terça-feira, 13 de outubro de 2009

Economicómio XXIII – A Serendipity da rua 60, perto da 5ª avenida



Será verdade?
Que a Serendipity da rua 60, perto da 5ª avenida de New York e da Random House, vende gelados a 1.000 dólares com um fiozinho de ouro comestível imerso no dito gelado?
Se é verdade, é um caso para estudar, para os nossos economistas fazerem as correlações entre a crise e o intangível da confiança.
Para evitar interpretações chocantes, convém esclarecer que crise não quer dizer pobreza (embora a haja, os tais 20% que são o escândalo do desrespeito pela declaração universal dos direitos humanos que caracteriza os decisores deste planeta), crise quer dizer que os produtos se acumulam nas prateleiras por a procura ser inferior à oferta (já estou como a Wikipédia: economistas, corrijam-me, por favor)
Casos como este contribuirão para estimular a confiança e o máximo aproveitamento das capacidades produtivas (lá vamos nós outra vez a crescer, a crescer sempre, descontroladamente, mas isso fica para depois, para a retoma).
Ou poderemos interpretar simplesmente como um caso de provincianismo novo-rico.
Pessoal endinheirado vai fazer turismo à Grande Maçã e enche depois os serões com os amigos a dizer que comeu um gelado no Serendipity por 1.000 dólares, um horror de caro, que a onça do ouro está pela ruas da amargura de caro desde que o Lehman Bros pirou, 1055,9 dólares a onça (31,1 grama).
Permitam-me chamar a isto “pirosice”.
Donde, a “pirosice” é um intangível que contribui para a retoma.
Sejamos pois pirosos, leiamos as revistas de viagens e sigamos os percursos turísticos com os melhores e mais pirosos hotéis, spas de massagens, alojamentos rurais, restaurantes e bares.
Mas adaptemos a teoria da serendipity ao nosso pequeno mundo, e façamos turismo cá dentro.
Ou os meus amigos economistas acharão que não?

Notas da Wikipédia: serendipity, ou serendipicidade, é uma palavra aparecida no século XVIII derivada de Sry Lanka e significa “feliz acaso”. Por exemplo, os efeitos do Viagra foram descobertos por serendipicidade.
Alguns investidores acharam que ficaria bem como nome dum restaurante/pastelaria/bar/esplanada na rua 60, Upper East side (zona mais fina de Manhattan, claro) e é um êxito. Todas as revistas de avião trazem a fotografia da esplanada e ir a New York e não passar pela Serendipity é um desperdício, embora a mim me pareça um desperdício os nossos decisores não gastarem um bocadinho do seu precioso tempo a analisar as causas e circunstancias por que o urbanismo de New York funciona e o de Lisboa não. Guardadas as devidas distâncias, claro, porque também é um desperdício ir à baixa de Lisboa e não tomar qualquer coisa na esplanada da Suiça , Pic-Nic, ou das escadinhas da Calçada Nova de S.Francisco (ah! Já agora, ou do Martinho da Arcada, que é a melhor prova de que os decisores da nossa câmara respeitam religiosamente o parecer do arquitecto Pancho Guedes, de que os políticos não percebem nada de cidades)

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