terça-feira, 19 de abril de 2022

O "metro" do Mondego em abril de 2022

 Recentes notícias na Transportes e Negócios e no Notícias de Coimbra, de que dou conta com a devida vénia, dão março de 2024 como nova data para entrada em serviço do sistema de mobilidade interno de Coimbra e de ligação a Lousã/Serpins com autocarros elétricos no canal da antiga ligação ferroviária.

Ao endereço de cada notícia junto a foto que a ilustra.

https://www.transportesenegocios.pt/metro-do-mondego-derrapa-para-2024/

Esta imagem tem desde há uns anos sido apresentada como um bom exemplo de BRT ou metrobus para preparar a opinião pública para o sistema a implementar em Coimbra. A imagem refere-se a um sistema na Austrália, com guiamento por roletes sujeitos às bermas verticais, diferente do que consta do caderno de encargos de Coimbra (guiamento ótico a partir de marcas no chão); também para Coimbra não está prevista via dupla.

https://www.noticiasdecoimbra.pt/metro-mondego-diz-que-ja-lancou-todos-os-concursos-para-por-sistema-em-servico/

Reconhece-se a dificuldade de implantação de um sistema urbano no acidentado de Coimbra. A solução metro subterrâneo seria muito cara, mas em certas zonas justificar-se-ia. Por exemplo no largo da Portagem deveria ser em túnel para não conflituar com o tráfego rodoviário, mesmo com tratamento preferencial nos semáforos. Na zona da fotografia (é uma boa ideia a aquisição dos prédios para proporcionar a passagem dos veículos, mas espera-se que sejam instaladas guardas para proteção dos peões), considerando a dignidade dos edifícios justificar-se-ia tambem o enterramento da linha entre a avenida Sá da Bandeira e a sul da avenida Fernão de Magalhães.





Segundo o processo de avaliação ambiental, a ideia de substituir a ligação ferroviária por autocarros elétricos foi aprovada em 2017 no seguimento de uma análise de custos benefícios negativa para a ferrovia (proposta com LRT. light rail transit).
Pessoalmente, tenho tido más experiencias com a participação em consulta públicas. 
É verdade que reproduzem nos relatórios as minhas objeções, desde a primeira consulta depois da adesão à UE que obriga a que se façam (foi o túnel do Marquês de Pombal, em que afirmei que devia ser reprovada uma proposta que não apresentasse alternativas para  comparação; o relatório confirmou, não tinham sido estudadas alternativas, mas não reprovou o projeto .
No caso da linha circular do metro de Lisboa, a todas as objeções foi respondido que estavam fora do âmbito do RECAPE (relatório de conformidade do projeto de execução). Dum ponto de vista de engenharia (e existe uma disciplina de engenharia do ambiente de cujo curriculo constam as físicas e as matemáticas que não deviam deixar concretizar o receio de Carl Sagan, de sermos uma geração que dispõe de recursos e de de meios extraordinários, mas que não sabe como funcionam) as questões físicas são relevantes, não podem ser desprezadas por critérios só ambientais numa visão restritiva.
Por exemplo, a opção entre uma solução ferroviária e uma solução rodoviária deve comparar a eficiência energética de uma e outra. É um critério essencial no contexto do combate às alterações climáticas. Ora, devido ao maior coeficiente de resistencia ao rolamento dos pneus em contacto com o asfalto ou cimento, em comparação com o rolamento da roda de ferro em contacto com o carril, existe um diferencial de consumo adicional por passageiro-km em benefício da ferrovia. Isso foi considerado na tal análise de custos benefícios? Não se sabe, e o relatório da comissão de avaliação, embora usando linguagem bem educada, também nada diz sobre esta questão essencial, limitando-se a dizer que a DIA apenas se referia à solução metrobus. O que é extraordinário.  Ao nível do governo escolhe-se, sem critérios técnicos de engenharia,  uma solução, e a avaliação ambiental não compara com alternativas?
Não esperarão que se diga que o procedimento é falacioso?
Também a resposta é omissa à questão, foi feita uma análise de riscos a uma eventual falha do guiamento ótico no percurso acidentado Coimbra-Serpins?
E quanto à desvalorização da estação Coimbra A  (por deixar de ter ferrovia, por deixar de ser possível apanhar nela o comboio para Aveiro, para a Figueira, para as Caldas da Rainha e ter de se apanhar o autocarro elétrico), a piedosa informação de que já é monumento classificado (dir-se-ia justamente por isso)
Ver a partir da página 75 os comentários de quem reclamou contra o projeto do metrobus e o que respondeu a comissão de avaliação:


Junto os sucessivos comentários desde 2008, com destaque para os dois primeiros, de janeiro de 202 e junho de 2017:

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/01/comentario-consulta-sobre-linha-do.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2017/06/lamento-pelo-metro-do-mondego-ou-com.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2021/01/financiamento-de-60-milhoes-aprovado.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2019/09/consulta-publica-sobre-o-metrobus-de.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2018/05/metro-do-mondego-vi.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2017/07/metro-do-mondego-v.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2012/06/what-happen-with-metro-do-mondego.html

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/08/o-metro-da-lousa.html


PS em 21abr2022 - O encerramento da estação Coimbra A é mis um exemplo da prepotencia dos decisores que repetem ad infinitum que suspender o processo é perder fundos comunitários (não é sempre verdade, se for atempadamente apresentado um projeto alternativo bem fundamentado as verbas são canalizadas para o novo projeto. Só que os decisores não reconhecem as inconformidades do processo decisório, desde ignorar decisões da Assembleia da República até argumentos técnicos como o de que a eficiencia energética do metrobus é inferior à do LRT devido à diferença dos coeficientes de resistencia ao rolamento, coisa que no meu tempo se estudava no liceu, no ano equivalente ao que é hoje o 8º ano. Particularmente dececionante a forma como o senhor presidente se refere ao novo centro intermodal para todos os transportes, uns convergentes e outros divergentes, o que permitiria supor que poderá ser diferente de zero o operador vetorial  "divergência", isto é, que poderiam ser gerados, ou absorvidos, no próprio centro, novos modos de transporte. E aguardemos se o intervalo de 5 minutos do metrobus entre Coimbra A e Coimbra B vai ser cumprido.

https://centrotv.sapo.pt/decisao-do-encerramento-da-estacao-nova-esta-tomada-e-nao-ha-volta-atras/





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