segunda-feira, 17 de abril de 2017

Aeroporto do Montijo III

Confesso que sou parte interessada na questão do aeroporto. Moro perto do aeroporto da Portela. Com nuvens baixas o ruido das descolagens vento sudoeste e da aproximação com vento norte é incomodativo. E há diretivas europeias, oportunamente derrogadas em Portugal, que o proibem. Mas não é só por mim, Os aviões sobrevoam 4 hospitais: CUF Infante Santo, Curry Cabral, Santa Maria e Julio de Matos. Mais uma vez, incumprimento das diretivas europeias e criação de exceções para tráfego noturno.
É razão suficiente para discordar da continuação do aeroporto da  Portela, embora possa discutir-se a validade do aumento da sua capacidade integrada num plano faseado de transferencia total em 8 anos para o campo de tiro de Alcochete. E não como aeroporto principal numa dupla com o Montijo, com o pretexto das companhias low cost precisarem de espaço para estacionamento na Portela. A capacidade atual da Portela está limitada a cerca de  38 movimentos por hora por falta de um sistema mais eficiente de controle aéreo, por falta de mangas para desembarque, e por falta de um taxiway que evite o atravessamento da pista principal depois das aterragens na pista maior (a 03-21). Estimam-se mais 400 milhões de euros para até 2021 se poderem atingir 48 movimentos por hora (36 milhões de passageiros por ano?) e poderem aterrar os A380. Para isso fecha-se a segunda pista da Portela, a 17-35, a única compatível com aterragens com nortadas. Entretanto, contrariamente ao que se diz, parece que na ANA não se esperam mais do que 8 movimentos por hora no Montijo durante muitos anos (ou talvez não queiram assustar com os custos do transporte de muitos passageiros do Montijo para Lisboa), esperando-se um custo total de 300 milhões mais a indemnização à Força Aérea (obrigatória porque há compromissos internacionais relativos ao salvamento marítimo) . Isto é, gastar-se-á o que for preciso na solução dual Portela mais Montijo para poupar a despesa da construção do aeroporto de raiz no campo de tiro de Alcochete.
Provavelmente, a verdadeira razão para isso será que ninguém quer mudar o seu local de trabalho na Portela, e os passageiros não se importam que os moradores e os internados naqueles hospitais sejam incomodados.
Isso é particularmente chocante no caso do Julio de Matos. A sua construção tinha sido decidida antes da decisão da localização da Portela. Esta , quando inaugurada, usava principalmente a pista 17-35, menos incomodativa do que a 03-21. Claro que houve apetites para transferir o hospital (é uma psicopatologia entre os decisores portugueses, deitar abaixo uma coisa que funciona e substitui-la por outra de raiz noutro local, quer se trate de hospitais, quer se trate de estádios de futebol) e isso deslustrou o governante e o arquiteto que se dispuseram a isso, felizmente infrutiferamente,
Eu sugiro, para o leitor formar uma opinião, que vá até lá, se sente numa das esplanadas com serviço de restaurante ou de cafetaria que por lá há, que se sinta ao mesmo tempo próximo dos doentes que lá são tratados, e que não são muito diferentes de nós, e que faça o seu juízo depois de ouvir e ver os aviões passarem (muito perto do enfiamento da pista 01-19 do aeroporto do Montijo temos o hospital do Barreiro).

aproximação sobrevoando o pavilhão de psicologia clínica
sobrevoando o pavilhão de altas vedações cercado, de psiquiatria forense
vê-se parte do telhado do edificio de psiquiatria forense
aproximação por um pequeno quadrireator de asa superior (para pistas curtas) sobre o pavilhão de psicologia clínica
Vejamos algumas fotos:
fotografia anterior a 1942;  notar o aglomerado do hospital Julio de Matos e o que parece uma terceira pista, de orientação sudeste-noroeste que não vingou









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