sábado, 15 de abril de 2017

A paz

Quantas vezes terão as balas de canhão de voar, antes de serem banidas para sempre?
Imaginem que não há nada nem ninguém por quem matar ou por quem morrer, nem nenhuma religião, também. Imaginem  todos a viver em paz.


Imaginem a ONU a adotar oficialmente e a divulgar a mensagem de não violencia, de tolerância, de ausência de vingança, de pacifismo, de Gandhi, de Mandela, de Garry Davis.

Para além da violência e das falsas justificações das guerras, temos ainda a viol~encia das sociedades desestruturadas.
Podemos dizer que o sistema político, económico e financeiro falhou. E só pode melhorr depois de reconhecer que falhou.
Junto fotos no DN de 14 de abril de 2017. Em Los Angeles gerou-se um grupo mafioso com imigrantes vindos de S.Salvador. Sequestram para obter resgates e matam, numa sociedade que se apresenta como das mais ricas do mundo. No Rio de Janeiro a polícia mata e morre. 4,4% dos polícias , relativamente ao total de 90 mil nos últimos 20 anos, morreram em serviço, mas também matam.

Existe no cérebro humano , possivelmente nas areas da sobrevivencia, uma tendencia para a violencia, que deriva de insegurança e que leva os grupos a formarem-se, em tribos, em fações, em partidos, em clube, em exércitos, em empresas e em grupos económicos e financeiros, e a exercer violenciasobre os outros grupos, com medo de serem por eles dominados. Criaram-se as religiões para isso. Por um lado recriam a capacidade de efabulação da criança, de pois servem para reforçar o espírito de corpo, de normalização, de integração no grupo. A eles por Santiago, de um lado, morte aos infieis do outro. A divindade a comandar o extermínio do adversário, desde o massacre de Jericó pelo povo eleito à colonização e escravização impostas pela cultura ocidental.

Por isso são um paradoxo, as mensagens de paz das religiões. O deus cristão nessa música maravilhosa de Arvo Parts é requisitado para lutar por nós e assim nos dar a paz. Ora, como Clausewitz explicou, a guerra serve, continuando a ação da diplomacia quando não consegue atingir os seus fins pacificamente, para impor aos vencidos a paz e o que eles não queriam. Tal como o islão, cujo significado é simultaneamente paz e submissão, cujo profeta foi principalmente um chefe político e militar. Tal como a hipótese de Jesus Cristo, que recomendava aos seus discípulos que andassem armados com espadas, ter sido um chefe político de uma pequena fação zelota, como tal punível pela lei do ocupante romano.
Não admira assim que John Lennon tenha imaginado um mundo sem religiões, sem pretextos para o domínio político e económico de uns por outros.
Provavelmente isso só será possivel partindo do interior das próprias religiões, eliminando paulatinamente as cláusulas de agressão sobre os não crentes (começando por deixar de lhes chamar infiéis) em longos processos de preparação dos seus crentes e de transição sem grandes sobressaltos. Um excelente programa para a ONU, contanto que os seus dirigentes não se deixem dominar pelos ideais religiosos.
Mas será também, a extinção das religiões, provavelmente inevitável, por razões de sobrevivência para evitar a auto-destruição... razões que levem à proibição das balas de canhão, como cantou Bob Dylan...






"Blowin' In The Wind", Bob Dylan


How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
How many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
How many times must the cannon balls fly
Before they're forever banned?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.

How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
How many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
How many times can a man turn his head
And pretend that he just doesn't see?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.

How many times must a man look up
Before he can really see the sky?
How many ears must one person have
Before he can hear people cry?
How many deaths will it take 'til he knows
That too many people have died?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.

Imagine, John Lennon



Imagine there's no Heaven 
It's easy if you try 
No hell below us 
Above us only sky 
Imagine all the people 
Living for today 

Imagine there's no countries 
It isn't hard to do 
Nothing to kill or die for 
And no religion too 
Imagine all the people 
Living life in peace 

You may say that I'm a dreamer 
But I'm not the only one 
I hope someday you'll join us 
And the world will be as one 

Imagine no possessions 
I wonder if you can 
No need for greed or hunger 
A brotherhood of man 
Imagine all the people 
Sharing all the world 

You may say that I'm a dreamer 
But I'm not the only one 
I hope someday you'll join us 
And the world will live as one 



Imagina que o paraíso não existe
É fácil, basta tentar;
Que não há inferno
E que acima de nós só o céu
Imagina toda a gente 
A viver o seu dia a dia

Imagina que não há países
Não é difícil;
Que não há nada por que matar ou morrer
nem nenhuma religião, também.
Imagina todos 
A viver a vida em paz

Podes dizer que sou um sonhador
Mas não sou só eu;
Espero que um dia te juntes a nós 
e o mundo será aquele mundo 

Imagina não haver a posse
Gostaria,  se o conseguisses;
Não haver necessidade de ganância ou fome
Antes uma fraternidade humana.
Imagina todas as pessoas 
A partilhar todo o mundo.


Podes dizer que sou um sonhador
Mas não sou só eu;
Espero que um dia te juntes a nós 
e o mundo viverá unido




Da pacem domine, Arvo Part

Dá  a paz, senhor, no nosso tempo,
pois não há ninguém que lute por nós,
senão tu, nosso deus















Sem comentários:

Enviar um comentário