Neste momento (segunda quinzena de dezembro de 2023) não há data programada para construção do troço da linha de AV Porto-Lisboa entre o Carregado e Lisboa. Aparentemente, o governo não tem por objetivo cumprir o prazo de 2030 fixado para essa linha no regulamento 1315, cuja revisão e substituição se encontram em fase de aprovação mas que não alteraram o referido prazo.
Entretanto, no seu relatório de 5dez2023, a CTI apresentou para a localização do NAL no CTFA , como soução para a acessibilidade ferroviária ao NAL, a ligação da linha de AV entre o Carregado e Lisboa pela margem esquerda do Tejo, considerando tratar-se duma solução mais barata.
A solução encontra-se representada nas figuras III.19 do PT3 anexo 1 (Território e acessibilidades rodo e ferroviárias) e III.32 do PT3 anexo 2 .
Embora não disponha de todos os elementos e dos meios para uma análise rigorosa, tentarei mostrar que a solução estudada pela RAVE em 2008 pela margem direita, apesar da necessidade de túneis e viadutos, e portanto mais cara, tem contudo custos de operação inferiores o que, aliado à possibilidade de financiamento comunitário imposto pelo TFUE, poderá recomendar a preferência em detrimento do percurso pela margem esquerda.
Estimativa pela margem direita:
túneis 14km x 150 M€/km = 2.100 M€
viadutos 16km x 40 M€/km = 640 M€
aterro 6km x 20 M€/km = 120 M€ total 2.860M€
Estimativa para a margem esquerda :
viadutos 18km x 30M€ = 540M€
aterros 18km x 15M€ = 270M€
total 810M€ diferença aproximada de 2.000M€
diferença do percurso Porto-Lisboa: 51km (percurso Porto-Lisboa com margem direita ca.290km;
percurso com margem esquerda ca. 340km)
diferença tempos de viagem para velocidade média de 160km/h e tempo de paragem no NAL de 5 minutos:
51km x (60/160)min/km + 5min = 19 + 5 = 24min = 0,4 h
tomando a expetativa de procura da IP/jun2023 na fase de arranque da linha de AV de 6 milhões de passageiros/ano teremos um adicional de tempo pela margem esquerda relativamente à margem direita admitindo uma valorização de 20€/hora:
6Mpass/ano x 0,4h x 20€/h = 48M€/ano
Admitindo um consumo específico de energia de 60Wh/pass.km teremos para o consumo adicional dos 51km:
6Mpass/ano x 51km x 0,06kWh/pass.km = 18,36M kWh/ano
Valorizando o kWh a 0,1€ teremos um adicional de cerca de 1,8 M€/ano equivalente ao consumo doméstico de cerca de 4.000 habitações
Em resumo, o custo da ligação pela margem esquerda é cerca de 2.000M€ mais barato mas o custo de operação valoriza-se em mais cerca de 50M€ /ano.
Admitindo um financiamento comunitário de 40% (implicando, se não forem acionadas isenções, a construção com bitola UIC e ERTMS) teremos o diferencial de 1.200M€ entre as duas margens. Para este capital, a amortização anual poderá ser de 48M€ a um juro de 2% durante 35 anos.
Deseja-se assim ver revisto o traçado da linha de AV no troço Carregado-Lisboa, apresentando-se na página 22 em
https://1drv.ms/f/s!Al9_rthOlbweykEDj_XRMWVJ_1sa?e=8Q6uEd um catálogo de eventuais ligações entre a Gare do Oriente (ou o AHD) e o NAL/CTFA, evitando a ligação Chelas-Barreiro no pressuposto de que deverá ser considerada a problemática do serviço suburbano na AML, no espírito aliás da diretiva comunitária sobre as áreas urbanas incluida na revisão e substituição do regulamento 1315 em fase de aprovação.
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