domingo, 22 de abril de 2012

Vitor Louçã Gaspar em Wall Street

Duas citações:

1 - Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com
responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos
números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de
pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um
mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de
um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência
neuronal coletiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.


                                                                             Pedro Afonso, psiquiatra


2 - Veio uma leva de políticos…os mais oportunistas, aqueles que vêem a frincha da porta aberta e entram logo à espera da grande oportunidade ;…porque somos tão desequilibrados? porque não existe uma classe média maioritária, liberal nos costumes e espiritualmente humanista;…os que procuram a política são os piores de nós

                                                                        Miguel Real, escritor, professor de Filosofia







Antigamente dizia-se, no regresso das equipas de futebol portuguesas, que tínhamos ganho moralmente.
Proponho que se vá esperar o senhor ministro das finanças ao aeroporto com cartazes a dizer o mesmo.
Facilmente se adivinha a admiração dos senhores de Wall Street perante a estatura do ministro português.
Quando desvanecido e desvanecendo os ouvintes, foi dizendo que os portugueses estavam “completamente disponíveis para todos os sacrifícios” (o tal desequilíbrio entre as minorias com o poder em Portugal, não mais de cem mil cidadãos, e a maioria impotente).
Ou quando disse que se nem tudo está a correr pelo melhor é porque a culpa é dos mercados, por não estarem a funcionar bem.
Devem ter ficado abismados com esta declaração, embora se possa encontrar nas primeiras paginas dos manuais de economia e até neste insignificante blogue a descrição das condições sem as quais os mercados não funcionam bem (eu repito: escassez, informação assimétrica, externalidade afetando inocentes).
Como quereria o senhor ministro que o mercado funcionasse bem?
Será que os senhores de Wall Street também fizeram esta pergunta?
Desconheço.
Ou talvez não, talvez os senhores de Wall Street tivessem afinal descansado, como quando Obama, depois de ter dito que não tinha sido eleito para lhes fazer o jogo, confirmou a Goldman Sachs no governo americano.
Ora, se o senhor ministro das finanças também pôs a Goldman Sachs no governo, se não erro no currículo do senhor doutor Moreira Rato, que se juntou ao antigo colega, noutra secção e noutra altura da Goldman Sachs, António Borges (ou, eventualmente, a trabalhar para, com, ou a comandar parte essencial e determinante da ação do resto do governo), talvez os senhores de Wall Street tenham mesmo descansado, tranquilos por terem reconhecido um, ou mais, dos deles, no longínquo governo português.
Especialmente por o novo doutor vir da Morgan Stanley, uma prima querida da Goldman Sachs, altamente responsável, de acordo com o relatório do Congresso, pela crise de 2008, tudo de acordo com os princípios dos Chicago boys de Hayeck e Friedman.
Certamente que os senhores de Wall Street acreditam que a baba do cão, riquíssima em bactérias, cura a gangrena da ferida que provocou, depois do emagrecimento do doente.
Mas há quem não acredite nas virtudes milagrosas da baba.

Como dizem os eleitores desiludidos de Obama (da sua politica financeira) , Goldman Sachs, Government Sachs.

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