quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Jaume d’Urgell e Ludna Ahmed Hussein

Com a devida vénia àqueles autores que desenvolvem histórias aparentemente sem relação umas com as outras, simultaneamente em partes diferentes do planeta, pergunto: o que têm de comum Jaume d’Urgell , informático catalão, e Ludna Ahmed Hussein, jornalista sudanesa?
Resposta: multas que não pagaram.
Jaume foi multado por hastear uma bandeira republicana em Espanha. Para quem se tenha esquecido, eu recordo que a Republica espanhola saída das eleições de Fevereiro de 1936 foi interrompida por uma sublevação militar e ainda não foi reposta, apesar da realização periódica em Espanha de eleições democráticas.
Ludna foi multada por usar calças em lugares públicos no Sudão, onde os clérigos que pontificam nas exegeses do Corão definiram, por seu exclusivo critério, uma vez que o Corão é omisso na definição da indumentária, que era indecente usar calças. Para quem se tenha esquecido, o problema de algumas correntes da religião muçulmana é que aparecem uns senhores que desenvolveram doutrina que não está no Corão nem na prática do Profeta, como sendo a vontade de Alá (são as sunas). Quer-me parecer que se Alá quisesse que as pessoas não tivessem dúvidas tinha posto no Corão, não era? Mas este é o problema teológico- linguístico de qual a língua em que se exprime uma divindade, porque uma língua pode ainda não ter desenvolvido um étimo para uma coisa concreta.
Jaume está hoje a ser julgado. Votos de que o juiz tenha juízo. Jaume continuará a chamar a atenção dos seus concidadãos para que nalguns países europeus há uma inconformidade grave à qual a nossa indulgência fecha os olhos: alguns cargos públicos (rei, príncipe) são ocupados por hereditariedade, contrariando o princípio da igualdade perante a lei e da natureza electiva dos cargos públicos. Se não conseguimos resolver o assunto pelo debate público, então façam o favor, as famílias reais, de passar a incluir nos seus membros alguns republicanos, para ver se escusamos de nos preocupar com este assunto. Salud y Republica, Jaume.
Ludna já foi julgada e libertada. Apesar de tudo, há juízes no Sudão, e o debate teológico acaba por ser possível, o que é uma verdadeira esperança. Baraka lao fik (que as bênçãos do céu desçam sobre ti e os teus descendentes), Ludna.

3 comentários:

  1. Jaume morrer logo e não vai ser agradável, não lento.

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  2. Caro Anónimo

    هو ليس هذا أنّ النبي يريد. قسم فقط يستطيع قرّرت من الحياة من واحد ما

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  3. Caro Anónimo

    Eu traduzo:

    não é isso que o Profeta quer. Só Alá pode decidir da vida de alguem

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