domingo, 1 de março de 2020

Desigualdade de género


Já me tinha acontecido, mas não tinha querido generalizar. (ver
https://fcsseratostenes.blogspot.com/2017/05/igualdade-de-genero.html )
Mesmo agora, não sei se deva. Posso ser mal interpretado.
Deu-se o caso que tive de ir a Belem, assistir a um concerto no museu dos coches, o antigo, no chamado picadeiro.
Fui de metro até ao Cais do Sodré e depois apanhei o elétrico para Belém. Dos antigos, impecavelmente envernizado e com 50% de passageiros turistas, principalmente brasileiros e japoneses.
Reparei, quando entrei, que o guarda freio era ainda muito jovem, muito direito no seu sobretudo uniforme.
Conduziu com segurança e sem exagerar na velocidade. No meio do transito, especialmente no largo do Calvário e na rua da Junqueira, a condução foi cuidada e correto o atendimento dos, poucos, passageiros que necessitavam de comprar bilhete. Pensei para os meus botões que a Carris estava a fazer muito bem os seus cursos de formação de guarda freios.
Depois do concerto, resistindo à tentação de ir para a fila dos pasteis de Belém, apanhei de volta outro elétrico, também dos antigos e bem envernizado.
Desta vez vinha mais cheio, com muitos passageiros a embarcar em Belém. o que motivou uma ligeira demora, com a simpática guarda freio, igualmente muito jovem e metida num sobretudo uniforme, a ajudar os turistas menos conhecedores dos procedimentos.
Na cabina de trás, fui comparando a sua condução com a do seu colega de há pouco. No percurso na rua da Junqueira, no congestionado Largo do Calvário., na travessia da 24 de julho.
Condução prudente e, talvez por achar a guarda freio, além de simpática, bonita, pareceu-me que os solavancos eram menores, que as acelerações quando o transito o permitia eram mais suaves, que os movimentos de lacete quando o elétrico embalava na 24 de julho eram menos incomodativos.
Pensei que estaria a ser injusto para o jovem colega guarda freio, mas prestando atenção a todos os pormenores, conclui que a condução era mesmo mais suave para igual eficiência.
Talvez não seja até uma questão de subjetividade. As ressonancias magnéticas têm mostrado mais atividade na comunicação entre os hemisférios femininos em relação aos hemisférios masculinos. A visão masculina será mais direta, não perdendo tempo na comunicação entre centros, isso permite-lhe por exemplo, após treinos de tentativa e erro, dominar em maior número as técnicas malabaristas, enquanto o cérebro feminino gasta tempo nas comunicações interhemisférios a analisar as posições das claves em movimento. Interessante, quem disse que as mulheres não são racionais?
Então o nosso jovem guarda freio terá uma condução mais impulsiva, tendo-lhe a sua formação ensinado a não exagerar na aceleração e a reanalisar a envolvente assim que se atinge uma dada velocidade. A minha guarda freio tem uma aceleração mais calma, enquanto os seus dois hemisférios acertam agulhas, um pouco como os programadores da condução autónoma fazem, põem vários sensores a ver o que se passa à volta e depois comparam os resultados, se não coincidirem atua o alarme.
De modo que, deixando para trás as  minhas lucubrações, ao descer no Cais do Sodré, término da viagem, não pude deixar de felicitar a gentil guarda freio pela excelente condução, e olhe que eu tenho a imodéstia de achar que percebo disso.
E recebi em troca um sorriso delicioso.

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