segunda-feira, 2 de maio de 2011

RTP - A FORÇA DAS COISAS - Ernesto Sabato

Ernesto Sabato, escritor argentino.
Oiço a notícia da sua morte no programa da Antena 2.
Não conheço nenhum dos seus livros, mas oiço alguns extratos representativos no programa:
Tomo também conhecimento de que é o autor da frase :
"As utopias são as futuras realidades".
E se o leitor ou leitora reunisse um bocadinho de paciencia, fizesse de conta que parava o tempo e dedicasse um quarto de hora a ouvir o programa?
RTP - A FORÇA DAS COISAS

Ou se, utopicamente, claro, os grandes dirigentes dos partidos políticos, os grandes dirigentes das grandes empresas portuguesas, os grandes negociadores dos termos dos empréstimos da UE, BCE e FMI, os grandes comentadores dos grandes meios de comunicação social, perdessem, na sua aceção da palavra, esses 15 minutos, e meditassem na frase, que as utopias são as futuras realidades?
Devo confessar que, por declarada incapacidade própria de acreditar em leis universais, no sentido de universal mesmo, eu diria que talvez algumas utopias de hoje sejam futuras realidades, e até que ainda mais futuramente não o sejam.
E que outras não sejam futuras realidades.
Talvez os grandes senhores que eu referi não se preocupem com estes pormenores e classifiquem de forma imediata e primária tais preocupações como sub-produto de  marginais.
Que as técnicas do "panem et circenses" do império e do soma do admirável mundo novo, se encarregarão de impedir que esses marginais incomodem a plutocracia; não haverá futuro para essas utopias.
Mas desaparecer a violencia e o egoismo, que se sobrepõem à paz e ao bem-estar, será utopia do tipo um ou do tipo outro?
Onde falhámos depois da Declaração universal dos direitos humanos, depois da regra de ouro de Norman Rockwell, do All you need is love dos Beatles, da capela de Rothko de 1971? ou, ainda mais atrás, depois da inscrição na constituição dos USA que o objetivo é o bem-estar das populações, depois da revolução francesa da liberté, égalité, fraternité?

Detesto atribuir culpas, além de que é provável que esteja enganado (tal como quem pensa doutro  modo) mas quer-me parecer que há uma correlação muito forte entre a distancia ao objetivo e o reaganismo e o tatcherismo induzidos pelo clima de energia facilmente disponivel na altura.
E que, nos tempos que correm, o "consenso de Washington" de 1990, ao qual ainda estão agarrados os nossos mentores economistas, não está a ajudar nada.
Para mais informações sobre o consenso de Washington,  ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/Washington_Consensus

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