quarta-feira, 27 de março de 2024

Queda da ponte de Baltimore em 26mar2024 por colisão de navio

Condolências às famílias das vítimas


 Artigo referido:

https://observador.pt/2024/03/26/pontes-como-25-de-abril-ou-vasco-da-gama-nao-resistiriam-a-embate-como-o-de-baltimore-nao-ha-hipotese-nenhuma-defende-especialista/


Artigo muito bem fundamentado nas entrevistas, de que destaco os cuidados a ter do representante dos pilotos. Nunca podendo garantir-se a segurança a 100% não deveremos entrar em pânico mas continuar com as corretas rotinas de monitorização e manutenção, e estudar medidas de redução das dimensões dos navios que entram no Tejo e o reforço e aumento dos maciços dos pilares das pontes (no caso de Baltimore, a proa do navio, muito pronunciada relativamente ao casco na linha de água, pode ter atingido diretamente o pilar, aliás subdimensionado para este tipo de navios, em forma de pórtico assente em 2 Vs invertidos e com maciço reduzido).

Como pode ver-se no video e o registo divulgado pelo NTSB confirma, o navio teve duas falhas de energia e logo a seguir à primeira o fumo que se vê no vídeo indicia que o motor foi colocado em marcha à ré o que, juntamente com a falta de controle do leme, impulsionou a popa para o bombordo (lado esquerdo), provocando a viragem para estibordo (lado direito) em rota diretamente sobre o pilar. Trata-se de fenómeno designado em inglês por propeller walk (https://en.wikipedia.org/wiki/Propeller_walk) ou pressão sobre a popa do turbilhão da corrente de água gerada pela rotação da hélice e ainda pela reação em sentido contrário ao da rotação da hélice como acontece nos helicopteros que necessitam de uma pequena hélice para anular o efeito. É  uma hipótese credível, se não tivessem acionado a marcha à ré, possivelmente o rumo correto ter-se-ia mantido e haveria tempo para lançar uma ancora. O registo audio confirmou a ordem de lançamento da âncora antes da colisão.

Navios deste tipo deviam ter duas hélices de eixos paralelos e não uma , sistemas redundantes de energia e hélices azimutais para melhorar a manobra, mas razões económicas ditam a poupança e o aumento da tonelagem. Veja-se o caso dos petroleiros de um casco só, a organização internacional levou anos para obrigar ao casco duplo. O vão da ponte de Baltimore tinha 360 m (a P25 de abril tem 1000 m e a PVG 420m) e os pilares deveriam  estar protegido por maciços significativos (apenas tem pequenas balizas com a agravante de ter ao lado pilares de uma linha de transmissão de eletricidade). Não ajudou o navio ter saído do porto às 0.44 sendo a maré baixa às 2.11 (colisão aos 1.28.44) 

O navio envolvido tinha capacidade para 10000 TEU e 300m de comprimento. Quando a ponte foi construída, 1977, os maiores navios eram para 2500TEU e comprimento 215m. Em 2013  18000 TEU e 400m.  Em 1980 a ponte de Baltimore foi também abalroada por um porta contentores mas de dimensão menor. Nesse mesmo ano a ponte Sunshine na Florida não aguentou o embate num dos pilares.

O porto de Lisboa para crescer necessita de um novo cais de águas profundas entre a Cova do Vapor e o Bugio. Não o construir implica prosseguir o assoreamento da foz do Tejo e o contínuo desperdício das areias da Caparica. Implica também correr riscos se se insistir na admissão de navios grandes. No caso dos grandes cruzeiros com a agravante de, em caso de avaria do sistemas de energia o estabilizador que compensa o exagero de altura fica fora de serviço por falta de redundância.



 Informação relacionada:

https://www.youtube.com/watch?v=wEkRjlSgIIQ

https://expresso.pt/internacional/eua/2024-03-26-Desmoronamento-da-ponte-em-Baltimore-nos-Estados-Unidos-falha-tecnica-no-navio-demasiada-carga-ou-escassez-de-recursos-tecnicos--bc52d164?utm_content=O+chumbo+de+Aguiar-Branco%2C+a+queda+da+ponte+e+os+fundos+do+Maestro&utm_medium=newsletter&utm_source=expresso-edd&utm_campaign=165e14e221 https://expresso.pt/internacional/eua/2024-03-26-EUA-ponte-em-Baltimore-desaba-apos-colisao-de-navio-varios-carros-cairam-para-o-rio-e-ha-20-desaparecidos-com-video-be580592


pilares do vão principal em forma de pórtico assente em dois Vs invertidos e reduzido maciço






https://interestingengineering.com/culture/baltimore-bridge-collapse-pictures-satellite?utm_source=theblueprintbyie.beehiiv.com&utm_medium=newsletter&utm_campaign=satellites-snap-baltimore-bridge-crash-implantable-batteries-europe-s-hyperloop




PS em 28mar2024 - Feitas umas contas em cima do joelho, que talvez possam ajudar a discutir convenientemente a resistência dos maciços e dos pilares à colisão, considerei 150.000 toneladas à velocidade de 8 nós (15km/h ou 4m/s):  
energia cinética na colisão                                          1200 MJ <> 300kgTNT
potencia envolvida durante uma colisão de 20s                                    60 MW
força de impacto durante 30m até à imobilização                              4000 ton 





Balizas de proteção (dolphins):

fita de tempo:


PS em 30mar2024 - Salvo melhor opinião, sem querer alarmar mas como análise de riscos, no caso da ponte 25 de abril,  e também sem pôr em causa o trabalho dos pilotos da barra (a causa principal do acidente de Baltimore foi a perda de energia do navio) parece-me que ou se reforça com para-choques resistentes os pilares da ponte ou se limita a tonelagem dos navios que entram no porto de Lisboa. Não o fazer é assumir o risco (produto da probabilidade de ocorrência pelo grau de gravidade das consequências) .


Abertura de canais temporários de recurso e petição da empresa proprietária ignorando as avarias dos manómetros desde o Chile, a intervenção nas máquinas no porto de Baltimore e a manobra de marcha à ré após o retorno da energia 

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