A comunicação social fez uma boa cobertura do acidente e os comentadores convidados foram esclarecedores.
Parece confirmar-se que a rotura de uma parte da abóbada do metro, junto da saída da estação Praça de Espanha para S.Sebastião, sentido norte-sul, se deveu a uma máquina pesada de furação, conhecida como pica-pau, que demolia uma estrutura de acesso a um coletor (correção posterior: é mais correto dizer sumidouro ou entubamento de uma pequena bacia de retenção para um descarregador a cota inferior no pequeno vale entre o Instituto da Habitação e o Teatro A Comuna), e que aprofundou a furação ou a percussão até partir o topo da abóbada, o qual estaria a cerca de 1 a 2 metros da superficie, e em condições de descompressão da abóbada por retirada de terras (o que retira resistencia à abóbada a qual deve estar comprimida).
A referida estrutura deve ter sido executada quando da ligação da avenida Calouste Gulbenkian ao viaduto da avenida dos Combatentes nos anos 70, praticando-se então uma pequena bacia de retenção limitada pelas rodovias adjacentes, reduzindo a distancia à galeria aos referidos 2 m. (nos finais dos anos 90 houve ainda a instalação do arco de S.Bento a curta distancia do tunel).
A pequena distancia da galeria à superficie deveu-se à necessidade da construção do tunel, nos finais dos anos 50, sobrepassar um coletor, obrigando à sobreelevação e adição de terrenos à superfície.
Da ocorrencia do acidente haverá conveniencia em esclarecer se foi cumprido o protocolo de submissão de um projeto de obra a menos de 30 m do eixo do tunel ao metropolitano para emissão de parecer..
E se o projeto foi submetido ao metro, se este emitiu parecer com a implantação e o perfil do tunel, e se foi nomeado um tecnico para acompanhamento e análise periódica dos registos da instrumentação a instalar no tunel para controle da altimetria.
A resposta a todas estas questões é essencial para prevenir a ocorrencia de acidentes semelhantes, recordando-se que nas obras de remodelação da praça da estação fluvial sul e sueste a CML não esclareceu se instalou instrumentação no torreão e ala nascente do Terreiro do Paço nem que medidas o empreiteiro tomará no caso de deformação do tunel devido à retirada de materiais na sua vertical que se tem verificado.
Recordam-se incidentes semelhantes verificados na história do metro por negligencia na operação de perfuradoras em obras adjacentes e acompanhadas, felizmente sem consequencias apesar da invasão do gabarit do comboio por brocas das perfuradoras:
- perfuração por uma broca da galeria entre Praça de Espanha e Jardim Zoológico durante as obras da estação Sete Rios da CP
- perfuração por uma broca perto da estação S.Sebastião durante as obras do Corte Inglês
- perfuração e queda de uma broca perto da estação Quinta das Conchas numa obra de um prédio sobre a galeria
- episódios de abatimento de coberturas só ocorreram durante o período de construção, e não em exploração
- o caso dos riscos de queda de revestimentos ou tetos falsos na estação Encarnação foram devidos a construção incorreta corrigida pelo empreiteiro na receção definitiva e não era estrutural
Relativamente à reparação a executar na Praça de Espanha poderá fazer-se quer internamente que externamente com instalação de um cimbre de 20 ou 30 m e reforço da abóbada com varões ou chapa de aço
Imagens relacionadas:
zona da pequena bacia de retenção onde ocorreu o acidente; a cota menor é de 65 m, 1 a 2m acima da abóbada; a cota da rodovia adjacente em segundo plano era de 67m |
aspeto antes da demolição da rodovia entre as avenidas dos Combatentes e Calouste Gulbenkian |
vista da saída poente do coletor do antigo riacho, encoberta parcialmente pela vegetação. Mostra-se assim a diferença de cotas para a superficie da Praça de Espanha |
outra imagem da entrada sul da estação de metro e do novo riacho. |
Caro Santos Silva
ResponderEliminarO empreiteiro na altura da ocorrência encontrava-se na altura a demolir 2 tuneis retangulares (caneiros) de canalização da ribeira que passa na zona e que agora se quer por a descoberto. Iremos certamente sofrer com problemas de infiltração, se o projeto continuar a mostrar insuficiências como as já verificadas.