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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O medo

Acontece por vezes, a um idoso como quem escreve estas linhas.
Dobra-se uma esquina e voltamos atrás 30 anos.
É que já não via o meu amigo e colega de curso há 30 anos.
Está quase na mesma, com mais algumas rugas , claro, mas inconfundível com a sua voz apaixonada. Não o reconheci imediatamente, graças ao boné para proteger do frio a calva que já tinha e os óculos.
Revoltado com a situação e com a nossa geração.
Longe estão os tempos em que nos encontravamos ao almoço, ele vindo do edifício dos CTT, nas esquina da Conde de Redondo com  Luciano Cordeiro, eu vindo da subestação do Metro na Sidónio Pais.
Discutiamos a fibra ótica e a passagem das centrais eletromecânicas para as de comutação espacial (ainda não havia centrais de comutação temporal, ao tempo que isto foi...).
E agora discutimos a desgraça, a destruição das empresas estratégicas de interesse público.
Foi quando eu lhe disse que tinha escrito um livro, umas crónicas de 36 anos de vida profissional no metropolitano, e que um amigo e colega do Porto o tinha classificado como muito "farpeado", de que as pessoas com influencia podem não gostar e limitar a divulgação. Ou coisa pior ainda.
Foi o que o meu amigo de há 30 anos respondeu.
Que tinha também começado a escrever as suas crónicas dos CTT e depois da PT, mas que tinha desistido. Por medo. Assim dito, por medo, de ser processado por difamação.
Pois, medo. De facto, ninguém está livre de ser processado. Mas como pode escrever-se sobre
a vida profissional em empresas estratégicas de serviço público, sem deixar o testemunho de que os decisores abusaram do seu poder, impediram a gestão participativa e à vista do público, subordinaram as suas decisões ao interesse privado em detrimento do interesse das populações (será isto subjetivo? não está patente?)
E não sendo possível, é isso difamar?
Aguardemos as crónicas de umas telecomunicações.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Afinal a PT não vai processar Sergio Denicoli

Afinal a PT já não vai processar, por esgotamento do prazo para o fazer, Sergio Denicoli, que numa tese de doutoramento tinha analisado indícios de corrupção no processo de transição para a TDT, com favorecimento para a PT.
Este blogue já tinha referido a vergonha e a crueldade para com os idosos privados deste processo:
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=tdt

Por um lado congratulo-me com o facto, pela aceitação pela PT da validade desses indícios.
Mas por outro, como o cronista Pedro Malaquias da Antena 2 disse, isto é como um acidente, ficamos a olhar para ele, até podemos saber como o acidente aconteceu, mas não fazemos nada, ou não podemos fazer nada.
Isto é, muitos idosos, dentre os que entretanto não morreram, vão continuar sem a sua televisão.
Vergonha e crueldade, quando uma nova tecnologia, por imperativo deontológico, permite sempre fazer o que a tecnologia anterior fazia sem agravamento económico para os seus beneficiários.
Vergonha também por estarmos até prova em contrário perante um caso de apropriação por uma mepresa de capitais privados de mais valias devidas a um serviço público de acesso à informação, coisa consagrada na Constituição.
Enfim, é a cultura de esperteza e de vivacidade empreendedora aplicada às inovações tecnológicas.
E também de desprezo por grupos economicamente mais débeis.
Coisa que tem tudo menos o nome de democracia.

domingo, 7 de outubro de 2012

Cronycapitalism - Sugestão de estudo para um pequeno caso


Animadíssimos em alinhar pela corrente dominante, os governantes de Pristina, Kosovo, lançaram um concurso para a privatização da sua companhia de telecomunicações.
Um dos concorrentes é um consórcio em que participam a PT , portuguesa, e uma empresa cujo principal acionista é Madeleine Albright. Essa mesma , a antiga secretária de estado de Bush.
Pode ser que este consórcio não ganhe, porque a competição é renhida.
Mas é um exemplo interessante de oportunidade de negócio na sequencia de uma intervenção armada que se supunha ter como motivação a democratização da zona.
Não era, era para abrir a zona aos negócios internacionais das grandes empresas privadas.
Penso que este é um caso de cronycapitalism (capitalismo de amigos, de compadrio, de conhecimentos, de promiscuidade entre os políticos e os grupos económicos) que podia ser estudado pelos académicos.

Para os curiosos sobre o cronycapitalism, ver