terça-feira, 14 de setembro de 2021

Programa Sociedade civil da RTP2 de 13set2021 sobre sinistralidade rodoviária

Comentário ao programa da Sociedade Civil da RTP2 sobre sinistralidade rodoviária de 13 de setembro de 2021       https://www.rtp.pt/play/p8271/e567194/sociedade-civil 


Caro Luis Castro

Felicito-o pela oportunidade e qualidade das intervenções no programa. Trata-se de verdadeiro serviço público.
No entanto, observo que o valor de 167 dado no programa para o número de vítimas mortais em 2020, refere-se apenas ao primeiro semestre do ano, de janeiro a junho de 2020 conforme o relatório da ANSR de junho de 2021 (em que o número de vítimas mortais no 1º semestre de 2021 foi de 140. Isto é, o número de vítimas mortais em 2020 foi, segundo o relatório da ANSR para 2020, 390  (números pra o continente) .  Dado que estes valores se referem a vítimas a 24 horas haverá que agravá-los cerca de 30% o que dará cerca de 500 vítimas mortais em 2020 e 180 no 1º semestre de 2021.
Embora haja efetivamente uma diminuição, estamos longe dela se fazer com eficiência. Por exemplo, em 2018 o número de vítimas mortais foi superior ao de 2013. 

Segundo o relatório de 2020 da DG MOVE da Comissão Europeia, a posição de Portugal na sinistralidade rodoviária na EU-27 é em 22º lugar com 68 vítimas mortais por ano por milhão de habitantes (média da EU-27, 52) ou 19º lugar com 7,2 vítimas mortais por ano por mil milhões de passageiros-km (média da EU-27,  5,4) .


Estes números revelam que haverá demasiado otimismo na análise feita e a necessidade de campanhas eficazes de redução da sinistralidade, sendo certo que a própria EU necessita de melhorar os seus números. A considerar ainda a gravidade das consequências dos acidentes para os utilizadores vulneráveis (peões e ciclistas - 3 mortes de ciclistas na AML nos últimos 3 meses).


Tal como referido no programa, os principais problemas são a velocidade e o contexto cultural que desvaloriza o risco. Só será possível a visão zero com o cumprimento rigoroso dos limites de velocidade, o que a maioria dos condutores não quer fazer nem deixar que os outros cumpram (exemplo do radar na Av.Marechal Gomes da Costa, sou sistemáticamente ultrapassado por condutores irados quando reduzo para  50 km/h na rampa antecedente.

Faz falta como referido no programa uma campanha de sensibilização nos meios de comunicação social, mas impõe-se que as imagens apresentadas sejam as dos comportamentos positivos (não mostrar condutores a falar ao telemóvel porque subconscientemente conduz à aceitação da ação, nem imagens de acidentes, porque "isso só acontece aos outros e eu sou muito bom condutor").


Junto duas ligações onde o tema da sinistralidade rodoviária é tratado, inclusive com destaque para o ciclismo :




https://fcsseratostenes.blogspot.com/2021/09/nao-senhor-primeiro-ministro-discutir.html  



Com os melhores cumprimentos

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