segunda-feira, 15 de outubro de 2012

As 3 meninas que não têm ASE

Dedicado ao senhor ministro Crato

A minha sobrinha-neta contou-me, com aquele ar compenetrado que as meninas de 12 anos sabem fazer, que na turma dela só há 3 meninas que não têm ASE (apoio social escolar) e que os outros 27 meninos e meninas da turma têm.
E que só descobriu isso porque lhe impediram, a ela e às duas coleguinhas, o acesso à cantina da escola.
Isto é, a cantina só pode ser utilizada pelos alunos que têm ASE.
Será mais uma medida de “racionalização”.
Com aspas, claro, porque será pouco racional o prejuízo que isto causa.
O prejuízo é difícil de contabilizar, mas é muito fácil de explicar: é que é uma discriminação explícita para os utilizadores da cantina; são imediatamente denunciados como beneficiários do ASE.
Antigamente, os meninos e meninas do ASE levantavam as suas senhas e todos iam, com senhas iguais, umas pagas e outras não, almoçar à cantina.
Agora não.
Como se diz quando se têm estas idades, é muito feio.
Ou como se diz em matemática, é aumentar o coeficiente de Gini.

PS - Apenas para completar a informação, esclareço que o uso da cantina por alunos sem ASE só é interditado nos dias em que o horário dos alunos não cobre a hora de almoço; isto é, se as aulas começam às 13:30 já não podem frequentar a cantina; se as aulas começarem às 9:00 e acabarem às 14:00, já podem. Será mais uma consequencia do preço da refeição ser muito inferior ao seu custo de produção. Mas não é isso que está em causa; o que está em causa é a humilhação que decorre da discriminação evidenciada.

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