quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Rodoviarium VIII – Mais mortes, menos multas

Este é o título de um dos jornais de hoje.
Não é preciso vir uma estatística dizer que morreram mais cidadãos nas estradas de Portugal nos primeiros nove meses deste ano do que nos meses homólogos do ano passado.
Porque as estatísticas são um meio para tentar estabelecer correlações entre factos, não são o fim para justificar a excelência das medidas de um ministério (ou de uma direcção de empresa).
O que é preciso e não há meio de os respectivos ministros darem os meios necessários aos órgãos e aos técnicos existentes (que os há com competência para isso) é analisar cada acidente até encontrar as causas reais e as circunstancias em que ocorreu de modo a tomar medidas para evitar que se repitam.
Todos ficamos muito comovidos quando os acidentes ocorrem mas depois vem o secretismo tão característico dos portugueses que têm uma pequena ou grande quinta para mandar e que dizem logo que o inquérito está a decorrer e nada se pode dizer.
Podia, podia dizer-se; nos países anglo-saxónicos pode dizer-se.
Vejam o caso da morte do cidadão em Corroios pelo metro sul do Tejo. Foi em Julho. Nada se sabe. Houve uma colisão recente com um automóvel. Aguardamos as conclusões que nunca chegarão (ao menos o comandante da polícia foi muito claro: a sinalização no local do acidente é ambígua). Eu confirmo: no estado em que está o metro sul do Tejo, as condições de segurança rodoviária são indesejáveis, o que coloca todas as entidades envolvidas em incumprimento das directivas comunitárias. Quem não conheça Almada terá de circular de automóvel com muito cuidado (gerando as iras dos residentes que já conhecem o traçado e que vêm mais apressados) para entender bem o traçado do comboio que cruza por diversas vezes a rodovia vindo sabe-se lá donde. Na avenida principal, parei antes de uma passadeira porque dois peões já tinham posto o pé na passadeira (é o que diz o código da estrada, não é? abrandar antes de uma passadeira para o caso de algum peão já ter iniciado a travessia e então o código manda parar). E passaram. Como eram novos e iam atentos, pararam eles por sua vez para deixar passar um comboio, no eixo da avenida, que surgiu sem eu saber (possivelmente teria eu forçado a minha passagem na passadeira, se soubesse que vinha aí um comboio) e com uma velocidade tal que seria impossível travar antes da passadeira.
Ora isto, que possivelmente os decisores nunca viram em situação real, é pura e simplesmente intolerável , pior que indesejável.
E continua a circular sem medidas mitigadoras, o metro sul do Tejo (obviamente que a passadeira de peões deveria estar protegida por semáforos)?
Penso que no caso do metro sul do Tejo já entrámos no domínio da responsabilidade criminal.
E possivelmente, quando se pode colocar a hipótese de uma correlação entre o aumento do número de mortes na estrada e a reestruturação das forças policiais (para os mais esquecidos: a extinção da Brigada de Transito da GNR!!!)que conduziu a uma menor fiscalização do transito, também.
Embora não devesse ser preciso a estatística indicar aumento de mortes, para o ministério (terá ficado embaraçado?) accionar as medidas de análise de acidentes em termos eficazes.
Vamos ver como isto evolui.

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