segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Rodoviarium VII – Outra vez o excesso de velocidade

Hoje, dia 28 de Setembro, duas notícias impressionantes:
- morte de 3 bombeiros em despiste num viaduto de auto-estrada quando acorriam a um incêndio;
- morte de 3 pessoas na barra de S.Jacinto/Aveiro em colisão de 2 lanchas de boca aberta (sem cabina) em situação de pouca visibilidade (madrugada e nevoeiro)
Dificilmente se poderá compreender ambos os acidentes sem o recorrente “excesso de velocidade” (vivemos num país de "porreirismo" e surgirão as testemunhas que viram pneus a rebentar antes do acidente, ou que a lancha seguia devagar e as mortes foram por traumatismo e não por afogamento - a implacável definição de "velocidade excessiva" ainda aqui seria aplicável, porque se a probabilidade de ocorrência do rebentamento de um pneu é grande, a velocidade adoptada em cada instante deverá ter isso em conta para minimizar as consequências do acidente - porque essas justificações servem de consolo, parece dificil de aceitar mas servem, é o nosso cérebro em busca de explicações para o que não quer aceitar, no fundo com o objectivo de acabar por aceitar a tragédia).
No primeiro caso, “justificado” pelo incêndio que se pretendia combater e por um “rebentamento de pneu”. No segundo, pelo nevoeiro (em náutica, a diminuição da visibilidade implica a redução da velocidade e o uso de sinais sonoros). Escrevo “justificado” porque isso parece servir de algum consolo, no meio da tragédia. Como se fosse uma intervenção de um deus grego sádico contra o qual o homem nada pode.
Não, apesar da força do deus grego sádico, o homem pode alguma coisa: a viatura de bombeiros que se despistou era um auto-tanque e os auto-tanques não devem, em circunstancia alguma, ultrapassar os 80 km/h, por mais urgente que seja o combate ao fogo.
No caso da colisão em Aveiro, o homem também pode alguma coisa. Pode aplicar uma das regras de ouro da náutica: neste tipo de embarcações, os passageiros devem usar colete de segurança, para evitar o afogamento após queda à água, como foi o caso. Pode reduzir a velocidade em caso de nevoeiro…
Mas nós, a maioria dos portugueses, achamos que estamos acima das regras.
Cumprir os 80 km/h ou vestir o colete de segurança é, para a maioria, uma prova de falta de confiança.
E quem cumpre a regra é olhado pela maioria com desconfiança.
Por razões turísticas, circulam nos canais embarcações com 20 ou mais passageiros. Deviam trazer os coletes vestidos. Mas não é prático…
Só posso insistir no cumprimento das regras. Chamando a atenção para que os pescadores e os profissionais do mar devem ter aproveitamento nos cursos de segurança, de comunicações e de habilitações (duvido muito que a maioria tenha, pela amostra que testemunhei nos cursos de náutica que frequentei) , que devem usar colete, devem usar rádios VHF, balizas de socorro, etc…e que os profissionais que andam nas estrada cumpram os limites…

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