quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Engenheiro António Gameiro

Este blogue deixa aqui uma mensagem de saudade pelo engenheiro António Gameiro, técnico que foi do metropolitano de Lisboa, recentemente falecido.
Principal colaborador do engenheiro Brazão Farinha e depois seu sucessor na direção de projetos e obras novas.
De um rigor extremo na execução e acompanhamento das obras, não ficou de braços cruzados no longo período, de 1972 a 1988, em que a rede do metro não cresceu. Construiu-se a galeria de Alvalade até Calvanas, que serviu de garagem durante estes anos,  e remodelaram-se as estações originais, com capacidade apenas para comboios de duas carruagens, para comboios de seis carruagens.
Fiquei a dever-lhe o prazer e a honra de ter encontrado com ele e os nossos colaboradores, soluções para a instalação de equipamentos e para as suas cablagens na passagem, em 1980,  da rede fechada de acessos controlados por agentes em cabinas de bilheteiras, para a rede aberta com obliteradores sem torniquetes (solução sempre mais económica do que uma solução fechada, dependente evidentemente da efetivação de fiscalização).
Era um entusiasta do seu metropolitano, com a grande preocupação de construir, como manda o ideal dos engenheiros, transformar matéria e energia para servir o bem comum. E com o seu entusiasmo, tinha sempre de lhe dizer que não dissesse aos senhores da administração que a estação já estava pronta, sem que desse tempo para instalarmos os equipamentos.
Gostaria que os jovens técnicos que o não conheceram, saibam aproveitar o atual momento em que tambem parece não ser possivel aumentar a rede do metro, para construir as melhorias possiveis, e preparar os projetos para as expansões futuras, porque os metros existem para economizar na energia dos transportes e para servir as populações e a economia.

3 comentários:

  1. Bom Técnico, bom Homem, bom Colega.
    E não o escrevo pelo facto de ter falecido.
    Procurou sempre as melhores soluções com os custos controlados e todas as quantidades verificadas.
    Rigor e disciplina que colocou na prestação do seu Serviço.
    Numa época em que se fazia Escola de Engenharia no Metropolitano de Lisboa, quer na área de Projecto quer na área da execução.
    Gostaria de não ter que dizer:
    "E tudo o vento levou"

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  2. Não vai, certamente, dizer "E tudo o vento levou".
    Até porque o título não traduz bem o original, "Gone with the wind". Nenhum vento consegue levar tudo, e da escola de engenharia alguma coisa ficou. Além disso, há muita gente boa e nova no metropolitano, que só precisa de outras condições e de outros métodos de organização para conseguir melhores resultados do que a geração senior. A austeridade fundamentalista tambem não ajuda, e conceitos na verdade incompativeis com os critérios da tal "escola de engenharia", ao longo de anos e anos, no projeto, na manutenção, na execução, na coordenação integrada, têm impedido que dessa gente nova se retirasse o que podiam dar (e que repito, até pode ser mais do que a geração senior deu). Vamos ver como as coisas evoluem.

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  3. Guardo com saudade os contactos profissionais com o Eng.º António Gameiro no papel de director de produção de uma pequena empresa de construção civil que executou numerosas obras de refrescamento das estações do rede do Metro, nos anos 80; mais tarde, em 98, algumas obras mais técnicas relacionadas com a expansão da rede (Linha vermelha) em direcção à EXPO. Foi sempre um representante do Cliente com quem se aprendia mais alguma coisa; rigoroso, mas simpático e colaborante quando baste.
    António de Borja Araújo, Eng.º Civil IST.

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