domingo, 21 de novembro de 2010

O museu da musica

As senhoras dos senhores da cimeira foram conduzidas, num programa para acompanhantes, pela senhora ministra da Cultura.
Que as levou a uma demonstração equestre no museu dos Coches.
Pois claro, que é o que a cultura em Portugal tem para mostrar aos turistas, veja-se a prioridade dada ao Museu dos Coches na construção do novo edifício em Belém (“Deus sabe o que nos custou para que hoje estejamos aqui a lançar a primeira pedra”, disse o senhor primeiro ministro, invocando a suprema divindade como testemunha dos seus esforços e sacrifícios pela cultura, já há mais de um ano).
Talvez que Ricardo Pais achasse também aqui bem aplicado o adjetivo “frívola”, se aplicado à escolha.
E talvez achasse a classificação extensível à decisão de transferir o museu da Musica da estação de metro do Alto dos Moinhos para Évora, em 2014.
Antigamente criavam-se extensões dos museus, ou pólos regionais.
Agora parece que é bom transferir o museu todo.
Pena, perder o metropolitano de Lisboa esta infraestrutura cultural, que atraía muitas crianças através das escolas.
Pena não poder o Metropolitano aproveitar a volumetria das suas infraestruturas, resultante dos processos de escavação das estações, para atividades culturais.
Poder-se-ia pensar que vinha mesmo a propósito o fim do protocolo do metropolitano com o ministério da Cultura, em 2014, para ampliar o museu da musica, por exemplo no grande espaço da estação Amadora Este, onde se realizavam os festivais de banda desenhada.
Pena, mesmo, apagado e triste, com dizia Luís Vaz, este facto , talvez irreversivel, em consumação pelo ministério da cultura.
Não por causa de limitações de orçamento, mas por questões de opção.
São mais as opções do ministério da cultura e a forma não participada com que são tomadas que chocam os cidadãos como Ricardo Pais ou como eu.
E talvez não fosse difícil se nos entendêssemos sobre os conceitos.
Como disse Eduardo Lourenço, cultura é o que fica depois de nos libertarmos das necessidades imediatas da subsistência.
Então aceitemos isso, como no caso daquele concerto na Casa da Musica, em que o bilhete para o concerto propriamente dito custou 11 euros, mas se tivesse o jantar incluído custava 30 euros.
Talvez que, associando a restauração aos museus e às contribuições de apoiantes particulares, o museu da musica pudesse ficar numa ou duas estações de metropolitano, sem prejuízo de extensões em capitais de província.
Talvez.

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