sábado, 19 de julho de 2014

A música contra a guerra

Espreitando o canal mezzo surpreendo-me com o concerto do trompetista Nicholas Payton com a orquestra sinfónica de Basileia.
Trompetista de jazz, natural de New Orleans, interpretava uma versão de Miles Davis do concerto de Aranjuez, que Joaquin Rodrigo compôs para guitarra e orquestra.
 Não sou grande apreciador de musica de jazz, mas fiquei encantado com a musicalidade do intérprete.
Tocou depois uma versão de Bill Evans, do Amor brujo, de Manuel de Falla e outras peças que fazem parte do seu disco Sketchs of Spain:
http://www.cdbaby.com/cd/nicholaspayton2

Como diz a inscrição na estação Parque, “c’etait par la musique que l’indiscipline commença”, que a humanidade tomou uma pequena consciência do mistério de existir , e de contrariar a disciplina paralisante.
A nota que sai do trompete parece não se sustentar, mas abraça a ideia do compositor em novas modulações.
E coisa curiosa, o trompetista, nas notas mais difíceis, franze os olhos com o mesmo gesto com Zeca Afonso emitia as notas decisivas.
Admiro, por ser desprovido dela, esta capacidade, chamada de ouvido absoluto, de dominar a altura (ou frequencia) das notas, e de brincar com as suas flutuações.
De New Orleans a Espanha, o entendimento entre os humanos.
Enquanto doidos fundamentalistas, fanáticos, ignorantes e prepotentes impõem a violência.
Gandhi sabia que a sua não violência estaria associada à morte e sofrimento de muitos dos seus. Mas a não violência é mais forte.
Mandela quando teve o poder soube não o utilizar para vinganças ou para aplicar a pena bíblica de Talião (na verdade anterior à Biblia, mas nem por isso deixa de ser uma aplicação fanática e fundamentalista).
Duvido que os senhores presidentes dos países mais poderosos compreendam as propostas de Gandhi e de Mandela. Muito menos os senhores da guerra, sempre tribais, quer como no Sudão ou Nigéria, Siria ou Libia, ou entre falantes de línguas tão próximas como o russo e o ucraniano, ou o árabe e o judaico.
Como dizia um israelita a um repórter que foi ouvir os dois lados, não há outra hipótese, os dois lados têm de chegar a acordo, infelizmente só parece poder ser no tempo dos meus netos, enquanto o seu vizinho palestiano se lamentava, eu tinha trabalho, se não fosse a guerra, somos irmãos dum lado e doutro.
Este blogue apenas pode manifestar a sua impotência, mas fá-lo exprimindo-se contra a violência, o fanatismo, o fundamentalismo, a prepotência dos governos e dos seus serventuários que impõem as suas ideias de domínio.

Viva a música.

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