a tinha avisado, e que agora tinha um cliente novo e à pergunta de quem era respondeu que era um pugilista, e que "a musa precisa de alguma porrada".

Deuses, deuses, e se a democracia precisa mesmo?
Que dúvida atroz, e que perigo nas mãos do pensador de Massamá.

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* «Vim porque me falaram de apanhar / cerejas / ou de armas de destruição em massa. / Mas só encontrei cucos e mexericos de / feira, / metralhadoras de plástico, coelhinhos de / Páscoa e pulseiras / de lata.» 
- Porque é que se dá ao trabalho de viver no Portugal de 2011?

- Os verdadeiros encontros são sempre fatais.

(entrevista a Golgona Anghel, em


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