sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Desigualdade

Com a devida vénia à RTP2e ao seu programa Sociedade Civil, retomo o tema da desigualdade.
Ver depois do minuto 46:43 . O essencial da mensagem é o aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres. O número mais evidente será que os 10% mais ricos na Europa têm 37% do rendimento total., piorando a relação nos USA e no resto do mundo:

https://www.rtp.pt/play/p3150/sociedade-civil





Ora, depois da queda do muro de Berlim, em plena euforia da ideologia dos Chicago boys, ou neo-liberalismo, lembro-me de ouvir os economistas da nossa praça a garantir que,  aumentando a riqueza de uns, esse aumento iria traduzir-se por investimento, emprego e melhoria da maioria. Ora, verifica-se que a divergencia entre ricos e não ricos aumentou . Isto é, mentiram-nos. É verdade que pode ser um longo ciclo em que ainda nos mantemos na alternancia negativa e na vertente descendente. Mas não deve ser esse o critério. O critério deve ser o da revolução francesa, o igualitarismo.

E porque acontece este triunfo do neo-liberalismo? Porque ele próprio sustenta-se na permanencia das condições sociais. As novas gerações crescem com as limitações que os respetivos extratos sociais sofrem, e assim se reproduzem as condições de desigualdade e de crescimento da desigualdade . E isto é fácil de demonstrar. Basta ver este gráfico da taxa de sucesso dos alunos em função dos grupos de rendimento dos pais. Só um quinto dos alunis mais pobres tem sucesso, apesar do facilitismo do ensino. E é do próprio insucesso dos prejudicados que sai a incapacidade de mudar isto. Mas continua a haver uma franja da população que não tem problemas... Se acham isto bem...


https://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=desigualdade


PS em 22 de janeiro de 2018 - nas vésperas da reunião de Davos, divulgação do relatório da Oxfam, 80% da riqueza produzida em 2017 concentrou-se em 1% da população. O investimento deve ter retorno, mas a distribuição da riqueza deve compensar a excessiva concentração. Podiamos começar pela eliminação de qualquer segredo, bancário, judicial... (as exceções confirmariam a regra)
Mais de 80% da riqueza gerada no mundo em 2017 nas mãos de 1% da população Mais de 80% da riqueza criada no mundo em 2017 foi parar às mãos dos mais ricos que representam 1% da população mundial, refere um relatório da organização não-governamental Oxfam hoje divulgado. Mais de 80% da riqueza gerada no mundo em 2017 nas mãos de 1% da população Reuters 404 4 Ler mais tarde Imprimir Lusa 21 de janeiro de 2018 às 23:44 No relatório "Recompensem o trabalho, não a riqueza", a Comissão de Combate à Fome de Oxford (Oxfam, no acrónimo em inglês da confederação de 17 organizações não-governamentais) refere que metade da população mundial não ficou com qualquer parcela daquela riqueza. Segundo a Oxfam, houve um aumento histórico no número de multimilionários no mundo: "actualmente existem 2.043 multimilionários no mundo e 9 em cada 10 são homens". O estudo calculou que a riqueza dos multimilionários aumentou 13% ao ano em média desde 2010, seis vezes mais do que os aumentos dos salários pagos aos trabalhadores (2% ao ano). O mesmo relatório indicou que em 2017 a riqueza desse grupo aumentou 762 mil milhões de dólares (622,8 mil milhões de euros), uma verba suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema no mundo. Para a organização não-governamental, o crescimento sem precedentes do número de bilionários não é um sinal de uma economia próspera, mas um sintoma de um sistema extremamente problemático já que mais de metade da população mundial tem um rendimento diário entre 2 e 10 dólares (entre 1,6 euros e 8,1 euros). "Enquanto o 1% mais rico ficou com 27% do crescimento do rendimento global entre 1980 e 2016, a metade mais pobre do mundo ficou com 13%", refere o relatório. "Mantendo o mesmo nível de desigualdade, a economia global precisaria ser 175 vezes maior para permitir que todos passassem a ganhar mais de 5 dólares (4 euros) por dia", concluiu a análise. O lançamento do relatório internacional da Oxfam é feito na véspera do Fórum Económico Mundial, que junta os principais líderes políticos e empresariais do mundo na cidade de Davos, na Suíça, entre 23 e 26 de Janeiro.

Sem comentários:

Enviar um comentário