quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A tormentosa novela do Acordo Ortográfico


Toma, que será a forma portuguesa de dizer Tiens, como os franceses.
Logo dois artigos no DN a desancar o pobre acordo ortográfico.
E quem sou eu para contestar tão doutas opiniões, do escritor e poeta, e dos grandes, Vasco Graça Moura e da senhora ex-ministra da Cultura e professora catedrática Isabel Pires de Lima.
Mas a liberdade de expressão tem destas coisas, permite a um ignorante como eu, valendo-se do atrevimento destemido que caracteriza a ignorância, dizer que os ilustres contestatários do acordo talvez não devessem ser tão perentórios nas suas opiniões.
E aqui chegado, verifico que até agora só violei uma vez o sacrossanto, para os contestatários, acordo de 1945, porque o acordo de 1990 só alterou a palavra peremptório para perentório, e isso porque estamos em Portugal; no Brasil manteve-se peremptório porque assim se pronuncia.
Aliás, no artigo de Vasco Graça Moura, com a nota de não escrito segundo o novo acordo, contei 6 palavras, num total de cerca de 600 palavras,  não escritas segundo o novo acordo; mas posso ter contado mal.
Talvez os incomode, deixar que a forma específica de pronuncia de um país ou uma região seja respeitada.
Serão centralistas, adeptos de formas únicas.
Pena, a diversidade é fonte de progresso mútuo.
Pena também porque o que está em causa é ortografia, não é lexicologia nem etimologia.
É que o problema é mais vasto, como já se viu neste blogue.
É um problema de entendimento, de compreensão entre recetor (ui, lá se foi o p) e emissor, de deficiente conteúdo de informação por parte das palavras.
Querem ver?
Queixamo-nos do acordo ortográfico porque espetador quer dizer assistente ao espetáculo e quer dizer espeto, aquilo ou aquele que espeta.
Mas escatológico também é uma palavra que isolada não contem informação suficiente sobre o que realmente significa.
Um cidadão no meio de uma sala diz escatológico e quem ouve não sabe se ele está a dizer apocalítico ou próprio de excrementos.
A língua portuguesa não é famosa em termos de suporte de informação. Deformámos esse suporte ao longo dos séculos, afastámo-nos da simplicidade e do significado unívoco.
Possivelmente porque evoluímos cerebralmente nesse sentido.
Pobres neurónios que nos dificultam o entendimento mútuo, a organização de equipas, a elaboração de programas interdisciplinares (sem hífen, sem hífen, que o acordo peca por não ter eliminado ainda mais hifens e acentos), a sua execução em esforço coletivo.

Mandou a senhora presidente do Brasil adiar a data de obrigatoriedade do cumprimento do acordo e a sua eventual revisão (curioso, o Brasil pô-lo em vigor, de forma facultativa em 2009, antes de Portugal). Da parte dos PALOP de África e Timor não parece entretanto vir muito entusiasmo, apesar da rica literatura angolana e moçambicana. Talvez haja interesses editoriais vários no meio disto, não sei. Ou simplesmente terá quebrado a ligação de confiança entre os técnicos ortográficos que participaram no trabalho conjunto e os políticos detentores ou representantes do poder (que, se são governantes, certamente serão suficentemente cultos para isso, de forma análoga ao que António disse dos conspiradores contra César).

Entretanto, acho pena, Vasco Graça Moura dizer que quem defende o acordo (que desde 1990 veio promovendo ações de divulgação sem que os opositores o tivessem corrigido; que no seu site oficial diz claramente que está em constante atualização) devia ter vergonha e que pertence ao clube dos pantomineiros da lingua portuguesa (CPLP).
Não me parece argumento, mas essa é outra pecha de como é diferente a discussão em Portugal.

Pena porque qualquer cidadão com acesso à internet pode encontrar no portal da língua portuguesa:

-  uma janelinha de pesquisa, no canto superior direito, que remete para o esclarecimento da palavra em duvida

-  a lista das palavras alteradas em Portugal (e propostas alteradas nos PALOP):

- a lista das palavras alteradas no Brasil:

- o resumo do que muda:

- um conversor ortográfico:


Isto é, novo vocabulário já temos, mas há sempre dificuldade em convergir; talvez seja a tal especificidade dos neurónios portugueses.

Eu diria que não há phleugma para isto (assim se escrevia no tempo do meu avô, quando os letreiros ostentavam orgulhosos a palavra pharmácia e nos lyceus se estudava chymica).


21 comentários:

  1. Queixamos, queixamos, mas não são as razões por si apresentas que assinalam o carácter da «queixa». Argumento ao acordismo é que não se encontra, talvez seja por isso que os defensores do indefensável tenham que ir buscar a alheia chymica.

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    1. Na verdade, embora tente escrever segundo o novo acordo, não sou "acordista" porque não tenho formação para argumentar. Mas precisamente pela formação que tenho, dou prioridade a um suporte de informação que, tal como a lingua inglesa,permita exprimir a mesma ideia com menos caracteres (embora reconheça que é bonito poder escolher entre muitas palavras para dizer o mesmo). Por curiosidade, interesso-me pelas possiveis relações entre a linguagem e a discussão coletiva. E voltarei a pôr os p no perentório se a lei voltar atrás.
      Cumprimentos

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    2. A língua inglesa! Bem, a estável língua inglesa (talvez por isso mesmo seja a língua de referência mundial)não é vítima de acordos entre o inglês britânico e o inglês americano, que apresentam diferenças bem menores que a língua dum e doutro lado do Atlântico. Repare que as diferenças entre as línguas de Portugal e do Brasil são sobretudo semânticas e sintácticas, e que o são de tal ordem que não há unificação possível, ainda que ortográfica.
      Diz que «é bonito poder escolher entre muitas palavras para dizer o mesmo», não sei se se refere aos milhares de múltiplas grafias que o «acordo» criou, mas espero que não, espero que não queira confundir um corrector com um corretor.
      Diz ainda que voltará «a pôr os p no perentório se a lei voltar atrás» - na minha opinião deveria escrever os cês e os pês pelo seu papel diacrítico: leia, pf, objectivo e «objetivo» em voz alta para comprovar a diferença. Mas que eles então sejam escritos por força da lei: o «acordo ortográfico» é um tratado internacional que, para entrar em vigor na ordem jurídica portuguesa, teria que ser ratificado por todos os seus signatários, o que não aconteceu. Aconselho, a esse respeito, a leitura deste artigo: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2300823&page=-1

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    3. Lá está a minha (de)formação: os diacríticos são mais elementos a sobrecarregar o suporte de informação, e são menos usados na língua inglesa (e contudo, consta que chega a haver 19 grafias para a mesma palavra inglesa). Estou de acordo, por isso aceito grafias diferentes para percepção no Brasil e perceção em Portugal (engraçado como o mesmo facto conduz a duas posições diferentes). Claro que não me refiro à diversidade da grafia, mas à riqueza literária de ter muitos sinónimos à disposição (com o tal preço da sobrecarga). Artigo interessante que não conhecia, mas na minha vida profissional tive muita coisa parada pelo perfecionismo sempre subjetivo dos colegas jurídicos, o que leva a minha (de)formação a dar prioridade ao que me parece ser o interesse coletivo, pelo que dou prioridade ao DR de 17 de setembro (com minúscula) de 2010 e da “desbloqueadora” RCM de 8 de janeiro de 2011. Mas lá está, se vier uma RCM, mesmo deste governo, noutro sentido, lá irei eu pôr os p e os c.Lá está a minha (de)formação: os diacríticos são mais elementos a sobrecarregar o suporte de informação, e são menos usados na língua inglesa (e contudo, consta que chega a haver 19 grafias para a mesma palavra inglesa). Estou de acordo, por isso aceito grafias diferentes para percepção no Brasil e perceção em Portugal (engraçado como o mesmo facto conduz a duas posições diferentes). Claro que não me refiro à diversidade da grafia, mas à riqueza literária de ter muitos sinónimos à disposição (com o tal preço da sobrecarga). Artigo interessante que não conhecia, mas na minha vida profissional tive muita coisa parada pelo perfecionismo sempre subjetivo dos colegas jurídicos, o que leva a minha (de)formação a dar prioridade ao que me parece ser o interesse coletivo, pelo que dou prioridade ao DR de 17 de setembro (com minúscula) de 2010 e da “desbloqueadora” RCM de 8 de janeiro de 2011. Mas lá está, se vier uma RCM, mesmo deste governo, noutro sentido, lá irei eu pôr os p e os c.

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    4. Vinha (ainda!) perguntar-lhe que razão o leva a aceitar um acordo com erros técnicos em todas as suas bases, mas já vi que o seu «perfeccionismo sempre subjectivo» o levará a continuar «(de)formado» ao sabor do vento de cabeças de igual «perfeccionismo sempre subjectivo».
      Cumprimentos,
      Cecília Enes Morais

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    5. Resposta a Cecília Enes Morais - I
      Cara comentadora
      Embora me pareça ter desistido da pergunta depois de a ter formulado, vou tentar dizer-lhe a razão, ou razões, por que, não sendo filólogo nem linguista, e portanto sem poder dizer que a grafia deste acordo é melhor do que a anterior, ou que as suas bases têm ou não erros técnicos, mas tendo o direito a ter uma opinião e a exprimi-la sem incorrer em pouco simpáticas expressões, prefiro a grafia do novo acordo (não me refiro a si, mas a termos como “mercenário”, que Camões “use a sua espada”, “cabeça de alho chocho”, adorador da “tonga da mironga do cabuletê”, que revelam graves dificuldades em discutir um assunto, este ou outro por vezes de importância relevante para a vida da comunidade, serenamente e respeitando as opiniões dos outros – é muito difícil mobilizar para uma recuperação nacional um povo que assim que abre um debate assume atitudes ofensivas).
      Dada a minha formação académica em engenharia, tive de lidar na minha vida profissional com a orientação de utilizar os materiais e equipamentos de forma a obter deles o máximo rendimento (relação entre resultados e meios).
      Nas questões de comunicações, isso relaciona-se com a quantidade de informação que se consegue transmitir por um canal e relaciona-se com a fidelidade com que esse canal transmite a informação e o recetor a recebe. Sendo assim, e por isso utilizei a expressão “(de)formação”, tenho tendência a interrogar-me porque em Portugal é tão frequente a má interpretação daquilo que se diz ou escreve (daí aquele “post” ficcionado no Conselho de Estado sobre as neurociências) e como se poderia melhorar o rendimento da utilização dos carateres de escrita.
      Isto é, como escrever de modo a precisar de menos espaço para exprimir uma dada ideia.
      É uma evidencia que a língua inglesa permite ocupar menos espaço que o português para dizer o mesmo. Provavelmente isso acontece porque o inglês desenvolveu-se a nível popular, no dia a dia das trocas comerciais e pela sobrevivência, enquanto na corte inglesa se falava francês; em Portugal, os gramáticos tiveram de colaborar no esforço da independência relativamente a Espanha e à língua castelhana (Gil Vicente escrevia também em castelhano) e assim foram criando regras “top-down”, complicando (?) a língua.
      No limite, seria possível, desrespeitando a evolução etimológica, eliminar o “u” a seguir ao “q” (não existe atualmente nenhuma palavra em que ao “q” não se siga o “u”), ou substituir o “qu” por “k”, o “ch” por “x”, etc. , reduzindo ao mínimo os carateres e transformando-os em símbolos fonéticos.
      Tem razão quando disser que assim a linguagem escrita ficaria ridícula, uma espécie de estenografia, e se perderia a riqueza da evolução histórica a partir dos étimos e a beleza da escrita. Concordo, mas a verdade é que ficaria extremamente fácil de aprender por estrangeiros, a descrição de qualquer coisa seria feita em menos páginas e, possivelmente, o entendimento entre as pessoas seria facilitado por haver correspondência unívoca entre conceitos e palavras (embora seja um assunto colateral, é uma pena que não tenham vingado tentativas como o esperanto enquanto linguagem universal, ou outras no sentido de reduzir o numero de carateres e de palavras para exprimir ideias, isto é, aumentar a quantidade de informação suportada pela escrita).
      Diria também que seria um barbarismo utopista, privilegiar sem limites a funcionalidade em detrimento da elegância e da beleza de uma língua mãe, reduzir o número de carateres como se as pessoas a falar fossem computadores (que, como sabe, utilizam dois símbolos nos seus processamentos internos, o “0”e o “1”).
      Claro que seria, razão pela qual não me parece excessivo o novo acordo, por se limitar à supressão dos “p” e “c”, e de alguns acentos e hifens.

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    6. Resposta a Cecília Enes Morais - II

      Reconheço que será desagradável para muitos amantes da língua portuguesa perderem a ligação dos diacríticos à língua mãe latina, especialmente quando no francês e no inglês se mantem muitas vezes essa marca latina (no entanto, o latim continuará a ser ensinado).
      Reconheço que no novo acordo subsistem muitas confusões, desde a especiosidade das regras do hífen e dos acentos (a pedir revisão) a não se saber se a palavra “para” é do verbo “parar” ou se é a preposição, ou se “espetador” é o que assiste ou o que espeta.
      Que quem não conhece a língua terá dificuldade em acentuar o “e” de adjetivo (e contudo, conheço pessoas que não devem ser chamadas ignorantes e que quase, quase dizem “adjtivo”).
      Quando falei em “perfecionismo subjetivo”, que reconheço ser uma expressão pouco feliz, estava a referir-me aos meus colegas jurídicos que em alguns episódios da minha vida profissional ajudaram a levantar obstáculos à realização de obras que, do meu ponto de vista de técnico de engenharia, contribuíam para o bem estar da comunidade (coisa que, como costumo dizer no meu blogue, plagiando a constituição dos USA, deve ser o nosso objetivo) através de melhorias do equipamento social. Não quero maçá-la com descrições de factos passados, mas é possível que venha ainda a contá-los no meu blogue.
      Por isso, não me estou a ver perfecionista, embora subjetivo não possa negar, já que todos o somos, salvo melhor opinião.
      Outro ponto de atrito que tive com colegas jurídicos foi a natureza não vinculativa das normas internacionais que, em engenharia, são muito importantes para garantia da segurança, por exemplo nos transportes, e da qualidade de desempenho. Na verdade, as normas não são vinculativas, mas distinguem o grau de qualidade de vida de um país. No caso de um acordo ortográfico (não digo que este tenha atingido esse objetivo, embora me pareça que pode atingi-lo), o facto de ser uma norma permite a sua utilização única relativamente aos países de língua portuguesa nas instituições internacionais.
      Aliás, a minha referencia ao “perfecionismo subjetivo” advem do artigo referido pelo comentador em que se deduz a inconstitucionalidade do novo acordo. Por mim acho um exagero estar a invocar a Constituição, mas enfim, é um exercício jurídico, como aquele que diz que é inconstitucional o exército ajudar a resolver problemas sem declaração do estado de sítio ou emergência.

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    7. Resposta a Cecília Enes Morais - III
      O que me impressiona nas críticas que se fazem ao novo acordo é a má avaliação ao trabalho conjunto, durante muitos anos, de representantes da especialidade de todos os países de língua portuguesa. Na minha vida profissional também tive oportunidade de trabalhar com colegas estrangeiros, e a sensação que todos tínhamos era que era fácil para nós entendermo-nos uns com os outros, talvez porque utilizávamos a mesma linguagem da matemática e da física, e que era difícil o entendimento entre os políticos e os dirigentes. Talvez se passe o mesmo com o novo acordo, não sei.
      Mas, basicamente, são estas as três razões por que aceito a nova grafia:
      1 – suprime carateres que, apesar de tudo, não me parecem essenciais e, portanto, permite, embora em pequeno incremento, suportar mais informação para a mesma quantidade de carateres
      2 – na medida em que constitui uma norma única, permite suportar todas as comunicações dos países de língua portuguesa nas instancias internacionais, nomeadamente ONU e UNESCO
      3 – é a tentativa (digo tentativa porque muitos acham utópico) de unificar na diversidade; contrariamente ao que disse um dos comentadores, é nas telenovelas brasileiras que se vê uma diversidade que nos aproxima: desde o uso de termos que foram abandonados na Europa a neologismos que adotamos com muito prazer na linguagem coloquial e a algumas falas em que os atores brasileiros capricham em falar quase com sotaque português da Europa; para mim, a diversidade é (deve ser) um fator de união; o consenso é (quase sempre) um fator de subordinação, muitas vezes à solução menos informada; razão por que não me choca na mesma norma ortográfica poder escrever-se “percepção” e “perceção”; e muito menos me choca que no Brasil se escreva “fato” em vez do “facto” europeu porque, curiosamente, o brasileiro “terno” é de um étimo latino, e o “fato” europeu é de um étimo alemão.
      Da parte dos PALOP africanos e de Timor, espero o mesmo que do Brasil, dada a riqueza e inovação da sua literatura (pelo menos de Angola e de Moçambique)
      Foi um prazer.
      Cumprimentos.
      F.Santos e Silva

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    8. Vossemecê é um lírico da mecânica com um capricho de passar paletes de informação com a maior economia de meios. Desengane-se. Nem a linguagem é mecânica nem os signos do alfabeto são números romanos. E entenda duma vez por todas que não é por escavacar a cifra que melhora a comunicação.

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  2. « E aqui chegado, verifico que até agora só violei uma vez o sacrossanto, para os contestatários, acordo de 1945».
    Pois chegou tarde. O Brasil violou-o na prática logo desde a nascença. Mas um bom treino para a sua cabeça de alho chocho é escrever sem violar o «sacrossanto, para os contestatários» nem a tonga da mironga do cabuletê, que tanto adora.
    Passe...

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  3. Mais um mercenário. Camões, levanta-te do túmulo e vem cá ver isto, mas traz a espada, porque dela bom uso irás fazer.

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  4. Consta que sim, que o Brasil não cumpriu todo o acordo de 1945, mas as negociações entre técnicos ortográficos (que eu não sou) que se foram fazendo durante anos era para resolver isso. Na minha área tambem era assim, nós técnicos de paises diferentes entendiamo-nos; os politicos e so sábios é que não. Quanto ao alho chocho, estou como o professor Jorge Buescu, os nossos cérebros são muito limitados, somos todos chochos de cabeça, razão pela qual teve de se inventar o método científico e regras para a discussão. Aos anos que eu não ouvia a tonga do mironga, do Vinicius...
    Cumprimentos

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    1. Tem toda a razão Jorge Buesco, que, como você deve saber, condena o «acordo ortográfico».
      Quanto ao Brasil, não foi só a respeito da COLB45 que deu o dito pelo não dito: o Brasil desrespeitou todas as tentativas de unificação, e foram várias. Ainda bem, pois, apesar de nos entendermos aparentemente bem, não há unificação possível (algo que qualquer ignorante percebe depois de ver durante 5 minutos uma das muitas telenovelas que abundam nos canais de televisão).

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  5. «Técnicos ortográficos» é boa. Havia ele de serem filólogos e linguistas. O resultado tem-no aí à vista. Na tonga da mironga e no Diário oficial pejado de «fatos» por «factos» e hoje mesmo com um «eletrônico» bem caipira. Deve ser algo escatológico de «técnicos», os de Direito, que actualmemnte propõem Resoluções para imperarem em contradição Decretos-Lei. E vossemecê, escatologicamente, cumpre as resoluçõezinhas violando dois decretos-lei. Ora torne lá pôr o «p» em «peremptório» para o prof. Jorge Buescu o não chumbar.

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    1. Tem razão, técnicos ortográficos é uma expressão infeliz, fica melhor filólogos e linguistas. Mas peço desculpa, só volto a pôr o p e o c por publicação no DR. Pode ser na vigencia deste governo, desde que seja no DR. E quanto ao professor Buescu, que escreve efetivamente de acordo com a antiga ortografia, e de quem sou admirador das suas divulgações matemáticas (tambem sou admirador dos contos e da poesia de Vasco Graça Moura), até seria uma honra ser chumbado por ele, em Matemática, péssimo servidor da Matemática que eu sou, mas no p e no c não.

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  6. Sempre os mesmos:

    Cecília Odete ( a dama do norte com suas "bacas") atestando a sua encefalia...
    O bic laranja - O Merdoso!


    Nada novo!

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  7. P.S: acefalia
    Respeitemos as deficiências alheias!

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  8. Então, então, discordemos sobre o ortográfico, que a diversidade é um direito, mas contenhamo-nos nos adjetivos e nos diagnósticos, agora que as dividas pública e privada continuam a crescer.

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  9. É muito fácil deixarmo-nos convencer por doutos conservadores. Mais difícil é procurar informação e pensar pela própria cabeça. Para quem tem pouco conhecimento sobre a história da língua e da sua ortografia, para quem não é capaz de fazer uma análise crítica ao acordo de '45 (a norma anterior ao AO de 1990), a opinião dos doutos antiacordistas soa bem. Mas, pensemos um pouco sobre as 'consoantes mudas'. O que as pessoas deviam saber é que o acordo de '90 tenta resolver uma grande alhada que o de '45 não conseguiu resolver. Onde está a grande perfeição técnica de uma regra que prescreve que se escreva 'artefacto' e 'exacto', em que na primeira palavra o 'c' se pronuncia, mas na segunda não?! A mesma regra estapafúrdia, prescreve que se escreva contrato, assim, sem 'c'. Mas em latim ( a razão para todas as consoantes mudas)escreve-se 'contraCtus', tal como 'exactus' e 'artefactus'. Quem consegue em boa fé defender que destruímos a ortografia se escrevermos 'exato'? Então não escrevíamos já 'contrato' antes do acordo de '90?
    Há uma boa razão para não escrevermos 'produCto' como o fazem os espanhóis ou os ingleses (product). É que nós não pronunciamos aquele 'c'. Em contrapartida em espanhol escreve-se 'objeto' (sim, sem 'c'!!). E sabem porquê? Porque em espanhol (tal como em português), não se pronuncia aquele 'c', senhores! Então por que havemos nós de continuar a escrever 'objeCto'? E se os ingleses escrevem ´jet' do latim 'jactus' por que havemos nós de escrever 'jacto'?
    E qual é o probema de escrever Egito, mas egípcio? Então nós não escrevemos dicionário, mas dicção? Pitoresco, mas pictórico? E os franceses não escrevem 'contrat', mas 'contraCtuelle', 'rejet', mas 'rejeCter'?
    Sobretudo, pensem melhor sobre o valor diacrítico das consoantes mudas. Por que havemos de precisar de uma consoante muda para abrir a vogal átona em 'contração' se não precisamos em inflação? A regra das consoantes mudas é desconexa e incoerente. Limpar a ortografia das consoantes mudas foi a melhor coisa que o acordo de '90 fez.
    Sobre a eliminação de alguns (poucos) acentos gráficos basta dizer que, em espanhol se escreve 'para' (preposição) e 'para' (verbo), indistintamente. E não teem problema algum com isso. Por que havemos nós de ter?
    O acordo de '90 é imperfeito, sim, mas o de '45 (a norma antiga) era ainda mais imperfeito e hoje ninguém o critica.

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    1. Xavier Freitas

      Muito interessante a sua informação. Há dias, um dos cronistas do DN que não escrevem por decisão pessoal segundo o novo acordo, tinha no seu texto, por duas vezes (o que reduz a probabilidade de ser gralha) "inflacção". É no que dão estas preocupações. Talvez tudo isto aponte para que nos devamos concentrar em melhorar o acordo de 90 (regras de supressão do hifen e dos acentos, quanto a mim), em vez de fundamentalismos, até porque os acordos ortográficos devem viver em permanente atualização, salvo melhor opinião. Agradecido pelas informações.

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    2. Exatamente, meu caro. A estúpida regra das consoantes mudas era culpada por muitos erros e por insegurança simultaneamente na escrita e na pronúncia. Não há consoantes mudas com valor diacrítico em castelhano, italiano, francês, inglês, nos moldes que nós as usávamos. Era uma particularidade da nossa ortografia que surgiu apenas em 1911 e só se defende por conservadorismo, atavismo e nacionalismo isolacionista. Claro que o acordo pode ser melhorado. Um acordo é uma base. A ortografia é fixada por ortografistas que interpretam posteriormente o acordo e aproveitam para melhorá-lo. Ao contrário do que pretendem alguns antiacordistas que atacam insensatamente a reforma a torto e a direito, o acordo não é nem pretende ser um documento técnico, é uma convenção internacional a partir da qual se fará a fixação ortográfica das inovações que ele prescreve. O mesmo aconteceu com os anterior acordo de '45 que tanta gente agora defende como se fosse o melhor acordo possível. O melhor acordo possível é aquele que estabelece a maior unificação ortográfica (alterando uma porção mínima de palavras) e simultaneamente respeita particularidades nacionais reconhecendo-as como variedades de uma mesma e única ortografia. Alguém consegue explicar onde está a grande virtude de haver duas ortografias oficiais para uma mesma língua?...

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