Espreitando o canal mezzo surpreendo-me com o concerto do trompetista
Nicholas Payton com a orquestra sinfónica de Basileia.
Trompetista de jazz, natural de New Orleans, interpretava
uma versão de Miles Davis do concerto de Aranjuez, que Joaquin Rodrigo compôs
para guitarra e orquestra.
Não sou grande
apreciador de musica de jazz, mas fiquei encantado com a musicalidade do
intérprete.
Tocou depois uma versão de Bill Evans, do Amor brujo, de
Manuel de Falla e outras peças que fazem parte do seu disco Sketchs of Spain:
http://www.cdbaby.com/cd/nicholaspayton2
Como diz a inscrição na estação Parque, “c’etait par la
musique que l’indiscipline commença”, que a humanidade tomou uma pequena consciência
do mistério de existir , e de contrariar a disciplina paralisante.
A nota que sai do trompete parece não se sustentar, mas
abraça a ideia do compositor em novas modulações.
E coisa curiosa, o trompetista, nas notas mais difíceis,
franze os olhos com o mesmo gesto com Zeca Afonso emitia as notas decisivas.
Admiro, por ser desprovido dela, esta capacidade, chamada de
ouvido absoluto, de dominar a altura (ou frequencia) das notas, e de brincar
com as suas flutuações.
De New Orleans a Espanha, o entendimento entre os humanos.
Enquanto doidos fundamentalistas, fanáticos, ignorantes e
prepotentes impõem a violência.
Gandhi sabia que a sua não violência estaria associada à
morte e sofrimento de muitos dos seus. Mas a não violência é mais forte.
Mandela quando teve o poder soube não o utilizar para
vinganças ou para aplicar a pena bíblica de Talião (na verdade anterior à
Biblia, mas nem por isso deixa de ser uma aplicação fanática e fundamentalista).
Duvido que os senhores presidentes dos países mais poderosos
compreendam as propostas de Gandhi e de Mandela. Muito menos os senhores da
guerra, sempre tribais, quer como no Sudão ou Nigéria, Siria ou Libia, ou entre
falantes de línguas tão próximas como o russo e o ucraniano, ou o árabe e o
judaico.
Como dizia um israelita a um repórter que foi ouvir os dois
lados, não há outra hipótese, os dois lados têm de chegar a acordo,
infelizmente só parece poder ser no tempo dos meus netos, enquanto o seu
vizinho palestiano se lamentava, eu tinha trabalho, se não fosse a guerra,
somos irmãos dum lado e doutro.
Este blogue apenas pode manifestar a sua impotência, mas
fá-lo exprimindo-se contra a violência, o fanatismo, o fundamentalismo, a prepotência
dos governos e dos seus serventuários que impõem as suas ideias de domínio.
Viva a música.
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