Ferreira Fernandes, cronista no DN, leiam bem as suas
crónicas, , com calma quando caso disso, escreveu uma, há muitos anos,
felizmente muitos, sobre a guerra civil em Angola.
Pode ser que tenha escandalizado almas piedosas ou perfeitas
de espírito, mas dizia que o que mais o impressionara no cenário de guerra foi
ver uma burra sofrendo junto do cadáver do seu burrito morto por uma mina.
Na verdade, a estupidez e a ignomínia infinitas da guerra, a
incapacidade de alguns fanáticos ou fundamentalistas com acesso a armas se
adaptarem à evolução da espécie no sentido do bem estar, possibilitam isso, a prevalência
da imagem dum pormenor sobre o conjunto.
Assim este blogue, talvez por solidariedade com o técnico
que serenamente explicava ao repórter de TV
que a sua central elétrica, a única da cidade de Gaza, alimentava
hospitais e escolas, e mesmo assim apenas 3 horas por dia, estava agora destruída,
e os seus tanque de combustível a arder.
Escrevo solidariedade com um técnico porque continuo com a
frase de um colega francês de há muito anos, mas bem viva: “nós, técnicos de
vários países, fazemos mais pela compreensão entre os povos do que os políticos
e os generais, porque trabalhamos para o seu bem estar”.
A imagem da central elétrica destruída sobrepõe-se no
meu cérebro ao horror das crianças mortas e mutiladas, muitas na praia, nas
ruas, em escolas, longe de depósitos de
armamento dos fanáticos e fundamentalistas do Hamas.
Ninguém acredita que houvesse depósitos de armas ou munições
junto dos tanques de combustível da central elétrica da cidade de Gaza, pois
não?
Algum general israelita, fanático e fundamentalista, terá
dito, temos de destruir a fonte de
energia deles, é um objetivo estratégico.
E com esta ideia boçal reconstituia da forma mais fundamentalista
porque é a letra da Bíblia, a ordem cumprida
de Josué, destrui todos os habitantes de Jericó. Incapazes, os políticos e os
generais, de entenderem que a espécie humana,
para sobreviver, tem de se adaptar à paz e á não violencia.
Deixem-se de desculpas, a dos escudos humanos desaparece no
meio dos mortos inocentes e da raiva dos palestinianos que queriam trabalhar,
mesmo em solo israelita, e agora não podem.
Claro que os fanáticos do Hamas não têm o direito de disparar rockets e mísseis que matam civis, mas contra isso há mediações e negociações e
planos de paz, não violência.
A avó de quem escreve
este blogue tinha Silva no apelido, o que numa região rural indiciava
antepassados judaicos.
Tal como Eisenhower ao pisar solo alemão, também digo, tenho
vergonha do que descendentes de antepassados comuns tenham feito isto.
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